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Pesquisas encomendadas pelo próprio PT levam pânico ao partido, e Dilma foge de entrevista

É claro que os números das pesquisas eleitorais não dão motivos para o tucano Aécio Neves sorrir de satisfação. Mas, vá lá, ele pleiteia o poder federal, não o tem. No caso dos petistas, é diferente. O partido está em pânico e, creiam, não o vejo cometer erros tão brutais desde 1994, quando não percebeu […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h09 - Publicado em 3 set 2014, 07h21

É claro que os números das pesquisas eleitorais não dão motivos para o tucano Aécio Neves sorrir de satisfação. Mas, vá lá, ele pleiteia o poder federal, não o tem. No caso dos petistas, é diferente. O partido está em pânico e, creiam, não o vejo cometer erros tão brutais desde 1994, quando não percebeu a importância que tinha o fim da inflação para o povão e decidiu se opor ao Plano Real. Nesta terça à noite, o “Jornal da Globo” viu acontecer algo inédito desde 2002, quando teve início a prática: um presidenciável se negou a conceder uma entrevista previamente agendada. E a faltosa foi ninguém menos do que Dilma Rousseff, do PT, presidente da República e candidata à reeleição. O que ela alegou? Nada! Simplesmente mandou dizer que não haveria entrevista.

Além de ser um tanto desrespeitoso com o trabalho da imprensa, isso demonstra o desespero que toma conta da campanha de Dilma desde que Marina Silva, do PSB, deu iniciou à sua meteórica ascensão, depois da morte de Eduardo Campos. Se a disputa com Aécio já vinha se afigurando crescentemente difícil para Dilma, o confronto com Marina, caso se desse hoje, a tiraria do trono. A petista viu a candidata do PSB tomar do tucano o segundo lugar, encostar nela no primeiro turno, vencê-la no segundo e, agora, dados os levantamentos feitos pelo próprio Planalto, a ex-senadora já lidera a corrida também na etapa inicial.

Nesta segunda, depois do debate promovido pela Jovem Pan, Folha, UOL e SBT, o comando da campanha se reuniu com a presidente, e todos se dedicaram ao patético exercício do autoengano. O consenso foi que Dilma se saiu bem no confronto. Errado. Foi a pior dos três grandes. Aécio jogou melhor, mas quem venceu foi mesmo Marina porque polarizou com Dilma e passou a impressão de dar a palavra final. A petista estava tensa, com os ombros arqueados, semblante fechado, demonstrando contida irritação. Marina batia duro, afetando aquele estado de nirvana. Como atriz, ela também supera a sua oponente.

Nesta terça, dia em que Dilma deveria conceder a entrevista aos jornalistas William Waack e Christiane Pelajo, o Ibope divulgou o resultado da pesquisa para a eleição presidencial em dois colégios privilegiados. Até a semana passada, Dilma liderava no Rio, com 38% a 30% contra Marina; Aécio tinha 11%. A estarem certos os números, o tucano manteve o mesmo percentual, mas a petista é agora derrotada por 38% a 32%. Ou por outra: Dilma perdeu oito pontos, e Marina ganhou 6 — uma mexida de 14 pontos em sete dias. Em São Paulo, a distância seria bem maior: a ex-senadora saltou de 35% para 39%, e a presidente manteve os 23%. O senador mineiro oscilou de 19% para 17%.

Aguardam-se para esta quarta os números nacionais do Ibope. Certamente, vem uma ducha de água fria na cabeça de Dilma, num momento em que o petismo tenta respirar, em esforço concentrado para desconstruir Marina. Mais uma vez, o PT resolveu tirar a causa gay do armário para demonizar adversários. O esforço pode ser contraproducente.

Dilma e o PT passaram pelo vexame de ver as perguntas no ar sem resposta. Abaixo, eu as reproduzo:

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1. Os últimos índices oficiais de crescimento indicam que o país entrou em recessão técnica. A senhora ainda insiste em culpar a crise internacional, mesmo diante do fato de que muitos países comparáveis ao nosso estão crescendo mais?

2. A senhora continuará a represar os preços da gasolina e do diesel artificialmente para segurar a inflação, com prejuízo para a Petrobras?

3. A forma como é feita a contabilidade dos gastos públicos no Brasil, no seu governo, tem sido criticada por economistas, dentro e fora do país, e apontada como fator de quebra de confiança. Como a senhora responde a isso?

4. A senhora prometeu investir R$ 34 bilhões em saneamento básico e abastecimento de água até o fim do mandato. No fim do ano passado, tinha investido menos da metade, segundo o Ministério das Cidades. O que deu errado?

5. Em 2002, o então candidato Lula prometeu erradicar o analfabetismo, mas não conseguiu. Em 2010, foi a vez de a senhora, em campanha, fazer a mesma promessa. Mas foi durante o seu mandato que o índice aumentou pela primeira vez, depois de 15 anos. Por quê?

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6. A senhora considera correto dar dentes postiços para uma cidadã pobre, um pouco antes de ser feita com ela uma gravação do seu programa eleitoral de televisão?

É claro que a entrevista não se resumiria a isso porque estava prevista a intervenção dos jornalistas para aclarar eventuais ambiguidades ou apontar contradições.

Na segunda, a entrevistada foi Marina Silva. Nesta quarta, será a vez de Aécio Neves. O PT não sabe mais o que fazer.

Texto publicado originalmente às 2h57

 

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