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Pesquisas 4 – Análise

Hoje é dia 15. Há uma semana, saiu a pesquisa Datafolha, indicando mais ou menos a mesma coisa, tanto em relação à popularidade de Lula como à liderança de Serra na pesquisa eleitoral. Reproduzo abaixo a análise que fiz no dia 8. Nada mudou. Aliás, parece que nada mudou também quanto à disposição de setores […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 18h25 - Publicado em 15 dez 2008, 16h52
Hoje é dia 15. Há uma semana, saiu a pesquisa Datafolha, indicando mais ou menos a mesma coisa, tanto em relação à popularidade de Lula como à liderança de Serra na pesquisa eleitoral. Reproduzo abaixo a análise que fiz no dia 8. Nada mudou. Aliás, parece que nada mudou também quanto à disposição de setores do tucanato de dar um tiro no pé. Algumas coisas no Brasil são antigas. E outras são ainda mais antigas…
SEGUEM AS INFORMAÇÕES DO DATAFOLHA NO DIA 8 E A ANÁLISE, VÁLIDA AGORA
*
Na Folha. Comento em seguida:
O governador paulista José Serra (PSDB) reforçou sua condição de candidato favorito à sucessão presidencial em 2010 após as eleições municipais nas quais reelegeu Gilberto Kassab prefeito de São Paulo, consolidando sua aliança com o DEM.
A menos de dois anos da eleição, Serra lidera com taxas que variam de 36% a 47%, conforme o cenário. O segundo colocado, o deputado Ciro Gomes (PSB), caiu de cinco a seis pontos percentuais, enquanto a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), subiu cinco pontos e varia hoje de 7% a 12%. A ex-senadora Heloísa Helena (PSOL) manteve-se estável.
No cenário 1, Serra subiu de 38% para 41%, enquanto Ciro caiu de 20% para 15%. Heloísa Helena manteve seus 14%, e Dilma subiu de 3% para 8%.
O governador mineiro Aécio Neves (PSDB) -que, com certa dificuldade, conseguiu eleger Marcio Lacerda (PSB) para a Prefeitura de Belo Horizonte- também melhorou um pouco seu desempenho: ele oscilou de 15% para 17% no cenário em que aparece como candidato do PSDB -ainda está atrás de Ciro (25%), mas aparece empatado com Heloísa Helena (19%).
Quando Ciro é retirado da disputa, Serra chega a alcançar 47%, contra 17% de Heloísa e 10% de Dilma; se Aécio é o candidato do PSDB, Heloísa assume a liderança com 27%, contra 23% do governador mineiro e 12% da ministra da Casa Civil.
Por fim, no cenário em que tanto Serra quanto Aécio são apresentados como candidatos (no mês passado o PMDB convidou o governador mineiro a se filiar ao partido), Serra lidera com 36%, com Ciro (14%), Heloísa (13%) e Aécio (12%) embolados em segundo. Dilma aparece mais atrás, com 7%.
Serra lidera em todas as regiões, mas tem seu melhor desempenho no Sudeste (no qual chega aos 50% dos votos no cenário sem Ciro) e no Norte/ Centro-Oeste (onde obtém 47% no cenário sem Ciro). Aécio vai bem no Sudeste -atinge 33% na simulação sem Ciro.
Ciro é mais forte no Nordeste (onde alcança 34% quando Serra não é candidato), região em que Heloísa Helena também se destaca (chega a 35% quando disputa contra Aécio e Dilma).

Comento
A variação dos números é absolutamente explicável em razão do passado recente. Serra já era o líder, continua assim e ampliou um pouco a vantagem. Foi apresentado, o que é fato, como o grande vencedor das eleições de 2008. Ciro Gomes está um tanto fora do noticiário, e Dilma está nele dia sim, dia também: é razoável que um tenha caído, e a outra subido. Aécio variou dentro da margem de erro. Não é um desempenho correspondente à atenção que lhe dedica a imprensa nacional: está tecnicamente empatado, embora provavelmente atrás, com a quase sumida Heloísa Helena. Vamos pensar algumas faces desses números.

SerraOs tucanos têm, se quiserem uma candidatura consolidada (o que não quer dizer vitória certa, é óbvio). Mas costumam lidar mal com isso. Nas páginas 82 a 84 de O País dos Petralhas, há um texto intitulado “Enigmas do PSDB”, publicado no dia 3 de dezembro de 2005. Serra era o único a vencer Lula, mas eu antevia a vitória do Apedeuta, com mensalão e tudo. Por quê? Reproduzo trechos em azul (a íntegra, se quiserem, está aqui):

O PSDB deve ser o único partido no mundo em que um candidato favorito não é favorecido pelo favoritismo — se me permitem a lambança tautológica. Para alguns, é como se a preferência do eleitorado fosse um prejuízo, um peso de que querem se proteger. Parece que os ouço: “Não, este não. Está na frente nas pesquisas. Não pode!”É mais ou menos o que se verifica com o nome de José Serra — até agora o único a vencer Lula num eventual segundo turno. Pode mudar? Pode. Mas é assim enquanto escrevo. Satisfação nas hostes tucanas? Há os que se mostram inquietos. O argumento maroto é o de que pesquisas refletem a realidade do momento. Sei. Futuro certo é só com a Mãe Dinah. Também acho que favoritismo não é critério absoluto: depois de Lula, é recomendável aporte intelectual. Pergunta: caso Serra deixe de ser o mais bem colocado, suas chances aumentam?(…)Compreendo que o governador Aécio Neves (MG) não queira que a disputa implique a nacionalização de uma disputa paulista. Mas não deve dar espaço para que sua fala se confunda com um veto de endereço certo. Mesmo que não queira, dado o quadro, pode estar colaborando objetivamente para a reeleição de Lula. O governador Geraldo Alckmin (SP), por sua vez, diz que prefere mirar o futuro a atacar o presidente, o passado. Anunciou que não vai criticá-lo se for para a disputa. O problema do petismo está longe de ser apenas ético. A corrosão do caráter é só uma das faces de um esforço para desconstituir a democracia. E há, claro, a economia. Para onde vamos? A crítica é um imperativo da política.(…)Certos tucanos são sabidos demais para se dobrar aos fatos. Então, boa sorte! Que, ao menos, se organizem para 1) passar pelo crivo no primeiro turno (só ganha o segundo quem passa pelo primeiro); 2) reconquistar os votos que já têm caso os desprezem na largada; 3) conseguir os outros, que farão a diferença.Então…Assim como o PT tenta construir desde já a alternativa Dilma Rousseff — e ela já incorporou essa “missão” —, é evidente que as oposições devem pensar na construção de uma nome já a partir do raiar de 2009. Vocês sabem que nem mesmo acho que o nome do petismo será Dilma. Mas o esforço de petistas para robustecer a candidatura é, à sua maneira, sincero.

E Dilma?Ela, por si mesma, é ruim de voto pra chuchu. Mas que isso não induza ninguém ao erro. Explico as duas coisas. Alguns petistas vão querer soltar rojão. Sob certo ponto de vista, pode-se dizer que ela mais do que dobrou o seu potencial de voto. Com a exposição que tem, no entanto, seus índices são macérrimos. É, por essa razão, carta fora do baralho, e Serra pode correr para o abraço? De jeito nenhum! Pra começo de conversa, Ciro Gomes não será candidato. E ponto final. Ele e o bloquinho estarão juntos com o PT — pode até vir a ser uma opção de vice caso o partido não consiga levar o PMDB de porteira fechada. Mas não vai disputar votos com o candidato de Lula. Não só isso.

Tão logo comece mesmo a disputa, Lula tem um potencial de transferência de votos que não é pequeno. E, aqui, não é o caso de confundir as coisas — como o PT confundiu na eleição deste ano. Nunca acreditei, e escrevi muito a respeito, que Lula teria peso nas eleições municipais. Não entrarei nos detalhes agora de por que não. Mas, na disputa presidencial, a coisa muda de figura.

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Sim, esse potencial será maior ou menor a depender da situação da economia. O ano que vem será difícil, sabe-se, e 2010 é uma incógnita. Se os EUA começarem a sair do atoleiro no segundo semestre de 2009, pode-se entrar no ano da eleição com uma economia ali na faixa da mediocridade, mas já espantando a crise. De todo modo, com ou sem ela, não se deve nunca subestimar a capacidade de Lula de mesmerizar o processo político. O homem sobreviveu ao mensalão, e um adversário com esse histórico deve ser visto com respeito. Assim, sem Ciro na disputa — e ele não estará — e com o Apedeuta atuando como cabo eleitoral, qualquer nome do PT, mesmo Dilma, é competitivo. Mais um motivo para os tucanos fazerem o máximo esforço para não reproduzir os erros do passado.

(…)

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