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Os truques do novo presidente do Irã. Ou: Agência oficial de notícias nega que novo líder tenha criticado o Holocausto… É o de sempre. Enquanto isso, programa nuclear avança

No dia 2 do mês passado, durante o Al-Quds — dia criado pelo governo iraniano para expressar solidariedade ao povo palestino, protestar contra o sionismo e contra o controle de Jerusalém (Quds, em árabe) por Israel —, Hassan Rohani, presidente do Irã, afirmou que Israel é “uma chaga”, que tem de ser “eliminada” do Oriente […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h19 - Publicado em 26 set 2013, 19h26

No dia 2 do mês passado, durante o Al-Quds — dia criado pelo governo iraniano para expressar solidariedade ao povo palestino, protestar contra o sionismo e contra o controle de Jerusalém (Quds, em árabe) por Israel —, Hassan Rohani, presidente do Irã, afirmou que Israel é “uma chaga”, que tem de ser “eliminada” do Oriente Médio. Nota: mas do que um dia em apoio à causa palestina, o Al-Quds se transformou, no mundo muçulmano, num dia dedicado ao ódio a Israel.

Essa fala tem menos de dois meses. Esse mesmo Rohani, vestindo máscara diversa, foi à ONU para acenar com alguma forma de acordo na área nuclear. Pois é… Até um aperto de mão “ocasional” teria sido arquitetado pelo governo americano, mas o iraniano teria se recusado…  Agora ele comparece ao debate com outra questão: se Israel assinar o tratado de não-proliferação de armas atômicas, o Irã, então, se compromete etc. e tal. É patranha! É golpe retórico.

Não é de hoje que o Irã tenta tratar igualmente coisas desiguais. Israel tem armas nucleares? É provável que sim. Para dominar o Oriente Médio? Em havendo, é certo que não. Mas e o Irã? Quer armas nucleares para quê? Há, por acaso, alguém interessado em “varrer o país do mapa”? Há quem considere a nação iraniana “uma chaga”, que “tem de ser eliminada”? Existe uma diferença entre armas nucleares dissuasivas e armas nucleares para a chantagem — e eventualmente o ataque.

Mas esse é o Irã. Vem cozinhando o Ocidente em fogo brando faz tempo, e seu programa nuclear não faz outra coisa senão avançar.

Holocausto
O governo do Irã também resolveu eliminar possíveis ambiguidades sobre o que pensa Rohani a respeito do Holocausto. O presidente concedeu uma entrevista a Christiane Amanpour, da CNN. Ele teria dito o seguinte, segundo a versão levada ao ar pela emissora:

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“Já disse antes que não sou um historiador. Quando se fala das dimensões do Holocausto, os historiadores é que devem refletir a respeito. Mas eu posso lhe dizer que qualquer crime contra a humanidade, inclusive o cometido pelos nazistas contra os judeus, é reprovável. Qualquer que seja o crime que eles tenham cometido contra os judeus, nós condenamos. [é condenável] Tirar uma vida, e não faz diferença se é a de um judeu, a de um cristão ou a de um muçulmano, Para nós, é a mesma coisa”.

Huuummm… Palavras sábias e moderadas, não?

Pois é. Leio agora no jornal israelense  Haaretz que a agência oficiosa de notícias do Irã, a Fars, que é ligada à Guarda Revolucionária, acusa a CNN de ter distorcido o sentido das palavras de Rohani. Segundo a agência, ele não empregou a palavra “reprovável” e nem mesmo teria pronunciado “Holocausto”. Teria se limitado a afirmar que se deve “deixar para os historiadores julgarem” os “acontecimentos históricos”.

É mesmo, é?

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Sendo assim, o atual presidente iraniano expressou, então, uma opinião muito parecida com a de seu antecessor, Mahmoud Ahmadinejad. Sim, este começou negando o Holocausto. Dada a repercussão negativa, parou de negá-lo e se saiu, então, com esse papo de deixar os fatos para os historiadores… A CNN nega a distorção e diz que empregou tradutores oferecidos pelo próprio governo iraniano.

Então vamos ver. Uma das coisas que tinham gerado uma certa onda de esperança — que me parece vã — em relação a Rohani era justamente esta: suposta mudança de postura em relação ao Holocausto. Mas o próprio governo faz questão de deixar claro que não é bem assim. Eis o  Irã! “Sim” não quer dizer “sim”. “Não” não quer dizer “não”. Num dia, o líder fala em acordo nuclear; no outro, impõe uma condição que sabe inaceitável.

Enquanto isso, seu programa nuclear avança.

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