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Os e-mails que, se verdadeiros, deixam Chalita numa situação muito difícil e a tentativa de criar uma história paralela

O analista de sistemas Roberto Grobman entregou ao Ministério Público os e-mails que comprovariam que o grupo educacional COC arcou com os custos da reforma do apartamento do deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) em 2005, quando este era secretário da Educação de São Paulo. A Folha teve acesso a alguns deles. Se não há fraude nenhuma […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 06h46 - Publicado em 27 fev 2013, 19h05

O analista de sistemas Roberto Grobman entregou ao Ministério Público os e-mails que comprovariam que o grupo educacional COC arcou com os custos da reforma do apartamento do deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) em 2005, quando este era secretário da Educação de São Paulo.

A Folha teve acesso a alguns deles. Se não há fraude nenhuma ali, e nada indica que haja, as coisas podem se complicar para Chalita. Nesses e-mails, informa o jornal, “Grobman dialoga com o empresário Chaim Zaher, então proprietário do COC, sobre o pagamento da automação da cobertura de Chalita em Higienópolis (região central).” Vejam estas imagens publicadas pelo jornal.

 

Informa ainda a Folha:
Na primeira de uma série de mensagens sobre a reforma do apartamento de Chalita, de 24 de janeiro de 2005, o analista informa a Zaher e a Nilson Curti (executivo de Zaher que cuidava das finanças) o número de uma conta da empresa Valverde no Bank of America na Flórida em que deveria ser depositado o valor gasto com automação. A Valverde é a empresa que cuidou da automação do duplex. O depósito (US$ 41.621,50) representaria 50% do pagamento à Valverde, segundo a mensagem. Os e-mails indicam que o pagamento atrasou. Em 15 de março de 2005, Grobman escreveu a Zaher:

“O Cesar da Valverde está me ligando sem parar para cobrar o $ da obra do Apto do Chalita.” No dia seguinte, às 5h23, Zaher escreveu: “Curti… Favor pagar isso urgente. Roberto, fale que vc está viajando e que na volta vc paga.” O empresário Cesar Valverde confirmou à Folha que a conta no Bank of America era dele e que tinha contato com pessoas ligadas a Chalita. Valverde disse que recebeu a fatura mencionada no e-mail naquela conta, mas não sabe dizer quem fez o depósito.

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Em e-mail de 18 de março, Grobman se diz preocupado. “Caro Chaim, a situação está ficando bem séria, Chalita vai mudar na quarta-feira desta semana. E ninguém está instalando nada sem receber.”

Retomo
A denúncia já custou a Chalita a nomeação para o ministério de Dilma, que o queria na Ciência e Tecnologia. Era grande a pressão de setores ligados ao PT para que isso não acontecesse. Nesse particular ao menos, os petistas já estão contemplados. É preciso situar o imbróglio que está em curso. Vamos lá.

Os setores próximos a Chalita estão tentando fazer desse caso um capítulo da, digamos assim, desafeição do deputado por José Serra. Por quê? O Estadão Online publica, por exemplo, uma entrevista com Milton Leme, ex-diretor de Tecnologia da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), que era subordinado a Chalita. Segundo a denúncia de Grobman, Leme era quem fazia a arrecadação de dinheiro para o suposto esquema de Chalita.

Nessa entrevista, Leme diz que recebeu de Walter Feldman, então um dos coordenadores da campanha de Serra à Prefeitura (agora migrando para o partido de Marina Silva) , uma oferta de R$ 500 mil. Não  é explícito, mas ele sugere que a contrapartida desse dinheiro seria confirmar as denúncias de Grobman. Isso teria acontecido em outubro do ano passado.

Pois é… Estamos quase em março. Leme esperou mais de quatro meses para fazer a “denúncia”, justamente quando surgem indícios de que algo não andou muito bem na relação entre Chalita e o grupo COC??? Mais: a oferta teria sido precedida de um encontro, o que lhe teria dado, por exemplo, a oportunidade até de gravar a conversa.

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Tentativa
O que parece é que os setores ligados a Chalita tentam criar um evento paralelo, com o auxílio de certa linha de reportagem, que desvie o foco do essencial. Não estou condenando ninguém antes da devida investigação, mas não dá para fazer de conta que aqueles e-mails não existem. Alguma explicação tem de ser dada.

Ao tentar levar Serra para o rolo, transformando-o numa espécie de origem da confusão — e não é —, tenta-se, adicionalmente, criar intriga no PSDB paulista. Sim, Chalita era, à época, secretário de Geraldo Alckmin, e nunca houve o menor indício do envolvimento do governador com irregularidades de nenhuma natureza. Seus inimigos mais ferrenhos jamais se aventuraram a dizer que é corrupto. Digamos, para efeitos de raciocínio, que toda a lambança que se atribui a Chalita seja verdadeira. O governador estava tão comprometido com ela como estava Dilma com as ações dos sete ministros que tiveram de deixar seu governo. “Ah, mas ela demitiu todo mundo.” Sim, depois de fartas reportagens da imprensa — que não existiram no caso em questão.

“Pessoas ligadas à campanha de Serra é que levaram o acusador de Chalita ao Ministério Público!” E daí? Fazer uma denúncia ao MP não constitui ação clandestina. Ou constitui? Não me parece! Os petistas, aliás, costumam fazer isso e chamar a imprensa para documentar. Ninguém vai a uma instância como essa para esconder o que está fazendo.

Conspiração
Melhor do que ficar investindo em teoria conspiratória é a aposta de que a devida apuração das denúncias terá o condão de dirimir as dúvidas. Não dá para ignorar aqueles e-mails. Ou são forjados, e Chalita terá como cobrar na Justiça a devida retratação, ou são verdadeiros, e Chalita deve uma penca de explicações.

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