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Os 2.500 da Cinelândia, não se enganem, são muitos milhões

Segundo os vários veículos que reportaram ontem a marcha contra a corrupção na Cinelândia, no Rio, compareceram ao protesto umas 2.500 pessoas. Os textos chamam a atenção para o fato de que não há grupos organizados. Cecília Ritto, na VEJA Online (ver posts abaixo), à diferença de alguns coleguinhas, dispensou a essa evidência uma abordagem […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h42 - Publicado em 21 set 2011, 07h11

Segundo os vários veículos que reportaram ontem a marcha contra a corrupção na Cinelândia, no Rio, compareceram ao protesto umas 2.500 pessoas. Os textos chamam a atenção para o fato de que não há grupos organizados. Cecília Ritto, na VEJA Online (ver posts abaixo), à diferença de alguns coleguinhas, dispensou a essa evidência uma abordagem simpática, no que, parece-me, fez muito bem.

É claro que a ausência de organizações militantes é uma das “fraquezas” do movimento, mas é também a sua melhor chance de crescer como expressão genuína da indignação de cidadãos. E acreditem: isso pode criar dificuldades para lotar as praças e as ruas, mas o protesto está longe de ser inócuo ou inútil. A experiência indica que as mudanças de curso são determinadas pela maioria silenciosa, que eventualmente se deixa convencer pela minoria que se expressa. Mesmo aquele milhão de pessoas na Praça Tahir, no Egito, era uma… minoria, afinal de contas.

É claro que, em algum momento, os que se opõem à corrupção terão de pensar as suas causas e procurar atuar contra elas. Vive-se a fase da expressão do inconformismo. É fato: por mais que deixemos clara a nossa indignação, os corruptos não vão mudar de ramo. Não estamos diante de uma daquelas situações em que o outro precisa ser convencido de alguma coisa, a exemplo dos pais que tentam persuadir os filhos a estudar, a não matar aula, a não se comportar de modo inadequado. NÃO SOMOS EDUCADORES DE CORRUPTOS!. Eles já estão devidamente (des)educados. Na verdade, eles precisam é de punição. Não lhes faltam experiência e maturidade, como faltam a um adolescente. Ao contrário: tornaram-se especialistas na arte do ludíbrio, da enganação, da vigarice. Eles não vão mudar.

Desde o início dessas manifestações, alertei que não se deve, desta feita, pensar em grandes protestos, como já vimos em outros tempos. A razão é simples e já estava explicitada naquele texto em que respondi à indagação de Juan Arias, correspondente do El País: “Por que os brasileiros não se indignam?” Eles se indignam, sim! Ocorre que as tais forças organizadas da sociedade estão todas cooptadas, contando dinheiro, como escrevi em outro post.

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O movimento das Diretas-Já era financiado por governadores de oposição e por sindicatos. O “Fora-Collor” também. Isso não quer dizer que ambos não tivessem motivos de sobra e uma indignação legítima — havia, em suma, como há agora, uma causa. Ocorre que, desta feita, os “donos” do povo são esbirros do poder. A mesma corrupção que antes os mobilizava agora os silencia. Não é que fossem contra a roubalheira — eram contra a roubalheira praticada pelas pessoas “erradas”. Com o seu poder de mobilização, especialmente na imprensa, as esquerdas ajudam a popularizar algumas causas.

Agora, elas estão longe das ruas. Estão… contando dinheiro! Já recebi aqui algumas dezenas de ironias da petralhada, fazendo pouco da manifestação de ontem e sugerindo que isso é coisa de uma minoria sem importância etc. e tal. É gente que provavelmente apoiou ou teria apoiado se tivesse idade à época aqueles outros dois movimentos. Mudaram de lado. A eventual indignação popular passou a ser algo incômodo.

Essa nova indignação é e será sempre uma indignação dos sem-políticos. E não acho mesmo que as pessoas devam se atrelar a esse ou àquele, embora eu considere bobagem que se hostilize a presença de políticos nas manifestações — desde que sua biografia não desonre o propósito do protesto: a luta contra a corrupção. Não se devem esperar manifestações maciças. É até possível que o debate se mantenha mais ativo nas redes sociais do que nas ruas. Afinal, trata-se de uma luta também contra os pelegos, que hoje atuam para sabotar as manifestações.

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Os 2.500 de ontem na Cinelândia são muito mais, estejam certos. São muitos milhões. O fundamental é não deixar jamais de expressar o inconformismo com a lambança, seja por que meio for. E aqueles que estão indignados, reitero, devem refletir um tanto sobre as causas da miséria moral da política brasileira. Há propostas que estão em debate na sociedade que concorrem efetivamente para tornar o ambiente mais hostil aos corruptos. Estudem-nas, debatam-nas com seus amigos, procurem se articular com outros inconformados.

Uma das boas idéias, reitero, é o voto distrital. O PT quer fazer uma reforma política criminosa, instituindo o financiamento público de campanha, o que jogaria a política brasileira na clandestinidade. Mais: trata-se de uma proposta para encher a pança de… petistas, já expliquei aqui por quê. Se ela prosperar, a corrupção se multiplicará de modo exponencial. Os que efetivamente estão contra a sem-vergonhice precisam ficar atentos a esses movimentos da política.

A melhor virtude dos grupos que hoje protestam é não ter cabresto. Mas  isso não significa que não devam ter um norte. E não é preciso um partido ou um político para organizar a ação. A moçada sabe como se organizar na rede. O importante é não esmorecer.

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O importante, em suma, é deixar claro que “eles” não podem continuar a fazer o que fazem e dizer com clareza: “Não, vocês não podem!”

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