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O saco de gatos de Marina, agora com Erundina na coordenação. Ou: Na democracia, o Brasil só teve dois presidentes sem partido — Jânio Quadros e Fernando Collor

Arrumem, por favor, um PRN — sim, refiro-me àquele partido-ônibus inventado por Fernando Collor — para Marina Silva. Vai que ela seja eleita presidente da República. No Datafolha, apareceu tecnicamente empatada com Dilma no segundo turno. Nesta quinta, circularam boatos de que há levantamentos em que está na dianteira. Não é preciso que um ET […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h14 - Publicado em 22 ago 2014, 05h34

Arrumem, por favor, um PRN — sim, refiro-me àquele partido-ônibus inventado por Fernando Collor — para Marina Silva. Vai que ela seja eleita presidente da República. No Datafolha, apareceu tecnicamente empatada com Dilma no segundo turno. Nesta quinta, circularam boatos de que há levantamentos em que está na dianteira. Não é preciso que um ET caia no Brasil para concluir que estamos no hospício ideológico. Um brasileiro razoavelmente informado chegará à mesma conclusão. O PSB indicou, ora vejam!, a deputada Luíza Erundina (SP) para ser a coordenadora-geral da campanha. Coitada! Não vai coordenar nada. Fico cá a imaginar o seu semblante quando Marina desatar a falar sobre a democracia pós-partidária, pós-sindical, pós… institucional!

O ex-tucano Walter Feldman, indicado por Marina coordenador-adjunto, concedeu uma entrevista a Morris Kachani, da Folha. O redista disse ao menos três coisas notáveis. O jornalista quis saber “qual o círculo de pensadores em torno de Marina”. Feldman respondeu: “Na economia, Eduardo Giannetti expressa grande parte do que Marina pensa a respeito. E temos o Guilherme Leal, o José Eli da Veiga, o João Paulo Capobianco, Ricardo Young, a Maria Alice Setubal.” Quem está mais perto de ser um pensador aí é Giannetti. Essa gente toda, incluindo um mega-empresário e a sócia de um banco, então, estará sob a coordenação da socialista — de verdade! — Luíza Erundina.

A esta altura, se me disserem que Marina multiplica o pão e os peixes, anda sobre as águas e ressuscita Lázaro, tenderei a acreditar no interlocutor — tomando o cuidado de esconder objetos pontiagudos da sala e de me manter longe da janela… Não desconfio de seus dotes para a abdução. Quem se deixa convencer por sua fala não costuma tolerar contestação. Mas nem ela seria capaz de operar o milagre de conciliar as prefigurações do liberal Giannetti com as da socialista Erundina. Marina, a exemplo de Collor — vamos ver se com o mesmo desfecho — está começando a juntar as pessoas que estão com o saco cheio de “tudo isso que está aí”. Há os com mais bibliografia e os com menos. Mas a crença em milagres é a mesma.

Feldman disse mais. Indagado sobre as diferenças entre Eduardo Campos e Marina, respondeu: “Eduardo entendeu as características de Marina e espraiou sua visão para o PSB. As diferenças são mais de origem, ele da classe média pernambucana, ela de origem mais humilde, de outra região.” Vale dizer: só ele tinha aprendido com ela; ela não tinha aprendido nada com ele.

Mas atenção para a resposta mais intrigante. O jornalista perguntou o que são os tais “sonháticos”. Leiam o que ele respondeu: “Dentro da Rede, os sonháticos desfrutam um grande prestígio, a maioria deles são jovens que sempre empurram a discussão para algo mais avançado, que não nos deixa acomodar. Mas tem o dia a dia que tem que ser feito. E, quando Marina optou por Eduardo, parte dos sonháticos a abandonou. Mas agora estão voltando e muito. (…) Diria que 95% voltaram.” Entenderam? Com a morte de Eduardo, os tais sonháticos de Marina podem se dispensar de lidar com a realidade.

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A nova candidata já quebrou a espinha do PSB. Sempre achei que isso fosse acontecer, mas, obviamente, em outras circunstâncias. Campos fez o que pôde para manter a união porque confiava que ela lhe daria os votos de que precisava para chegar ao segundo turno. Como todos sabemos, e indicavam as pesquisas, isso não aconteceu. Se é que existe a tal “Rede”, esta nunca moveu uma palha em favor do então candidato do PSB à Presidência, que estava estacionado entre os 7% e os 9%.

A ex-senadora colaborava com ele? Como sabem todos os dirigentes do PSB, isso nunca aconteceu. Ao contrário: a aliada era fonte permanente de dor de cabeça. Logo na estreia, chegou atirando contra um aliado de Campos em Goiás, o deputado Ronaldo Caiado (DEM), que até os adversários admitem ser um homem honrado. O que Marina tinha contra ele? Ora, é um produtor rural! Dois dirigentes do PSB já se afastaram da campanha: Carlos Siqueira, da coordenação-geral, e Milton Coelho, coordenador de mobilização. A mulher da Rede tem um notável poder desagregador.

Dizer o quê? Existe a possibilidade real de Marina, sem partido político, eleger-se presidente da República. Houve dois antes dela: Jânio Quadros — que era UDN só no papel — e Fernando Collor, que inventou um saco de gatos chamado PRN. Um deu no que deu, e o outro também. “Ah, Marina é muito melhor do que esses dois”.

Então tá.

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