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O QUE É QUE A ECONOMIST REALMENTE DIZ SOBRE O BRASIL

A catraia petralha está torrando a minha paciência com a capa da Economist: “O Brasil decola”, com o Cristo Redentor ao fundo, iluminado. A foto não foi tirada na terça à noite, é claro. Além das reportagens sobre o Brasil, a revista dedica também ao país o seu editorial. É uma pena que os petralhas […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 16h26 - Publicado em 12 nov 2009, 20h57

capa-da-economistA catraia petralha está torrando a minha paciência com a capa da Economist: “O Brasil decola”, com o Cristo Redentor ao fundo, iluminado. A foto não foi tirada na terça à noite, é claro.

Além das reportagens sobre o Brasil, a revista dedica também ao país o seu editorial. É uma pena que os petralhas não consigam ler o que está escrito lá e se conformem com alguns resumos edulcorados e devidamente filtrados pelo petismo que contamina também setores da grande imprensa.

Logo na linha fina, no subtítulo do editorial, a revista adverte que o novo risco para o maior caso de sucesso na América Latina é a “hubris”. A palavra não costuma freqüentar os dicionários de inglês, mas está no Aurélio e no Houaiss, com acento — “húbris” —, que é como o termo grego chegou ao português. O que é a “húbris”?

O termo poderia ser definido como “insolência”, “orgulho excessivo”, “arrogância”, até mesmo “bravata” (lembram-se dela?). Para quem conhece um pouco de tragédia grega, a “húbris” é o que faz o herói quebrar a cara, se ferrar; no auge da sua “húbris”, começa a reviravolta, e se tem, então, o reverso do destino, até o desfecho… trágico. Os discursos de Lula, companheiros, são a mais notória expressão da “húbris”. Vamos torcer para que o país continue no caminho certo — afastando, então, a insolência e a arrogância.

Voltando
Agora volto ao texto. O editorial começa lembrando que, quando os economistas do Goldman Sachs afirmaram, em 2003, que o Brasil era o “B” dos Brics, o grupo de países que passariam a liderar a economia mundial, houve desconfiança. Éramos conhecidos por nosso futebol e nosso Carnaval, e não parecia que poderíamos ser um dos gigantes da economia mundial. Mas, sustenta o texto, a desconfiança se revelou errada.

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A China lidera a recuperação da economia mundial, mas o Brasil está junto, “o último a entrar em crise e o primeiro a sair”. E lembra vantagens que o país tem em relação aos outros membros do BRIC: “Diferente da China, é uma democracia. Diferente da Índia, não tem conflitos religiosos ou étnicos e vizinhos hostis. Diferente da Rússia, exporta mais do que petróleo e armas (…)”.

A Economist lembra que a estabilidade do Brasil é fruto da sua disciplina, não veio de repente. Observa que essa trajetória começou nos anos 90, quando a inflação foi domada, os bancos foram saneados (é uma referência ao Proer, que o PT combateu tanto)  — bancos que quebraram os EUA e a Grã-Bretanha, nota a revista —, e o país se abriu aos investimentos estrangeiros. Sim, a Economist se refere a medidas do governo FHC, todas elas rejeitadas por Lula e seus petistas até hoje!!!

E vem a tal “hubris”. Se seria um erro subestimar o novo Brasil, afirma a Economist, também seria um erro ignorar suas fraquezas. E ela as lista:
“Os gastos do governo estão crescendo mais do que a economia como um todo, e os investimentos públicos e privados ainda são pequenos, o que lança dúvidas sobre as previsões mais róseas para a economia. Muito dinheiro público está indo para coisas erradas. A folha de pagamento do governo federal cresceu 13% desde setembro de 2008 (…) Apesar de avanços, a educação e a infra-estrutura ainda estão muito atrás das China e Coréia do Sul (como o apagão desta semana lembrou aos brasileiros). Em algumas áreas do país, a criminalidade é alarmante”.

E o editorial prossegue:
“O governo nada está fazendo para eliminar os obstáculos que existem para os negócios, especialmente a antiquada legislação que taxa a contratação de trabalhadores. Dilma Rousseff, candidata de Lula nas eleições de outubro próximo, insiste em que a reforma da arcaica legislação trabalhista é desnecessária.”

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E na conclusão no editorial:
“E, talvez, este seja o maior perigo que o Brasil enfrenta: a húbris. Lula está certo ao dizer que seu país merece respeito, como ele merece muito da adulação que tanto o agrada. Mas ele é também um presidente de sorte, colhendo o resultado do boom das commodities e governando numa plataforma de crescimento construída por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Manter essa boa perfomance num mundo que enfrenta tempos difíceis significa que o sucessor de Lula terá de tentar resolver alguns problemas que ele fez questão de ignorar. O resultado da eleição pode determinar a velocidade com que o Brasil avança na era pós-Lula. O caminho do Brasil, no entanto, parece definido. Seu salto é ainda mais admirável porque foi dado por meio da reforma e da construção de um consenso democrático. Quem dera a China pudesse dizer o mesmo”.

Fiz uma quase-tradução comentada do editorial. E esse é o espírito do especial da Economist sobre o Brasil: exalta as conquistas do país, aponta os acertos de Lula, mostra seus erros e seus limites, aponta o risco da arrogância e torce para que seu sucessor possa enfrentar desafios que se negou a enfrentar.

O resto é conversa mole petista.

Para quem lê inglês, a íntegra está aqui, em link aberto. E noto: os elogios a FHC na reportagem são ainda maiores. Se tiver tempo, escrevo a respeito.

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