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O pensamento de Duvivier vale menos que a ponta babada de um cigarro de maconha

Filha do cinegrafista Santiago Andrade, morto pelos black blocs, os “meninos de 12 anos de Duvivier”, desmoraliza o pensador amador e cretino, que tripudia sobre um cadáver

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 21h55 - Publicado em 7 set 2016, 03h49

Gregório Duvivier, um idiota de família — vale dizer, com pedigree; a família dele não tem nada com isso —, não deu muita sorte com a sua diatribe de bocudinho da Zona Sul. Ele resolveu fazer a sua graça na Folha, mas o calendário conspirou contra ele porque os fatos sempre conspiram contra os farsantes. Publicou sua coluna indigna no jornal no dia do aniversário de Santiago Andrade, o cinegrafista da Band que foi morto por black blocs.

Levou nas fuças um texto de Vanessa, filha de Santiago.

No lugar de Gregório, eu sumiria por um tempo. Mas ele não some. Ele pertence àquela parte da elite brasileira que não está acostumada a ouvir “não”. Ele gosta do governo petista. Se a Constituição e as instituições lhe dizem “não”, ele grita “golpe!”, como aqueles ranhentinhos que fazem a mãe comprar no hipermercado um cortador de grama para ficar na sacada do apartamento. Ou ele chora, bate o pé, esperneia, deita no chão e se nega a ir embora.

Duvivier é assim. Se alguém diz que não pode fumar maconha, ele transforma a maconha no portal da liberdade. Se alguém diz que o aborto é proibido, então o aborto passa a ser o novo umbral da civilização. Se alguém censura a violência dos black blocs, ele adota aqueles que chama de “meninos de 12 anos”.

Não basta a Duvivier fumar a sua maconha, patrocinar algum aborto ou mesmo babar de prazer diante de um mascarado. Ele precisa transformar isso tudo numa categoria de pensamento, numa categoria moral, numa categoria política.

Para gente como ele, não existe o reino da necessidade, só o da transgressão, que torna um pouquinho mais excitante a sua vida miserável. Para gente como ele, os limites desaparecem desde que se organize direito o berreiro. E ele leva o cortador de grama pra casa.

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Na vida cultural, felizmente, esse tipo de cretino tem vida curta. Daqui a pouco, ele passa a ser apenas um velho maconheiro que começou a vida fazendo graça e achou que poderia envergar o manto de pensador sério sem enfiar a cara nos livros. Refiro-me aos de política, já que ele se candidata a pensador da área.

Duvivier comete o engano de confundir as gags de “Porta dos Fundos” — que, no conjunto, até quando vi, era melhor do que ele; desisti já faz quase dois anos — com uma forma de pensamento. O bufãozinho de família confunde a sua comédia pessoal, para fazer uma paródia, com a história da humanidade. E, de vez em quando, topa com uma Vanessa pela frente.

E a gente percebe que seu pensamento vale menos do que a ponta babada de um cigarro de maconha.

Abaixo, o texto de Vanessa Santiago.
*
Eu prefiro acordar nesse dia 6 — um dia depois do aniversário do meu pai e da publicação de um certo artigo — e pensar como Gregório Duvivier. Pra ele, Santiago Andrade não existe, não morreu. Aqueles dois mascarados, ele diz, em geral, têm 12 anos, espinhas e mochila cheia de roupa preta e remédios pra acne.

Mas, olha, Gregório, pelo menos concordamos em um ponto. Você diz que existem muitas razões pra ter medo. Mas não as mesmas razões. É verdade, te juro. Você está aí, com seu programa bacana, aparecendo na TV e na web, tá aí ganhando sua graninha, até mostrou sua casa bacana para uma revista outro dia. Eu tô aqui, batalhando na vida também, com alguns sonhos interrompidos, carregando o sobrenome Andrade na identidade e no peito. Eu tô aqui, Gregório, lembrando bem do sangue de Santiago Andrade nas mãos, sentindo as feridas com meus dedos e revivendo um rosto tão alegre, deformado por um rojão. Uma bomba atirada pelos black blocs, esses aí que você defende em um texto lindo e com português impecável. Esses que você diz não ter medo.

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Da próxima vez, só lembra de ouvir os dois lados, princípio básico do jornalista, aliás, da vida. Sai desse ar-condicionado e vem aqui que eu te conto quem é Santiago Andrade. Garanto te dar uma aula sobre as verdadeiras vítimas desse seu discurso infeliz e desrespeitoso. Tenha um bom dia, senhor Gregório Duvivier.

E aos dois BLACK BLOCS assassinos de meu pai, a justiça ainda irá prevalecer.

Retomo
Depois da sentença de um juiz que libertou 18 pessoas presas — vejam no blog os “utensílios” que carregavam —, nem estou tão certo, minha cara Vanessa, de que a justiça irá prevalecer.

Quando o senhor Rodrigo Janot, diante da violência desenfreada, decide que é a Polícia Militar que tem de ser monitorada, a gente nem tem tantos motivos para confiar que os assassinos serão punidos.

Mas vamos lutar, sim.

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