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O Imponderável é o verdadeiro deus da história. Ou: Os “engenheiros de gente” erraram mais uma!

Autoritários de direita e de esquerda não conseguem conviver com o mais severo e perigoso de todos os deuses — o Imponderável. Se é fato, retomo expressão que empreguei ontem, que podemos cercar as margens de erro para obter os resultados ambicionados, não é menos verdade que mais movem a história as circunstâncias que não […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h17 - Publicado em 14 ago 2014, 08h03

Autoritários de direita e de esquerda não conseguem conviver com o mais severo e perigoso de todos os deuses — o Imponderável. Se é fato, retomo expressão que empreguei ontem, que podemos cercar as margens de erro para obter os resultados ambicionados, não é menos verdade que mais movem a história as circunstâncias que não estão sob nosso controle do que aquelas que podemos escolher. Ainda que alguns sociopatas imaginem que podem determinar a forma do futuro, este se faz de um emaranhado de sistemas que nos escapam. O avião em que viajavam Eduardo Campos e outras seis pessoas foi planejado para não cair. Simulam-se situações de risco às quais a aeronave pode resistir. Mas fatores os mais diversos — naturais e humanos — podem se combinar e pronto! Nada mais será como se apostava antes.

Estamos a menos de dois meses do primeiro turno da eleição presidencial, e tudo pode acontecer, inclusive nada de novo no que diz respeito ao prognóstico. Ainda que a petista Dilma Rousseff venha a vencer a eleição — segundo apontava o retrato momentâneo até ontem —, será com outra narrativa, que não havia sido imaginada por nenhum roteirista, por mais criativo que fosse.

Parece-me difícil, apesar dos fatores contrários, que não são poucos, que Marina Silva, da Rede, não venha a ocupar o lugar de Eduardo Campos na cabeça da chapa da coligação “Unidos para o Brasil”. Ainda que as divergências sejam imensas, não se desprezam, assim, com tanta ligeireza alguns milhões de votos — e ela os tem, isso é inegável.

Não que a presidente Dilma Rousseff, o PT e outros potentados não tenham se movido nos bastidores para tentar inviabilizar a sua candidatura e criar dificuldades para a criação da Rede. Essas mesmas forças se mexeram, note-se, para facilitar a formação de legendas que hoje servem à base aliada. Os leitores sabem o que penso sobre Marina Silva. Tenho horror a seu pensamento — ou seja como se chamem as coisas que ela diz. Mas as manobras de bastidores para barrar a sua postulação são bastante conhecidas e asquerosas.

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Vale dizer: os que se querem donos da história e do futuro decidiram operar com determinação para eliminar os adversários — fez-se de tudo, não custa notar, para impedir a candidatura do próprio Eduardo Campos. Vejam que coisa: estivesse Marina com a sua “Rede”, teria um tempo ínfimo na televisão, e o PSB, a esta altura, ungiria um nome apenas para não ficar fora da disputa. Os feiticeiros devem olhar para a realidade agora cheios de perplexidade. É grande a chance de Marina ser candidata à Presidência com uma força que, sozinha, certamente não teria.

A ex-senadora, por sua vez, é sabido, é melhor de voto e de “mídia” do que de articulação política. Campos era o grande organizador do PSB e sua maior figura. De tal sorte seu comando era unipessoal que não deixa nem sequer um candidato a herdeiro. A aproximação de setores importantes do partido com a candidatura do tucano Aécio Neves é uma possibilidade mais do que evidente.

Os “engenheiros do futuro” do PT comemoravam as dificuldades eleitorais de Campos, que não eram pequenas, e contavam com o início do horário eleitoral gratuito para tentar liquidar a fatura ainda no primeiro turno. A possibilidade me parecia remota, mas os petistas estavam bastante confiantes. Se Marina for mesmo a candidata do PSB, o PT precisa ser muito otimista para apostar nessa possibilidade. Mais: Marina atrai com mais facilidade votos que, no que concerne aos valores ao menos, estão à esquerda e não se sentiam identificados com Aécio e com Campos. Acabariam, por inércia, caindo no colo de Dilma; agora, surge uma alternativa.

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Pode haver um estresse também nas hostes tucanas? É claro que sim. Só disputa o segundo turno quem passa pelo primeiro, e é evidente que se justifica certo temor no PSDB de que Marina fique com a segunda vaga — e, nessa perspectiva, seu adversário imediato é Aécio. Vamos ver.

Mas o destino também colhe Marina de calças curtas. Como candidata a vice e representante da Rede na aliança, ela podia forçar a mão em favor do seus pontos de vista, contrastando com o PSB, na certeza de que Campos arbitraria o jogo. Esse árbitro, agora, desapareceu. Se for a candidata, passa a falar em nome da coligação, muito especialmente do partido ao qual está formalmente filiada. Vai se adaptar à nova realidade ou será aquela Marina de 2010, que se sentia mera hospedeira do PV?

Está tudo embaralhado. Os “engenheiros de gente” erraram mais uma.

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