O homem de Carvalho na tramoia cubana contra Yoani – Nota da Secretaria-geral, cotejada com a lógica, é uma mentira escandalosa
O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, decidiu agora escarnecer dos fatos. Conforme revelou a revista VEJA nesta semana, a embaixada de Cuba em Brasília reuniu militantes de esquerda — do PT, da CUT e do PCdoB — para lhes fornecer um dossiê com acusações estúpidas contra a blogueira cubana Yoani Sánchez. Na ocasião, o […]
O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, decidiu agora escarnecer dos fatos. Conforme revelou a revista VEJA nesta semana, a embaixada de Cuba em Brasília reuniu militantes de esquerda — do PT, da CUT e do PCdoB — para lhes fornecer um dossiê com acusações estúpidas contra a blogueira cubana Yoani Sánchez. Na ocasião, o embaixador de Cuba revelou que os passos de Yoani seriam vigiados por agentes cubanos. As duas ações — a reunião e a espionagem — são ilegais. As coisas poderiam ter parado por aí, mas tiveram gravidade muito maior.
Ricardo Augusto Poppi Martins, auxiliar de Carvalho, participou de todo o encontro, ficou até o fim e levou uma cópia do dossiê. Em seguida, viajou para Cuba para participar de um seminário que trata justamente de… guerra na Internet. Na pasta comandada pelo ministro, ele é o responsável por essa área. A secretaria-geral havia divulgado uma primeira nota afirmando que apuraria o caso. Nesta segunda, divulgou outra. Leiam. Volto em seguida.
A Secretaria-Geral da Presidência da República, tendo ouvido o servidor Ricardo Augusto Poppi Martins, esclarece:
O servidor esteve na embaixada de Cuba, em dia e horário definidos por aquele órgão, para obter seu visto de entrada no país, visando participar, em Havana, de um seminário sobre redes sociais.
Após a concessão do visto, o servidor foi convidado por um funcionário da embaixada a participar de reunião na qual foi abordada a política migratória de Cuba e a vinda da blogueira Yoani Sánches ao Brasil.
Na reunião, em que não permaneceu até o final, o servidor recebeu um CD com informações sobre Yoani Sánches, do qual não fez qualquer uso.
O seminário em Havana não teve relação com os temas tratados na reunião.
Assessoria de Comunicação
Secretaria-Geral da Presidência da República
Voltei
É um acinte! Com que então o tal rapaz vai à embaixada cubana para obter um visto, e eis que chega um funcionário e convida: “Estamos fazendo aqui uma reunião sobre a política migratória e de cuba e a vinda da Yoani, você não quer participar?” Como Poppi estava mesmo desocupado — embora estivesse em horário de expediente —, aceitou o convite. Fica parecendo, leitor, que, fosse você a estar lá, seria alvo de abordagem idêntica.
É evidente que estamos diante de uma desculpa ridícula, esfarrapada. Com que então um dos coordenadores da secretaria-geral da Presidência acha normal que se faça um “seminário”, com esquerdistas brasileiros, sobre a vinda de uma cubana ao Brasil? Carvalho escarnece dos fatos, da verdade, da lógica.
Mas digamos que fosse verdade. A primeira reação do ministro foi a de quem não sabia de nada. Sei… Então o tal Poppi vai a um encontro como aquele, assiste à combinação de uma tramoia, ouve a informação de que agentes cubanos atuam livre e ilegalmente no Brasil e não passa a informação a seu chefe???
Carvalho acha que somos todos idiotas? Acha!
O ministro certamente não é um mentiroso. Mas a versão divulgava pela secretaria-geral da Presidência, quando cotejada com a lógica dos fatos, é uma mentira escandalosa.As oposições que não corram o risco de deixar barato esse troço. Por que um governo que condescende com a espionagem ilegal promovida por um “país amigo” não pode, ele mesmo, espionar? Aliás, tenho umas perguntinhas a fazer a algumas entidades da sociedade civil. No próximo post.