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O ataque ao filho de Alckmin e a tentação da demagogia

O evento já vem pronto, desde a origem, para a exploração política. E o primeiro a ter feito uma associação não muito, como direi?, decorosa foi o ex-prefeito Gilberto Kassab. Já chego lá. A que me refiro? Thomaz, um dos filhos do governador Geraldo Alckmin, foi vítima no domingo à noite do que pode ter […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 04h31 - Publicado em 4 fev 2014, 03h37

O evento já vem pronto, desde a origem, para a exploração política. E o primeiro a ter feito uma associação não muito, como direi?, decorosa foi o ex-prefeito Gilberto Kassab. Já chego lá. A que me refiro? Thomaz, um dos filhos do governador Geraldo Alckmin, foi vítima no domingo à noite do que pode ter sido uma tentativa de assalto, sequestro ou coisa pior.

Ele estava de carro, um Hyundai i30 sem blindagem, em companhia da filha, de 9 anos, quando um carro à sua frente deu cavalo de pau. De dentro saíram quatro homens armados. Os policiais militares que faziam a escolta de Thomaz em outro veículo saltaram, deram voz de prisão aos bandidos, e houve troca de tiros. Os marginais conseguiram fugir e largaram o carro logo adiante, um Nissan Tiida, que também havia sido roubado. Quando os policiais o encontraram, havia manchas de sangue. Nada aconteceu com Thomaz, com sua filha e com os policiais.

Kassab, que demonstra a intenção de se candidatar ao governo de São Paulo, fez o que não se deve fazer em casos assim. Concedeu uma entrevista e afirmou que o evento tem “um forte simbolismo porque ressalta o grau de insegurança a que estão submetidos todos os paulistanos”.

Pois é… Os familiares do governador não são, de fato, diferentes dos demais paulistanos. Ter acontecido com um deles não tem importância estatística nenhuma. Kassab é inteligente o bastante para saber disso e deve ter o bom gosto de evitar a exploração politiqueira do caso. “Se aconteceu até com o filho do governador…” Caros, é a mesma probabilidade que há de acontecer com o filho do seu Joaquim da padaria. De resto, o presidente do PSD deve se lembrar do que se passa na Bahia, já que Otto Alencar, o vice-governador, é do seu partido. O estado tem quase o quádruplo de homicídios por 100 mil habitantes na comparação com São Paulo: mais de 40. Não consta que Kassab tenha se referido alguma vez ao “grau de insegurança a que estão submetidos todos os baianos”. Ou estou enganado?

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A abordagem aconteceu na rua Professor Alcebíades Delamare, no Morumbi. Moradores da região dizem que os assaltos são frequentes por ali. É claro que o caso é grave, mas não se pode perder de vista que São Paulo é o estado que tem hoje a menor taxa de homicídios do país. “Ah, está querendo dourar a pílula”. Não! Estou lidando com dados objetivos, só isso — o que não quer dizer que o governo ou nós todos devamos nos conformar com isso.

Estranho
Acho, sinceramente, o caso um pouco estranho. Quatro assaltantes num carro, armados até os dentes, numa manobra arriscada como essa? Tudo para roubar um carro? A polícia certamente pode avaliar melhor do que eu, mas não me parece um caso muito convencional.

Em outubro, sou obrigado a lembrar, veio a público a interceptação de conversas telefônicas entre membros do PCC que traziam uma ameaça de morte ao governador Geraldo Alckmin. Luís Henrique Fernandes, conhecido como LH, conversa com Rodrigo Felício, o Tiquinho, e Fabiano Alves de Sousa, o Paca, todos integrantes do partido do crime. Diz LH:
“Depois que esse governador entrou aí o bagulho ficou doido mesmo. Você sabe de tudo o que aconteceu, cara, na época que ‘nóis’ decretou ele, então, hoje em dia, secretário de Segurança Pública, secretário de Administração, comandante dos vermes (Polícia Militar), estão todos contra ‘nois’.” O diálogo ocorreu em 11 de agosto de 2011, às 22h37. “Decretar” alguém significa ordem para matar.

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Não estou tirando conclusão precipitada nenhuma ou fazendo afirmações oblíquas. Apenas considero obrigatório lembrar esse episódio. A Polícia de São Paulo, gostem ou não seus detratores — e eles não gostam —, apesar dos muitos problemas, é, sim, uma das mais eficientes do Brasil. E bandido não costuma gostar disso.

Aí o petralha assanhado fica excitado: “Ah, quando é o Distrito Federal, governado pelo PT, você faz alarde!”. Calma! Tire as mãozinhas do chão antes de ficar nervoso, tente raciocinar, petralha fascinado por mim. A taxa de homicídios do DF, sem que haja qualquer razão, digamos, sociológica para isso, é superior ao triplo da de São Paulo — e isso antes da atual onda de violência, decorrente da estúpida Operação Tartaruga.

Nenhuma hipótese pode ser descartada em São Paulo. Mas que se descarte, de saída, a demagogia.

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