O açougue de carne humana de Agnelo segue a toda: 14 mortes violentas num fim de semana. E os absurdos de uma tal Aspra, a associação de policiais organizada contra o povo
É um espanto! A Aspra (Associação de Praças e Bombeiros Militares) decidiu pôr fim à Operação Tartaruga, que já tinha sido considerada ilegal pela Justiça, depois de mais um fim de semana violento no Distrito Federal. Agora, o sindicato recomenda a “Operação Padrão”, seja lá o que isso signifique. O sargento Manoel Sansão, vice-presidente da […]
É um espanto! A Aspra (Associação de Praças e Bombeiros Militares) decidiu pôr fim à Operação Tartaruga, que já tinha sido considerada ilegal pela Justiça, depois de mais um fim de semana violento no Distrito Federal. Agora, o sindicato recomenda a “Operação Padrão”, seja lá o que isso signifique. O sargento Manoel Sansão, vice-presidente da entidade, diz, no entanto, que a Aspra vai recorrer contra a decisão da Justiça e, caso ela seja revertida, os policiais voltarão a retardar o atendimento à população. É espantoso que este senhor diga essas coisas, como se estivesse fazendo algum mal ao governador Agnelo Queiroz. Não, senhor Sansão! As principais vítimas de seu modo de fazer política são o povo do Distrito Federal.
Neste fim de semana foram 14 mortes violentas, 10 delas só no domingo. E com uma polícia fazendo “Operação Tartaruga”? Não é possível!
As lideranças dos policiais dizem exigir o cumprimento das 13 promessas de Agnelo Queiroz quando candidato. De fato, elas existem. Os sindicalistas afirmam que não foram cumpridas. Digamos que não. Por causa disso, homens armados vão cruzar os braços e deixar a população à mercê de bandidos? Policiais que agem assim se tornam aliados dos criminosos. Que tipo de relação pretendem ter com a população brasileira? De chantagistas que só atuam por dinheiro?
É claro que condições dignas de trabalho são necessárias. Mas será que a PM do Distrito Federal vive na penúria? Afirmei aqui que eles tinham o maior salário do país. Segundo o Anuário de Segurança Pública, é o segundo maior. Só perdem para a do Paraná. Mas noto que nessa conta não estão alguns benefícios indiretos. De todo modo, vejam a tabela:
Pois é. Então vamos falar um pouco o sofrido PM do DF. Segundo levantamento do Datafolha, 46% das famílias brasileiras ganham até R$ 1.356. Outros 20% recebem de R$ 1.357 a R$ 2.034. É isto mesmo: 46% das famílias ganham até R$ 2.034! Já 16% recebem entre 2.035 e R$ 3.390. Os policiais militares do DF, com vencimentos de quase R$ 4.200, fora os benefícios, estão entre os 9% que têm um contracheque entre R$ 3.391 e R$ 6.780. Só para completar as faixas: 4% apenas ganham entre R$ 7.781 e R$ 13.560. A faixa acima desse valor compreende apenas 1% da população.
Irresponsabilidade
A população do DF paga o preço da irresponsabilidade dos sindicalistas, mas também de Agnelo. Abaixo, reproduzo um folheto de sua campanha, com as tais 13 promessas. Na introdução, lê-se: “A Polícia do DF, mesmo com todas as defasagens que enfrenta, não deixa de cumprir suas funções, com dignidade e heroísmo, graças ao comprometimento profissional de seus integrantes. Em nosso governo, suas reivindicações serão tratadas com prioridade e respeito”. Vejam. Volto em seguida.
Se preciso, clique na imagem para ler. Quando o sr. Agnelo assinou esse documento, a taxa de homicídios do Distrito Federal já era uma das mais altas do país: 34,2 por 100 mil habitantes, segundo o Mapa da Violência. E a PM já era uma das mais bem pagas. A que defasagem ele se referia? Sim, Agnelo decidiu acenar com o paraíso. Não se faz proselitismo com homens armados.
Nesta segunda, com 14 assassinatos ocorridos no fim de semana, Agnelo, mais uma vez, ficou de boca fechada. Negou-se a falar com a imprensa. Ele desenvolve uma espécie de método nessas horas: olha para o vazio e segue adiante, cercado por brutamontes.
Igualmente vergonhoso, reitero, é o silêncio do governo federal a respeito. A carnificina acontece a alguns metros dos respectivos gabinetes de Dilma e José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça.
Neste domingo, numa troca de tiros entre bandidos, uma criança que brincava num ponto de ônibus morreu com um tiro na cabeça. A ministra Maria do Rosário não emitiu nenhuma nota oficial.