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Novo partido de Kassab: por que Dilma entra, mais uma vez, num jogo de “perde-perde”? Ou: PMDB e DEM vão à Justiça contra truque

As pessoas têm o direito de caminhar para o abismo. Dilma é uma pessoa. Logo, Dilma tem o direito de caminhar para o abismo. Se a “presidenta”, como eles dizem, quer ser vítima do silogismo perfeito, o que fazer a não ser assistir à sua queda espetacular? Ela está numa enrascada em razão de escolhas […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 01h46 - Publicado em 25 mar 2015, 16h44

As pessoas têm o direito de caminhar para o abismo. Dilma é uma pessoa. Logo, Dilma tem o direito de caminhar para o abismo. Se a “presidenta”, como eles dizem, quer ser vítima do silogismo perfeito, o que fazer a não ser assistir à sua queda espetacular?

Ela está numa enrascada em razão de escolhas que fez e de escolhas que não fez. Poderia fazer outras tantas para tentar se segurar no cargo enquanto der ou para evitar turbulências desnecessárias. Mas ela não é do ramo. Está na cara que, a esta altura, deveria chamar seu ministro das Cidades, Gilberto Kassab, e dizer: “Pare com esse negócio de criar o PL agora. Isso só me arruma confusão com o PMDB. Se essa gente quiser, acaba me empurrando para o impeachment, e não haverá Supremo que salve, até porque nem sei quantos capetas vão sair ainda da Operação Lava-Jato”.

Mas Dilma não faz isso. Ao contrário! Por tudo o que se sabe e se dá como certo em Brasília, Kassab está criando o PL sob a inspiração da… governanta. Para vocês terem uma ideia, entre 2007 e 2014, o famoso Cleovan Siqueira (conhecem?), o suposto chefão do suposto novo partido, havia conseguido apenas 80 mil assinaturas para criar a sigla. Aí a máquina kassabiana entrou na parada e se alcançaram as 500 mil, embora reportagem da Folha já tenha evidenciado a existência de fraudes. Nota para quem ainda não entendeu: parlamentares hoje na oposição ou no PMDB não poderiam migrar para siglas já existentes, inclusive o PSD, de Kassab, mas poderiam ir para uma nova: o tal PL.

Muito bem! O Congresso já aprovou medidas restritivas à criação de novas legendas: a fusão com outros partidos só poderá se dar depois de cinco anos, e os parlamentares migrantes não levarão a parte correspondente ao tempo na TV e ao Fundo Partidário. Espertamente (será que é esperto mesmo?), Dilma deixou para sancionar a lei só nesta quarta, um dia depois de o PL ter entrado com o pedido de registro, o que poderia se dar, em tese, pela lei antiga. Dilma vetou algumas minudências, o que também é do gosto dos que pretendem criar a nova legenda.

DEM e PMDB decidiram recorrer à Justiça Eleitoral. Mais uma vez, para Dilma, é um jogo de perde-perde, como foi o lançamento da candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a presidência da Câmara: se Eduardo Cunha fosse derrotado, ela teria contra si fatia considerável do PMDB. Se ganhasse, também! Bingo! Cunha, a propósito, já declarou guerra ao tal novo partido e vê na lambança o dedo do Planalto: “Tem um manancial de briga jurídica pela frente. Duvido que algum parlamentar vá poder se filiar a esse partido enquanto não tiver definição se alguém pretende disputar as eleições de 2016. Infelizmente, está se optando para sair do campo político para ir para o campo jurídico. Não são partidos com ideologia, com formação para disputar processo eleitoral normal. São partidos criados dentro da máquina do governo com o objetivo de tirar parlamentares de outro partido”.

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O presidente da Câmara disse ainda que o Congresso irá derrubar o veto que a presidente Dilma fez ao projeto: “Acho que não deveria ter tido nenhum veto no projeto, aquilo não é matéria do Poder Executivo, é de partido político, não afeta a governabilidade. Nós vamos trabalhar com toda força para derrubar esse veto. Isso mostra mais uma vez que o governo estava empenhado na criação desse partido”, disse.

Agora, se a Justiça der um “ok” para a criação do PL — o que será um escândalo a céu aberto —, haverá, sim, a migração de alguns peemedebistas, o que vai indispor o partido com Dilma. Se a Justiça disser “não”, a indisposição está dada porque é evidente o dedo do Planalto na tentativa de quebrar as pernas do PMDB. Por que alguém entra numa operação como essa? Não sei.

Dilma desafia a lógica.

Dilma desafia o bom senso.

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Dilma desafia o óbvio.

Acho que isso diz muito da qualidade do seu governo. Tudo compatível com quem tem nove coordenadores políticos — Kassab inclusive.

E o que deve fazer a Justiça Eleitoral? Os juízes já sabem tudo o que é preciso saber sobre o PL: quem o está criando; por quê; as suas especificidades, digamos, “ideológicas”; que mão balança o berço… Ficarão entre fazer a coisa certa e se desmoralizar.

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