Nicolas Sarkozy é o cara!
Eles são iguais em todos os lugares. Na terça à noite, um delinqüente, fichado pela polícia por causa de vários crimes, teve um problema na Gare du Nord, estação de metrô de Paris. A polícia o deteve. Havia alguns magrebinos dando sopa por ali. Iniciaram uma baderna. Quebra-quebra, incêndios. Depois de seis horas de confronto, […]
Na terça à noite, um delinqüente, fichado pela polícia por causa de vários crimes, teve um problema na Gare du Nord, estação de metrô de Paris. A polícia o deteve. Havia alguns magrebinos dando sopa por ali. Iniciaram uma baderna. Quebra-quebra, incêndios. Depois de seis horas de confronto, 9 feridos e 13 pessoas detidas. A esquerda francesa não teve dúvida: partiu para cima de Nicolas Sarkozy, ex-ministro do Interior e candidato conservador à Presidência da França. Ele lidera as pesquisas para o primeiro e segundo turnos.
A candidata socialista Ségolène Royal acusou Sarkozy de ser o responsável pelas disputas raciais. Segunda ela, seu adversário sempre escolheu a força em vez de resolver as causas dos conflitos, que estariam no desemprego. Nota: dos nove feridos, quatro são da empresa que administra o metrô, quatro são da empresa ferroviária, e um é policial. As “vítimas sociais” batem, mas não apanham. Segundo o conselheiro especial de Ségolène, o ex-ministro Jack Lang, estes acontecimentos “não são fruto da casualidade e ilustram o fracasso da política de segurança” do candidato conservador.
No Brasil, o “candidato conservador” faria o quê? Em primeiro lugar, sairia correndo, com medo da mídia. Na França, ela é tão “petralha” quanto aqui: o petralhismo lá deles, né? Em lugar de Emir Sader, Voltaire, ulalá! Depois, sairia concordando com as razões do adversário, afirmando que sim, “realmente, com efeito, os problemas sociais, vocês sabem como é, mas tudo faremos etc e tal.” Tímido, com o rabo entre as pernas, deixando-se seqüestrar, no caso deles, pela baderna magrebina.
Mas não Sarkozy. Controlou a escória com mão de ferro quando ela resolveu incendiar o país no fim de 2005. Culpa sua? Não. Mas do estado francês, que garante casa e comida aos desocupados. Eles só precisam entrar com a prosopopéia militante. Sarkozy não teve dúvida: nesta quarta, foi ao local do conflito, deu seu apoio integral à Polícia e prometeu ainda mais rigor. E contra-atacou: afirmou que, se sua adversária e a esquerda “querem ficar ao lado dos que não pagam sua passagem no trem”, problema deles. E conseguiu ser óbvio e exato: o que há de anormal em deter quem não paga passagem? É mesmo: o que há de anormal nisso?
Tomara que seja eleito. A eleição é no dia 22 de abril. Sarkozy é o cara. Os nossos conservadores — ou, vá lá, não-petistas — têm muito o que aprender com ele.