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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Nenhuma carta de demissão deveria ser maior do que a do suicídio de Getúlio; é uma questão de senso de ridículo! Rossi acha que foi demitido por VEJA…

Wagner Rossi, já ex-ministro da Agricultura, escreveu uma carta de demissão de tirar o fôlego do leitor. Getúlio Vargas se matou com muito menos palavras,  num dos eventos mais dramáticos da história brasileira. Qualquer político, pois, que se demite apenas de um cargo, não da vida, deveria escrever menos do que ele. Mas, para tanto, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 11h04 - Publicado em 17 ago 2011, 21h09

Wagner Rossi, já ex-ministro da Agricultura, escreveu uma carta de demissão de tirar o fôlego do leitor. Getúlio Vargas se matou com muito menos palavras,  num dos eventos mais dramáticos da história brasileira. Qualquer político, pois, que se demite apenas de um cargo, não da vida, deveria escrever menos do que ele. Mas, para tanto, é preciso ter senso de ridículo. E Rossi, como se nota, não tem. Evidenciou isso quando confessou ter andado pra lá e pra cá no jatinho de uma empresa com negócios com o governo, mas “poucas vezes”. Ele acha que pouca ilegalidade é bobagem.

Segue o seu texto. Há trechos verdadeiramente incompreensíveis, ou que soam como confissão, sei lá eu. Quem lê a sua carta conclui que ele caiu por excesso de competência e moralidade.

Rossi está se cercando do pior tipo de gente, que o estimula a ter ódio da imprensa. A canalha do subjornalismo da sujeira perdeu um pouco de espaço no governo Dilma e está migrando para a periferia, como o peemedebismo. Rossi não diz o nome, mas todos sabem. Sugere que um homem está por trás das denúncias publicadas pela VEJA e pela Folha. Não diz o nome na carta, mas espalha por aí: seria José Serra!!! É o que dá tanta intimidade com Chalita, o Gabriel despensador!

Esses caras são engraçados! Ora tratam Serra como alguém liquidado no próprio PSDB, ora lhe atribuem tal poder que influiria, olhem que espetáculo!, nas decisões de Dilma Rousseff, de modo que ela ganhou a eleição, mas quem demite ministros é ele. É… Já imaginaram se fosse verdade? Vejam, então, quantos serviços o tucano teria prestado ao Brasil, não é mesmo?

Inocente como diz ser, Rossi não teria nada a temer a não ser a glória. Mas me parece que ele pede demissão é para ver se o ignoram. Quem tem a sua biografia passa a torcer, a partir de um determinado momento, para não entrar na história… Segue a sua carta.

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“Brasília, 17 de agosto de 2011

Neste ano e meio na condição de ministro da Agricultura do Brasil, consegui importantes conquistas. O presidente Lula fez tanto pela agricultura e a presidenta Dilma continuou esse apoio integralmente.

Fiz o acordo da citricultura, anseio de mais de 40 anos de pequenos e médios produtores de laranja, a quem foi garantido um preço mínimo por sua produção.

Construí o consenso na cadeia produtiva do café, setor onde antes os vários agentes sequer se sentavam à mesma mesa, com ganhos para todos, em especial os produtores.

Lancei novos financiamentos para a pecuária, recuperação de pastagens, aquisição e retenção de matrizes e para renovação de canaviais.

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Aumentei o volume de financiamento agrícola a números jamais pensados e também os limites por produtor, protegendo o médio agricultor sempre tão esquecido.

Criei e implantei o Programa ABC, Agricultura de Baixo Carbono, primeiro programa mundial que combina o aumento de produção de alimentos a preservação do meio ambiente, numa antecipação do que será a agricultura do futuro.

Apoiei os produtores de milho, soja, algodão e outras culturas que hoje desfrutam de excelentes condições em prol do Brasil.

Lutei por nossos criadores e produtores de carne bovina, suína e de aves que são protagonistas do mercado internacional.

Melhorei a atenção a fruticultura, a apicultura e a produtos regionais, extrativistas e outras culturas.

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Apoiei os grandes, os médios e os pequenos produtores da agricultura familiar, mostrando que no Brasil há espaço para todos.

Deus me permitiu estar no comando do Ministério da Agricultura neste momento mágico da agropecuária brasileira.

Mas, durante os últimos 30 dias, tenho enfrentado diariamente uma saraivada de acusações falsas, sem qualquer prova, nenhuma delas indicando um só ato meu que pudesse ser acoimado de ilegal ou impróprio no trato com a coisa pública.

Respondi a cada acusação. Com documentos comprobatórios que a imprensa solenemente ignorou. Mesmo rebatida cabalmente, cada acusação era repetida nas notícias dos dias seguintes como se fossem verdades comprovadas. As provas exibidas de sua falsidade nem sequer eram lembradas.

Nada achando contra mim e no desespero de terem que confessar seu fracasso, alguns órgãos de imprensa partiram para a tentativa de achincalhe moral: faziam um enorme número de pretensas “denúncias” para que o leitor tivesse a falsa impressão de escândalo, de descontrole administrativo, de descalabro. Chegou-se à capa infame da “Veja”.

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Tudo falso, tudo rebatido. Mas a campanha insidiosa não parava.

Usaram para me acusar, sem qualquer prova, pessoas a quem tive de afastar de suas funções por atos irregulares ou insinuações de que tinham atuado com interesses menos republicanos nas funções ocupadas. O principal suspeito de má conduta no setor de licitações passou a ser o acusador de seus pares. Deram voz até a figuras abomináveis que minha cidade já relegou ao sítio dos derrotados e dos invejosos crônicos. Alguns deles não passariam por um simples exame de sanidade.

Ainda assim nada conseguiram contra mim. Aí tentaram chantagear meus colaboradores dizendo que contra eles tinham revelações terríveis a fazer, mas que não as publicariam se fizessem uma só acusação contra mim. Torpeza rejeitada.

Finalmente começam a atacar inocentes, sejam amigos meus, sejam familiares. Todos me estimularam a continuar sendo o primeiro ministro a, com destemor e armado apenas da verdade, enfrentar essa campanha indecente voltada apenas para objetivos políticos, em especial a destituição da aliança de apoio à presidenta Dilma e ao vice-presidente Michel Temer, passando pelas eleições de São Paulo onde, já perceberam, não mais poderão colocar o PMDB a reboque de seus desígnios.

Embora me mova a vontade de confrontá-los, não os temo, nem a essa parte podre da imprensa brasileira, mas não posso fazer da minha coragem pessoal um instrumento de que esses covardes se utilizem para atingir meus amigos ou meus familiares.

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Contra mim nem uma só acusação conseguiram provar. Mas me fizeram sofrer e aos meus. Não será por qualquer vaidade ou soberba minha que permitirei que levem sofrimento a inocentes.

Hoje, minha esposa e meus filhos me fizeram carinhosamente um ultimato para que deixasse essa minha luta estóica mas inglória contra forças muito maiores do que eu possa ter. Minha única força é a verdade. Foi o elemento final da minha decisão irrevogável.

Deixo o governo, agradecendo a confiança da presidenta Dilma, do vice-presidente Michel Temer, do presidente Lula e dos líderes, deputados, senadores e companheiros do PMDB e de todos os partidos que tanto respaldo me deram.

Agradeço também a todos os leais colaboradores do Ministério da Agricultura, da Conab, da Embrapa e de todos os órgãos afins. Penso assim ajudar o governo a continuar seu importante trabalho, retomando a normalidade na agricultura.

Finalmente, reafirmo: continuo na luta pela agropecuária brasileira que tanto tem feito pelo bem de nosso Brasil. Agradeço as inúmeras manifestações de apoio incondicional da parte dos líderes maiores do agronegócio e de suas entidades e também aos simples produtores que nos enviaram sua solidariedade.

Deus proteja o produtor rural e tantos quanto lutem na terra para produzir alimentos para o mundo. Deus permita que tenham a segurança jurídica necessária a seu trabalho que o Congresso há de lhes garantir. Lutei pela reforma do Código Florestal. É importante para o Brasil. Outros, talvez mais capazes, haverão de continuar essa luta até a vitória.

Confio que o governo da querida presidenta Dilma Rousseff supere essa campanha sórdida e possa continuar a fazer tanto bem ao nosso país.

Sei de onde partiu a campanha contra mim. Só um político brasileiro tem capacidade de pautar “Veja” e “Folha” e de acumular tantas maldades fazendo com que reiterem e requentem mentiras e matérias que não se sustentam por tantos dias.

Mas minha família é meu limite. Aos amigos tudo, menos a honra.

Wagner Rossi”

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