Na surdina, PT “desarquiva” possibilidade de reeleição sem limites
Por Andreza Matais, na Folha. Volto depois: Sem alarde, o presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), mandou desarquivar em abril deste ano uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que permite a reeleição sem limites para cargos majoritários, abrindo caminho para a aprovação de um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. […]
Por Andreza Matais, na Folha. Volto depois:
Sem alarde, o presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), mandou desarquivar em abril deste ano uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que permite a reeleição sem limites para cargos majoritários, abrindo caminho para a aprovação de um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O pedido partiu do deputado Fernando Ferro (PT-PE). Ele solicitou, em fevereiro, o desarquivamento de propostas sobre a reeleição e acabou colocando novamente em discussão a emenda que permitiria a perpetuação no poder, já que todas estavam apensadas.
O movimento dos petistas foi feito de forma silenciosa e pode acelerar a discussão levantada pelos deputados Devanir Ribeiro (PT-SP) e Carlos Willian (PTC-MG), que defendem a possibilidade de terceiro mandato para Lula, uma vez que a emenda já foi aprovada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara em junho de 2000.Composta por parlamentares com formação em Direito e dirigentes partidários, a comissão é considerada trincheira na Casa e dificilmente o governo conseguiria aprovar novamente o texto hoje. O relator na comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), considerou, na época, a proposta constitucional. O texto foi aprovado em votação simbólica; apenas o então deputado Bispo Rodrigues (RJ) foi contra.
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Então. Como é mesmo? Setores da esquerda sustentam que só dois grupos falam em terceiro mandato: alguns tolos do PT, sem grande importância, e a direita de corte venezuelano. Como se vê, no desarquivamento do texto, percebem-se as pegadas do “moderado” Arlindo Chinaglia (PT-SP), presidente da Câmara. O autor da proposta é um tal Inaldo Leitão (PR-PB), que não foi reeleito. O petista Devanir Ribeiro (SP) também promete a sua própria emenda. Quando menos, joga-se no cenário político uma bela ameaça, não é mesmo?
Às vésperas de votar a CPMF, é evidente que cabe ao governo e aos petistas graúdos negar qualquer compromisso com a tese. Depois, é o que se vai ver. Tem-se, claro, a palavra empenhada de Lula. Quanto ela já valeu no passado? O curioso é notar que os petistas negam a intenção tanto quanto se mobilizam em favor da possibilidade. Como sempre, o jogo ambíguo. O que antes era tratado como absurdo (não por mim, certo?) agora já é dado como “plausível”, a ante-sala do “possível”, que fica ainda um tanto longe do “provável”. Mas está tudo no mesmo corredor.