Na reforma ministerial, Dilma troca seis por meia dúzia
A presidente Dilma Rousseff trocou seis ministros por meia-dúzia. Uns vão, outros ficam, e tudo permanece na mesma. No que diz respeito à crise com o PMDB, nada muda — não por causa da reforma ao menos. O partido conservou os ministérios do Turismo e da Agricultura. O primeiro vai para Vinicius Nobre Lages, hoje […]
A presidente Dilma Rousseff trocou seis ministros por meia-dúzia. Uns vão, outros ficam, e tudo permanece na mesma. No que diz respeito à crise com o PMDB, nada muda — não por causa da reforma ao menos. O partido conservou os ministérios do Turismo e da Agricultura. O primeiro vai para Vinicius Nobre Lages, hoje gerente de assessoria internacional do Sebrae. Assume o lugar de Gastão Vieira. Para a Agricultura, ascende Neri Geller, hoje secretário de Política Agrícola. Ocupará a cadeira de Antônio Andrade. Os que saem eram considerados representantes dos deputados do PMDB; os que entram não contam com a bênção da bancada, que preferiu não se comprometer com a escolha.
O PP, partido que o governo conseguiu cooptar, arrematando parte da bancada, que integrava o blocão, manteve o filé mignon do Ministério das Cidades. Gilberto Occhi, um dos vice-presidentes da CEF, arrume a pasta em lugar de Aguinaldo Ribeiro. Sob o comando das Cidades está o principal programa social do governo Dilma, depois do Bolsa Família: o Minha Casa Minha Vida. É uma área que, hoje em dia, só tem bônus, quase sem ônus. Pouca gente sabe que caberia à pasta responder imediatamente por algumas catástrofes, como a enchente da Região Norte, por exemplo. O ministro só aparece na hora de distribuir as casinhas. Uma beleza! O PP já está no papo.
O Desenvolvimento Agrário não só continua com o PT como não muda nem de tendência: permanece com a Democracia Socialista, uma das correntes de esquerda do partido, que ocupa o aparelho desde 2003, com a chegada de Lula ao poder. Sai Pepe Vargas, volta Miguel Rossetto, que já ocupou a função entre 2003 e 2006. Embora o MST viva aparentemente às turras com o governo — porque quer sempre mais —, na prática, é o movimento que manda na pasta. Não aceitaria que ela fosse entregue para outro grupo.
Para o Ministério da Ciência e Tecnologia, a presidente escolheu Clélio Campolina Diniz, ex-reitor da Universidade de Minas Gerais. Substitui Marco Antônio Raupp. É uma escolha pessoal da presidente, fora das cotas partidárias.
O caso do Ministério da Pesca e Aquicultura, que já é, em si, uma piada, mergulhou agora nas águas do surrealismo. Quando Marcelo Crivella, do PRB do Rio, assumiu a pasta, no dia 29 de fevereiro de 2012, deu uma declaração muito significativa: afirmou que nunca havia posto uma minhoca no anzol. Crivella vai voltar para o Senado. Sabem quem assume em seu lugar? O seu suplente, que também pertence ao PRB do Rio e à Igreja Universal do Reino de Deus. E o que ele entende de pesca? Deixem-me ver: já foi radialista, apresentador de televisão, presidente da Folha Universal e da gráfica da igreja… Bem, ele também nunca pôs uma minhoca no anzol. Mas tudo bem! Como o ministério não existe, também não precisa de um especialista.
Dilma, em suma, não nomeou ministros. Continuou a cuidar do tempo que terá no horário eleitoral gratuito.