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Microcefalia – Órgão da ONU, numa atitude de impressionante delinquência, pede liberação do aborto

A microcefalia, na maioria dos casos, não é incompatível com a vida. É uma imperfeição, a exemplo de milhares de outras, que acomete os seres humanos. Se a ONU acredita, por meio do seu comissariado específico, que esses fetos têm de ser eliminados, a gente é obrigado a concluir que a microcefalia tira do indivíduo a sua condição humana, sem lhe dar outra qualquer, e, por isso, pode e deve ser eliminado

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 23h34 - Publicado em 5 fev 2016, 16h33

Se a gente começa a fazer um texto acusando a ONU de ser um valhacouto de ditadores infames e de vagabundos morais, é claro que se lança uma suspeição inicial, né? “Ah, o Reinaldo gostaria de acabar com a ONU…” Por mim, se o organismo e seus braços não produzissem delinquências, já estaria de bom tamanho.

“Mas a ONU não garante a paz?” Bem, olhem para o mundo. O que se faz de melhor por lá é dar palco a falsas vítimas, justificando autoritarismos locais, em nome da reparação histórica ou da identidade cultural. Eis alguns países que fazem parte, por exemplo, do Conselho de Direitos Humanos: Angola, Benim, Congo, Etiópia, Gabão, Kwait, Serra Leoa, Uganda e Venezuela… Dá para levar a sério?

A ONU tem um troço chamado “Alto Comissariado para os Direitos Humanos”. O alto comissário em questão é um nobre jordaniano — sim, a Jordânia é uma ditadura — chamado Zeid Ra’ad Zeid Al-Hussein. A exemplo de outros asseclas de tiranos, ou tiranos eles próprios, do mundo árabe, também este tem um currículo para 400 talheres: estudou no Christ’s College, Universidade Johns Hopkins e Universidade de Cambridge.

É filho do príncipe jordaniano Ra’ad ibn Zeid e da sueca Majda Ra’ad. O casal vive em Londres, já que ninguém é de ferro. O pai do alto comissário se considera o herdeiro da Casa Real da Síria e do Iraque. Vale dizer: não será pelas mãos da família que a paz definitiva chegaria a esses dois países, não é? Afinal, a Síria já tem uma família real, e o Iraque é, para todos os efeitos, uma República. Avancemos.

Pois o Alto Comissariado, presidido por este príncipe, soltou um comunicado mundial pedindo a liberação do aborto e de métodos contraceptivos nos países mais atingidos pelo vírus zika em razão da associação da doença, a esta altura indubitável, com a microcefalia. A recomendação foi feita em Genebra. Entre os países-alvo, estão o Brasil, cuja legislação exclui de crime o aborto apenas em caso de estupro, de risco de morte da mãe e, por decisão do STF, de anencefalia.

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Os feticidas do Brasil e do mundo estão em festa. Afinal, a sua moralidade asquerosa permite que façam o proselitismo em favor do aborto usando o vírus como pretexto, mas sempre sobra a suspeita de oportunismo. Agora não mais! Agora quem está falando é um organismo da ONU.

Entrei na página do Alto Comissariado. O link está https://www.ohchr.org/EN/AboutUs/Pages/WhoWeAre.aspx  aqui. Lá a gente fica sabendo que o dito-cujo encarna “o compromisso do mundo com os ideais universais da dignidade humana”. Também se orgulha de ter “um mandato exclusivo da comunidade internacional para promover e proteger todos os direitos humanos”. Eu gostei do “todos”.

A microcefalia, na maioria dos casos, não é incompatível com a vida. É uma imperfeição, a exemplo de milhares de outras, que acomete os seres humanos. Se a ONU acredita, por meio do seu comissariado específico, que esses fetos têm de ser eliminados, a gente é obrigado a concluir que a microcefalia tira do indivíduo a sua condição humana, sem lhe dar outra qualquer, e, por isso, pode e deve ser eliminado.

Se um feto com microcefalia fosse um ovo de tartaruga, ao menos poderia ser protegido pelo projeto Tamar. Fosse um cachorro ou um minhocuçu, teria as associações protetoras dos animais e as leis ambientais. Mas é só um variante desse bicho homem que vai nascer com um defeito.

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E Zeid Ra’ad Zeid Al-Hussein é eloquente. Afirmou: “O conselho de alguns governos para que as mulheres adiem a gestação ignora na realidade que muitas mulheres e garotas simplesmente não podem exercer o controle sobre em quais circunstâncias elas vão engravidar, em especial em um ambiente no qual a violência sexual é tão comum”.

Ora, claro! Mas, então, nesse caso, é melhor o Alto Comissariado passar a defender o aborto em qualquer caso, não?  É o fim da picada.

De violência contra a mulher, convenham, Zeid Al-Hussein entende. Primeiro muçulmano a ocupar o cargo, ele não ignora as condições em que vivem as mulheres na maioria dos países que professam a sua religião. Não consta que o Alto Comissariado tenha recomendado que a polícia religiosa da Arábia Saudita, para citar um país aliado do Ocidente, pare de dar varadas em mulheres que não sabem o seu devido lugar.

O Alto Comissariado chega a falar até até me nome da lei, sugerindo que os países que não facilitarem o aborto estariam em choque com o direito internacional. Eis algo a se provar. Eu entendo que todas as nações do mundo que não garantem direitos rigorosamente iguais para homens e mulheres, por exemplo, estão agredindo um fundamento expresso nos princípios do Alto Comissariado, a saber: os direitos humanos universalmente reconhecidos como tais.

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Desta vez, a ONU superou a ONU em matéria de delinquência intelectual e moral.

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