Mesmo com placar de 11 a zero, Cunha diz que não renuncia a nada e que vai recorrer
Ele sabe que chances são reduzidas; pesaram contra ele mais as acusações de intimidação do que a de agressão ao Regimento Interno
O deputado e presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), concedeu uma entrevista demonstrando inconformismo com a decisão do Supremo, que o afastou do mandato e, portanto, da Presidência da Casa por, atenção!, 11 votos a zero.
Afirmou que vai recorrer. Ele sabe que não tem chance nenhuma de retornar ao mandato antes que seu caso seja julgado pelo Supremo. Quando for, será cassado.
Enquanto isso, acontece o quê?
1: Em princípio, Waldir Maranhão (PP-MA) segue como presidente interino da Câmara;
2: o processo contra Cunha no Conselho de Ética pode seguir adiante.
E por que Cunha não leva nenhuma chance? Pesaram na liminar concedida por Zavascki menos as agressões ao Regimento Interno — que, a rigor, não foram apontadas — do que evidências de que o deputado intimidava adversários e desafetos.
É claro que é uma decisão grave e que se reveste de certos aspectos de excepcionalidade. Cunha mesmo lembrou um fato óbvio: o senador Delcídio do Amaral foi preso por ordem do Supremo. Contra ele, pesava a gravíssima acusação de tentativa de obstruir a Justiça. Mesmo assim, não teve seu mandato suspenso. Delcídio só não está votando como uma senador qualquer porque se licenciou.
Chamo a atenção para o fato de que boa parte dos ministros, ao endossar a liminar de Zavascki, chamaram a atenção para o caráter excepcional da decisão que se tomava ali.