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Marina Silva é a versão mais agreste de Gabriel Chalita. Ou: A perspectiva aterradora

Marina Silva é o Gabriel Chalita da floresta. Depois de ouvir um discurso seu, só uma reação reproduz com exatidão a experiência do ouvinte: “Não entendi nada, mas adorei”. Hora de ser “sonhática” em vez de “pragmática”? Sei… Marina não resiste a uma análise sintática. Se vocês notarem, a sua fala é uma cascata de […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 11h25 - Publicado em 7 jul 2011, 20h11

Marina Silva é o Gabriel Chalita da floresta. Depois de ouvir um discurso seu, só uma reação reproduz com exatidão a experiência do ouvinte: “Não entendi nada, mas adorei”.

Hora de ser “sonhática” em vez de “pragmática”? Sei… Marina não resiste a uma análise sintática. Se vocês notarem, a sua fala é uma cascata de abstrações que não significa rigorosamente nada, mas sempre deixando entrever a suspeita de profundidade. Leiam isto:
“É essa a causa que nos move e nos faz reconhecer que o propósito de levar adiante, por meio do PV, na forma em que foi estruturado, não foi possível. Vamos nos reencontrar com nosso potencial para mudar o que precisa ser mudado e preservar o que precisa ser preservado.”

Chamo a atenção para uma coisinha que a gramática chama “Oração Subordinada Adjetiva Restritiva”. Querem ver?
“Mudar o que precisa ser mudado…”
Este “o” em destaque, embora muita gente não perceba, é um pronome indefinido, está no lugar de “aquilo”. Marina disse: “Mudar aquilo…” É um objeto direto. Mas qual aquilo? É preciso especificar, restringir, com uma Oração Subordinada Adjetiva Restritiva. Então ela deixa claro: “aquilo que precisa ser mudado“. Compreenderam? E o mesmo se faz para “preservar aquilo que precisa ser preservado“.

Mas qual o conteúdo do “aquilo” mutável e do “aquilo preservável“? Eu não sei. Só sei que, no Maranhão, por exemplo, muito concretamente, Marina preserva o que teria de ser mudado: é aliada de Zequinha Sarney! É o lado da família chegado ao “verde”. Fernando, o irmão que cuida dos negócios do clã, também é fã do verde, mas de outro.

Como vocês vêem, a análise sintática, se ensinada como deve, funciona como um excelente mata-burro ideológico. Ela não existe para que o estudante tenha a nomenclatura na ponta da língua. Antes de mais nada, é instrumento para se defender da picaretagem intelectual. Eu tenho um vício, confesso. As pessoas estão falando comigo, e, mentalmente, vou identificando: “objeto direto, complemento nominal, objeto indireto…” É o meu interlocutor complementar um verbo de sentido abstrato com objetos que remetem também a abstrações, e eu já o convido para uma conversa metafísica porque sempre é mais fácil a gente se entender sobre o nada…

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Pragmática, não sonhática
É claro que essa conversa frouxa de Marina me irrita um tantinho. Mas menos do que o seu fundo falso. Marina é tão sonhática, mas tão sonhática (a palavra é horrorosa!), que já contratou uma empresa que faz assessoria de imprensa e de imagem para, pragmaticamente, cuidar de embalar o seu “sonho”. E eu não vejo nada de errado nisso, não, embora tenha certa curiosidade de saber quem paga a fatura — sim, eu sei que não falta dinheiro aos defensores da natureza, grana oriunda, claro!, dos créditos de carbono… Não há nada de errado, reitero, mas ela sempre passa a impressão de que artificiais são os outros; suas verdades brotariam da terra.

De agora em diante, lá vêm eventos nos parques, nas praças, na Internet… Haverá muitos “Tuitando com Marina” e “Facebookeando com Marina”…

PS – Dia desses acompanhei parte de uma conversa de quatro adolescentes, que haviam deixado momentaneamente de lado os seus respectivos smartphones Blackberry, por meio dos quais conversam em rede pelo BBM… Conquistas da floresta, vocês sabem.  Estavam indignados com… Belo Monte e com essa “mania” do Brasil de construir hidrelétricas e matar os bichinhos!!! Aprenderam com seus professores, a peso de ouro, que energia nuclear é um mal, que termelétrica é um mal, que hidrelétrica é um mal, que agronegócio é um mal… Entrei meio de lado na conversa, como quem não quer nada — sabem como adolescentes podem ser hostis com quem “pensa” que sabe mais… “Mas como vamos conseguir energia então?” E descobri, meus queridos, que, segundo os professores, “the answer is blowin’ in the wind”… “Ih, gente, mas energia eólica ainda não consegue suprir a nossa necessidade de energia elétrica; o custo seria gigantesco”. E um deles objetou: “Agora, por causa do dinheiro, vamos destruir a natureza?”

Mudei de meio ambiente, peguei um uisquinho, que o ministro Lewandowski considera símil à maconha, à cocaína e ao crack, e comentei com Dona Reinalda: “A perspectiva pessimista é o PT ficar muito tempo no poder; a perspectiva aterradora é sermos levados a sentir saudade dos petistas…”

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