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MARINA: EM CIMA DO MURO E ACIMA DOS HOMENS REAIS?

Leiam o que informa Bernardo Mello Franco, na Folha Online. Volto em seguida: Marina diz que não irá posar com bandeira do movimento gay A pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva, afirmou nesta quinta-feira que não vai empunhar ou posar para fotos com a bandeira arco-íris, símbolo do movimento gay. Ela disse ter sido […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 15h31 - Publicado em 15 abr 2010, 18h54

Leiam o que informa Bernardo Mello Franco, na Folha Online. Volto em seguida:

Marina diz que não irá posar com bandeira do movimento gay

A pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva, afirmou nesta quinta-feira que não vai empunhar ou posar para fotos com a bandeira arco-íris, símbolo do movimento gay. Ela disse ter sido vítima de um mal-entendido no episódio em que o vereador Sander Simaglio do PV em Alfenas (MG) a acusou de esconder uma bandeira do movimento gay entregue por ele.

Ao comentar a polêmica, Marina disse: “Não vou levantar a bandeira (arco-íris), assim como não faço como os demais movimentos. Não costumo fazer esse tipo de coisa.” Marina afirmou fazer o mesmo com o MST (Movimento dos Sem-Terra) apesar de se considerar aliada do movimento.

Evangélica, a senadora reafirmou, porém, ser contra o casamento gay religioso. “Existem políticas públicas e nenhuma pessoa pode ser discriminada. Quando se trata de sacramento reivindico minhas questões de consciência como no caso do aborto.”

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Em e-mail que circula na rede, Sander Simaglio afirma que Marina se recusou a estender a bandeira em ato na última sexta-feira, em Belo Horizonte. Ele relata ter viajado 800 quilômetros com o presente no bolso do paletó e se diz frustrado com a reação e o “semblante de espanto” da senadora.

“A senhora, para minha surpresa, dá um jeitinho de me abraçar com uma mão e com a outra, por baixo, esconder mais que depressa o símbolo da luta do movimento homossexual brasileiro”, afirma no texto.

Comento
É, a equação é delicada, não é mesmo? Marina se apresenta como uma candidata que, como é mesmo?, não está nem à direita nem à esquerda de Lula, mas à frente. Não é anti-Lula nem anti-FHC. Não é nem contra nem a favor a usina de Belo Monte. Indagada se Cuba é uma ditadura, Marina se nega a ser,assim, tão taxativa… Não, ela não é contra o agronegócio, só se opõe àquele que não respeita o meio ambiente. Ela é a favor do MST, mas é contra a violência. E vai por aí…

Qual é a dificuldade de chamar Cuba de “ditadura”. Ah, isso é coisa da direita!!! Como ela vem dos movimentos sociais, não fica bem… Entendo. Claro que ela não se oporia ao agronegócio — é como ser contra a comida —; só se opõe àquele que agride a natureza. Mas quem define isso? Ultimamente, é a militância, inclusive a de Marina. Logo, Marina não é contra aos parâmetros estabelecidos por… Marina. Quanto ao MST  — e, abaixo, há um vídeo com Stedile no melhor de sua forma —, indaga-se: existe o movimento sem a violência? Quem responde é o chefão.

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Ora, quem de nós não é favor de todas as coisas boas e contra todas as coisas ruins? Acontece que, em política, essas coisas se embaralham, e é preciso fazer escolhas. A turma de Marina procura apontar ambigüidades nos adversários. Mas e Marina? Ela é clara?

Há, sem dúvida, uma larga avenida na política para lideranças que se fazem porta-vozes de demandas que não integram o mainstream ou que não são endossadas pelo establishment. Mas há limites. O sujeito até pode ser o deputado ou senador “do meio ambiente”, das “minorias sexuais”, das “minorias raciais”, dos “sem-isso-e-sem-aquilo”. A virtude dessas lideranças, observem, está em rachar o consenso, em demonstrar que as coisas não se dão exatamente como pensa a maioria.

Quem disputa a Presidência tem de unir, tem de buscar é o consenso. Na largada, o tucano José Serra foi mais inteligente e empunhou essa bandeira. Se vai vencer, não sei. Mas fez a coisa certa. Dilma também persegue esse figurino, embora tenha de lutar contra si mesma, já que só entende a linguagem do confronto. Marina está percebendo, como candidata à Presidência, que o mesmo perfil que a alçou a uma liderança de expressão nacional — conhecida no mundo — também acaba por lhe criar limites e constrangimentos. A razão é óbvia: concordar com uma minoria pode significar, em certos casos, opor-se a outras.

O militante gay que agora reclama de seu suposto descaso aprendeu que ela só chegou lá porque enfrentou toda sorte de preconceitos e dificuldades para sair da floresta e ganhar o mundo. Ele também se quer um oprimido na floresta dos preconceitos sexuais. E vê , a exemplo de todas as outras minorias, a sua causa como uma metáfora da causa dela.

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Ok. Marina pode não estar nem à direita nem à esquerda. Só que, em vez de estar à frente, corre o risco é de ficar em cima do muro e acima dos homens reais.

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