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Lula, Dilma, Jaques, sem-vergonhice da distribuição de cargos e a derrota do lobo

Jaques Wagner admitiu que o governo está fazendo leilão de cargos para impedir o impeachment, que ele voltou a chamar de “golpe”

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 23h08 - Publicado em 30 mar 2016, 06h03

Embora este seja um governo criminoso, segundo Rodrigo Janot, procurador-geral da República — que, não obstante, ainda não denunciou a presidente Dilma —, era de esperar que o governo fosse reagir à decisão do PMDB de deixar o governo. Ministros ainda resistem, mas parece claro, a esta altura, que os que decidirem ficar devem deixar a legenda.

O que vai além da imaginação, mesmo a mais criativa, é que seja Luiz Inácio Lula da Silva, um homem sem cargo na Esplanada dos Ministérios, a comandar essa reação. Isso, por si só, é evidente, é um atentando contra a probidade administrativa. Notem: Lula não foi nomeado nem sequer assessor especial da presidente Dilma.

Não obstante, ocupa um quarto de hotel que se tornou local de romaria de interessados em trocar um voto em favor do impeachment por um ministério ou uma sinecura qualquer. Afinal, a debandada do PMDB pode abrir ao menos 800 vagas. Dado o padrão da moralidade nacional, vocês já viram para onde vai isso.

Insisto neste aspecto e convoco a consciência jurídica da nação, além de chamar no tento o Ministério Público: É ESCANDALOSAMENTE CLARO QUE ISSO FERE O INCISO V DO ARTIGO 85 DA CONSTITUIÇÃO. Trata-se de mais um crime de responsabilidade da presidente Dilma. Aliás, ela os vem acumulando. Já dá para fazer um colar.

Lula passou o dia de ontem negociando com líderes de PR, PP, PEN, PHS, Pros, PTdoB, PTN e PSL. Fazia o quê? Negociava cargos, uma função privativa da presidente da República e de seus ministros. Mas ela preferiu deixar isso sob a responsabilidade de um homem investigado, a quem, segundo Janot, ela tentou fazer ministro para obstruir a Justiça. Cadê a denúncia, sr. procurador-geral?

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E não pensem que o governo está tentando esconder a nobre tarefa de Lula. Sem medo do ridículo (não é um cuidado que tenha habitualmente), Jaques Wagner, hoje um assessor de Dilma, depois que o ex-presidente passou a exercer ilegalmente a Casa Civil, confessou tudo. Segundo ele, como o governo acha o impeachment um golpe e “como se trata de votos no Congresso, é claro que é uma agenda do governo conquistar esses votos. E a melhor forma de conquistar votos é ampliar o espaço de aliados e fazer uma repactuação”.

Ah, entendi! Seria o primeiro golpe da história que seria contido com a distribuição de cargos. Logo, se a boquinha faz com que a pessoa não vote contra Dilma, então, na hipótese de as coisas darem certo para presidente e errado para o país, teremos um governo de chantagistas com preço.

Notem a forma peculiar como Wagner raciocina: transforma um procedimento constitucional em crime. Feito isso, então pode enfiar o pé na jaca na suposição de que apenas responde à agressão do outro. Não é mesmo fabuloso? Literalmente! É a fábula do lobo e do cordeiro sem tirar nem pôr.

O primeiro queria papar o segundo. Mas era um lobo do tipo petista: gostava de fazer a sujeira com motivos aparentes ao menos. Então acusou o outro de turvar a água que bebia. A vítima potencial respondeu ser impossível já que o fazia morro abaixo, e a correnteza impedia que sujasse a água do seu antípoda. Sem se deixar vencer, o lobo acusa o cordeirinho ainda sem dentes de danificar o pasto. É desmentido. “Ah, você andou me difamando no ano passado”, disse o malandro. Impossível, o filhote não tinha idade.

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O lobo se encheu e comeu o carneiro sem argumentos mesmo. A moral da história é sabida: contra o argumento da força, pouco adianta a força do argumento.

Muito ativo, Jaques Wagner chegou a anunciar nesta terça o início de um novo governo. Nem me diga! Novo mesmo! Nunca antes na história destepaiz se fez um ministério segundo critérios tão técnicos, não é mesmo?

Tenho para mim, no entanto, que o desfecho no Brasil será diferente. Conto com o estado de direito para, desta feita, enquadrar o lobo bobo.

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