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Lula, a Inês de Castro barbuda: depois de morta, ela foi rainha!

Ex-presidente pede ao pleno do Supremo que examine liminar de Gilmar Mendes que o impediu de ser ministro de Dilma. Pra quê? Leiam

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 16 fev 2017, 07h24 - Publicado em 15 fev 2017, 00h19

E Lula quer ser aquele que foi sem nunca ter sido. É o nosso candidato a Inês de Castro do petismo: aquele que, depois de morto (refiro-me ao projeto do PT), tornou-se ministro. Já chego lá.

É chato ter de ficar repetindo as coisas, mas lá vai. Só os petistas e certa direita xucra sustentam que o Apedeuta estava para o governo Dilma como Moreira Franco está para o de Michel Temer.

O que os diferencia? Tudo! Comparados ambos, cada um em seu tempo, estão em situações diversas. Lula já era formalmente um investigado, o que Moreira Franco não é. Sabe-se, em razão de um vazamento, que foi citado por um delator da Odebrecht.

Lula não exercia cargo nenhum no governo Dilma. Claramente, buscou-se guindá-lo à Casa Civil à época para tirá-lo das garras de Sergio Moro. Mais do que isso: ele era considerado o único com condições, no petismo, de barrar o impeachment. Tanto é assim que montou num hotel o que estava destinado a ser um balcão de favores.

Moreira Franco já era um dos principais interlocutores do presidente Michel Temer, com mais influência do que a esmagadora maioria dos ministros. Na prática, era já um ministro. Não foi um arranjo, improviso.

Agora Inês de Castro

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Mas Lula não se conforma, certo? Se Inês, “depois de morta, foi rainha” (pesquisem rapidamente sobre a vida da nobre senhora…), na formulação literalmente imortal de Camões, Lula, depois de apeado do poder, quer ser ministro. Nem que seja simbólico.

Ele formalizou um pedido no Supremo para que o pleno decida se sua nomeação foi ou não legal. E o fez pouco depois de Celso de Mello negar liminar suspendendo a posse de Moreira Franco. Como se sabe, liminar concedida por Gilmar Mendes, em março do ano passado, impediu a posse do ex-presidente na Casa Civil, apontando desvio de função.

Escreve a defesa de Lula no pedido para que a decisão de Mendes seja apreciada pelo pleno: “Verifica-se, portanto, que em situação em tudo e por tudo idêntica à do peticionário não se impôs qualquer óbice para a assunção da função de ministro de Estado por Wellington Moreira Franco”.

Só a direita aborrecida e as esquerdas acham que são coisas equivalentes.

Mas por que agora?

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Bem, vamos ver. Mendes concedeu a liminar. Antes que um recurso fosse apreciado pelos demais ministros, Dilma foi afastada da Presidência em razão da aceitação, pelo Senado, do processo de impeachment — vale dizer: tornou-se ré. E Lula, claro, não chegou a ministro.

Efeito prático?
A defesa do ex-presidente afirma: “Embora a liminar deferida nestes autos já tenha produzido graves — e irreversíveis — consequências para o Peticionário e para o País, não se pode permitir que um ato jurídico válido, que foi a nomeação do peticionário para o cargo de ministro de Estado, fique com uma mácula indevida”.

É evidente que Lula pretende mais do que ser uma simples Inês de Castro barbuda. Caso o Supremo decida reexaminar a questão e na hipótese de a liminar de Mendes ser simbolicamente derrotada, é claro que Lula sairá por aí a se dizer uma vítima.

E quem vai se ocupar do pedido? Bem, a petição teve ser enviada ao próprio Mendes. Suponho que, em algum momento, o ministro vai fazer uma consulta ao plenário a respeito.

Ah, ocorreu-me agora: irá ele reivindicar por algum tempinho ao menos o foro especial por prerrogativa de função?

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Isso tudo não passa, como é evidente, de espuma política. Mas Lula é político, não é? Nem sempre é uma atividade em que  a lógica e o bom senso se estreitam em defesa da virtude…

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