João Dias, autor da denúncia contra ministro do Esporte, é policial rico e temido pelo poder; ficou milionário depois que se ligou ao grupo de Agnelo Queiroz, o petista que governa o DF
Por Jailton de Carvalho, no Globo: O soldado da Polícia Militar João Dias Ferreira bate no peito e fala grosso contra o ministro do Esporte Orlando Silva da mesma forma que vinha fazendo nas últimas semanas contra o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Ex-militante do PCdoB de Orlando Silva e dono de duas ONGs […]
Por Jailton de Carvalho, no Globo:
O soldado da Polícia Militar João Dias Ferreira bate no peito e fala grosso contra o ministro do Esporte Orlando Silva da mesma forma que vinha fazendo nas últimas semanas contra o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Ex-militante do PCdoB de Orlando Silva e dono de duas ONGs voltadas ao esporte, João Dias se tornou um dos policiais mais ricos e temidos de Brasília. Com um arquivo no qual constariam vídeos e papéis de conteúdo explosivo, o soldado enfrenta os superiores, escapa de investigações e ainda indica apadrinhados para cargos no governo Agnelo. “O João Dias afirma ter provas que demonstram tudo o que diz”, afirmou o advogado Michael Roriz de Farias.
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Depois que ingressou nas fileiras do PCdoB, João Dias passou a comandar duas ONGs – a Federação Brasiliense de Kung-Fu e a Associação João Dias de Kung-Fu -, fez convênios com o Ministério do Esporte, durante a gestão de Agnelo, e montou duas academias de ginástica. Atualmente, mora numa mansão em condomínio fechado, com três carros importados na garagem: um Camaro, um Volvo e uma BMW. Patrimônio bem acima do rendimento mensal de um soldado brasiliense, em torno de R$ 4,5 mil por mês.
O poder de fogo de João Dias pareceu mais evidente quando ele, de um blog que mantém na internet, chamou Orlando Silva de “bandido” . Mas a influência do soldado é antiga. Uma das mais eloquentes demonstrações se deu em agosto. Pouco mais de um ano depois de passar cinco dias preso sob a acusação de desviar R$ 3,2 milhões do programa Segundo Tempo, João Dias emplacou o afilhado Manoel Tavares na BRB Seguros, a corretora do Banco Regional de Brasília, um dos cargos mais cobiçados do governo local.
Antes de ir para a seguradora, Tavares passou alguns meses, também por indicação de Dias, como diretor da Companhia de Planejamento do Distrito Federal, outro cargo cobiçado. A perda da indicação não implicou em diminuição de poder. Logo depois da demissão de Tavares, o ex-presidente da Codeplan Miguel Lucena foi escalado para “acalmar” o soldado. “Ele estava indócil”, contou Lucena a um interlocutor depois do encontro em que tentava evitar a cólera do soldado. Lucena não teve sucesso na missão. Menos de dois meses depois, João Dias começou a cumprir parte das ameaças que vinha fazendo e, em blog e entrevistas, disparou contra o governador e Orlando Silva. Aqui.)