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Janot pede que PF apure vazamento; não basta! É preciso pedir que procuradores desembarquem da tese do PT

O procurador-geral ainda deve um puxão de orelhas em Deltan Dallagnol, que decidiu ser o “enfant terrible” da Lava-Jato

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 22h30 - Publicado em 14 jun 2016, 17h50

Rodrigo Janot, procurador-geral da República, solicitou formalmente que a Polícia Federal investigue o vazamento dos pedidos de prisão de José Sarney, Romero Jucá e Renan Calheiros, que ele havia enviado ao ministro Teori Zavascki. O episódio teve uma péssima repercussão. O ministro Gilmar Mendes disse que estavam brincando com o Supremo.

Aí Janot ficou mais revoltado com Mendes do que com o vazamento em si. Chegou a enviar recados indiretos ao ministro. Ele nega que a origem tenha sido a PGR. É mesmo?

Então cabe a pergunta: por que investigar só esse vazamento e não os demais? Vamos convir: nesse particular, a Lava-Jato é como água jogada numa peneira. Já escrevi aqui e repito: jornalistas têm de publicar o que apuram. Se uma autoridade vaza, que o público saiba, mas não venha Janot fazer de conta que ignora o que está em curso.

E está em curso uma perda de parâmetros. O saudável e necessário desejo de fazer justiça e de pôr fim à impunidade está dando asas a certo voluntarismo que é contraproducente: pode acabar colaborando com a impunidade.

Por que digo isso?

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Janot não pode fazer de conta que Deltan Dallagnol, na sequência do vazamento, não concedeu duas entrevistas em que denuncia um grande complô contra a Lava-Jato, de que o conteúdo dos diálogos gravados por Sérgio Machado seria a prova.

Ora, e quem é Dallagnol? É o “enfant terrible” da Lava-Jato, não? No sentido mesmo em que os franceses empregam a expressão. De tal sorte seria puro, de tal sorte seria inocente, de tal sorte seria cândido que acaba dizendo supostas verdades chocantes.

Ora, Dallagnol denuncia estar em curso uma conspiração contra a Lava-Jato de que projetos de lei reais ou ainda virtuais seriam as maiores evidências. Foi ele quem usou as gravações que vieram ilegalmente a público, o que o próprio Janot denunciou como crime, para justificar a sua tese.

Se existe uma conspiração, se existe uma armação, se existe um complô, os procuradores não têm outra saída que não identificar o crime que está sendo cometido, os criminosos e encaminhar ou pedidos de abertura de inquérito ou denúncia. O que não dá é para sair por aí dizendo que a República está à beira do abismo sem que se apontem os responsáveis.

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O governo Temer já deixou claro que não vai interferir na Lava-Jato. O ministro Alexandre de Moraes (Justiça) já tomou uma providência precisa: convidou Leandro Daiello, superintendente da Polícia Federal, para permanecer no cargo. Ora, onde estão as ameaças?

Se Janot quer mesmo botar ordem na casa, não tem de enviar recados malcriados a ministros do Supremo, que estão defendendo a lei. Cumpre-lhe fazer o que não fez: dar um puxão de orelhas em Deltan Dallagnol e lhe recomendar que se deixe atrair menos pelos holofotes. Ele não é o Robespierre da Lava-Jato — até porque não é uma boa ideia, se ele bem se lembra.

O que não é possível é ter a estrela da operação a conceder entrevistas por aí repetindo, no fim das contas, o que dizem Dilma Rousseff e os petistas: o impeachment só aconteceu porque o PMDB queria pôr fim à Lava-Jato.

Tudo bem pensado, Dallagnol repetiu o texto. E isso é apenas uma mentira. Em suma: atenta contra a operação quem recorre a meios impróprios para fazer triunfar uma vontade ou a uma tese. Nem importa saber se está com boas ou más intenções.

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