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Imprensa alternativa e bobos da corte

Num post de ontem, em que reproduzi a Carta ao Leitor da Veja desta semana dando conta do excelente desempenho publicitário da revista, fiz um título com duas alusões, vejam lá: “É assim que se faz imprensa alternativa; o resto é seção de secos & molhados”. Um monte de leitor ficou feliz com a notícia, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h53 - Publicado em 18 dez 2006, 08h07
Num post de ontem, em que reproduzi a Carta ao Leitor da Veja desta semana dando conta do excelente desempenho publicitário da revista, fiz um título com duas alusões, vejam lá: “É assim que se faz imprensa alternativa; o resto é seção de secos & molhados”. Um monte de leitor ficou feliz com a notícia, conforme se lê nos comentários. E também chegaram muxoxos. “Imprensa alternativa?”

O alternativismo, como sabemos, tem de ser necessariamente de esquerda. São ecos daquele tempo em que se resistia à ditadura militar em nome de amanhãs que haveriam de cantar. Eu mesmo comecei no jornalismo vendendo jornal: a publicação Versus, da Convergência Socialista. Depois, espírito indômito que era e, bom trotskista, chegado a um racha, fui ser jornaleiro de O Trabalho, da Libelu. Até renunciar à servidão voluntária, hehe…

É claro que chamar a maior revista do país — e uma das maiores do mundo — de “imprensa alternativa” é uma brincadeira com as palavras. A que alternativa me refiro? A Carta ao Leitor explica: “A participação dos anunciantes em VEJA nos permite existir sem a preocupação de agradar ou de obter favores de quem quer que seja. São os anunciantes que nos dão as condições materiais de, a cada número, renovar nosso compromisso exclusivo com os leitores.”

Eis aí a verdadeira “alternativa”. A do leitor. E o que é feito daquele alternativismo de antes? Está como Blanche DuBois: “Dependendo da boa vontade de estranhos” — de pessoas estranhas ao fazer jornalístico e à liberdade de informação. Se você tem muitos anúncios (de empresas públicas ou privadas, pouco importa) porque tem muitos leitores, excelente! É livre. Ruim é ser desprezado pelo mercado, contar com o leite de pata da ajuda oficial e depois ter de correr atrás de um público para justificar a prebenda. E ainda subir no banquinho para fazer discurso.

Sim, meu título ecoa uma frase de Millôr Fernandes, também colunista da Veja: “Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”. Governos costumam não gostar do jornalismo. Ainda bem. É bom que seja assim. Sinal de que estamos fazendo nosso trabalho. Os democratas acabam se conformando, cientes de que a alternativa — controle público da informação — é muito pior. Já os autoritários buscam formas para fazer da liberdade de expressão um instrumento de manipulação.

Alguns anões morais acabam alugando sua pena aos mandatários de turno. Mas sempre conservando, por indeclinável amor à impostura, certo sotaque oposicionista. Nem que precisem se opor a uma conspiração que eles próprios inventaram. Diogo Mainardi trata do tema em sua coluna desta semana. Não adianta: vão parar no armazém de secos & molhados. Até porque inexiste a categoria dos sabujos independentes. No máximo, são bobos da corte.

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