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IBGE resiste a assédio de Mercadante e não vai rever dados sobre miséria. Ou: Instituto dá uma aula básica, elementar, ao doutor em economia… Chega a ser um vexame!

O governo Dilma chegou àquela fase em que decide brigar com a régua porque não gosta do que ela aponta. Acha que o mal está no metro, não na coisa medida. O IBGE passou a ser alvo do assédio explícito de dois ministros do governo Dilma: Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e Tereza Campello, do […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 02h41 - Publicado em 6 nov 2014, 23h07

O governo Dilma chegou àquela fase em que decide brigar com a régua porque não gosta do que ela aponta. Acha que o mal está no metro, não na coisa medida. O IBGE passou a ser alvo do assédio explícito de dois ministros do governo Dilma: Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e Tereza Campello, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Muito a seu estilo — gosta de falar antes e ponderar depois —, Mercadante anunciou, tudo indica que por conta própria, que o IBGE iria rever os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), que orientaram a síntese feita pelo Ipea, que levaram à conclusão de que houve um aumento da miséria de 2012 para 2013.

Pois é… Informa João Carlos Magalhães, na Folha Online, que o instituto não vai rever dado nenhum. O ministro não aceita, por exemplo, que tenha subido o número de miseráveis, que passaram de 10,08 milhões, em 2012, para 10,45 milhões em 2013. Esses dados foram represados durante as eleições.

Mercadante acredita que parte das pessoas que estão entre os sem-renda simplesmente deixou de declará-la. Segundo ele, essa informação é incongruente com dados sobre patrimônio. Disse o ministro: “Nós queremos que o IBGE analise com mais profundidade a amostra. Porque todos os outros índices mostram que a pobreza caiu, e esse indicador de renda zero pode ter algum problema metodológico. […] Estamos fazendo essa advertência”.

Em nota, o IBGE deu uma pequena aula sobre amostra e estatística para o economista Mercadante — um pouco humilhante, eu diria, mas ele merece:

“Por [a Pnad] ser amostral, o total de indivíduos sem declaração de rendimentos tem flutuação anual diferenciada. Além disso, uma parcela também anualmente distinta dos informantes se recusa a prestar informação sobre a renda. Os métodos para os cálculos com a variável renda e as demais variáveis devem, portanto, considerar as possíveis flutuações existentes nas variáveis utilizadas. A Pnad 2013 seguiu a sua metodologia de coleta das informações como planejada e seus resultados não serão revisados pelo IBGE”.

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Chego a ficar com um pouco de pena de Mercadante. O IBGE, em síntese, está dizendo cinco coisas óbvias ao doutor em economia:

1: o método já leva em conta os que decidem omitir a sua renda;

2: se omissões dessa natureza aconteceram em 2013, dado que o método é o mesmo, também aconteceram em 2012;

3: só se podem confrontar grandezas dessa natureza empregando-se o mesmo método;

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4: quer dizer que Mercadante aprova o método de 2012 (que chegou a menos miseráveis) — e o de anos anteriores, mas não o de 2013 (que chegou a mais)? Ocorre que o método é o mesmo;

5: estaria sugerindo o ministro que o método serve quando serve ao proselitismo do governo e não serve quando ele não sai bem na fita?

Ainda bem que o IBGE decidiu resistir ao assédio. A qualidade da contestação é rasteira.

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