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General que quer dirigir a Funai tinha 9 anos em 1964 e não pertenceu a nenhum grupo assassino

PSC indica para fundação militar da reserva que elogiou nas redes sociais o movimento que depôs João Goulart. E daí?

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 22h20 - Publicado em 6 jul 2016, 07h59

Confesso que não entendi a manchete da Folha desta quarta, a saber: “General que defende golpe de 64 é indicado à Funai”. A reportagem é de autoria de Rubens Valente. Assim que li, tive a impressão de que a indicação, já com ares de nomeação, era do presidente Michel Temer. Mas não! Roberto Peternelli Júnior, que é filiado ao PSC, confirmou ter sido sondado — prefiro essa palavra — pelo seu partido para o cargo. Isso não quer dizer que tenha recebido um convite do governo. A Funai pertence ao guarda-chuva do Ministério da Justiça.

Meu desentendimento é múltiplo. Confesso não conhecer nenhum general que apoie o golpe de 1964. Como não conheço nenhum que não apoie o Movimento Militar de 1964. Para eles, o que se deu, então, não foi golpe, mas uma ação para livrar o país do comunismo. Todos vocês sabem que não condescendo com brucutus — e basta verificar qual é a minha opinião nos embates recentes que envolvem o deputado Jair Bolsonaro (RJ), do PSC, diga-se.

A reportagem da Folha informa que, em março, o militar, que já estava na reserva, escreveu numa rede social: “52 anos que o Brasil foi livre do maldito comunismo. Viva nossos bravos militares! O Brasil nunca vai ser comunista”. Bem, isso está de acordo com o que pensam os militares brasileiros sobre aqueles episódios. Se acho que foi golpe? Eu acho! Se acho que João Goulart queria dar um golpe? Também acho. Dilma não fez mea-culpa de seu passado terrorista. Ao contrário. Ela se orgulha dele. Vive evocando-o.

O general nem isso pode fazer. Nasceu em 1955. Em 1964, tinha nove anos. Quando a ditadura oficialmente acabou, em 1985 — de verdade, chegou ao fim antes —, tinha 30 anos. Não participou de guerra suja nenhuma. Tem o direito de pensar o que bem entender sobre 1964. Que eu saiba, não defendeu a tortura, por exemplo. Sempre lembrando que Dilma jamais condenou as ações armadas dos grupos aos quais pertenceu e daqueles que lhe foram contemporâneos.

Em 2014, como informa a própria reportagem da Folha, o general publicou o seguinte nas redes sociais: “Estamos em um estado democrático, e as instituições funcionam normalmente, e não vejo motivos para nenhuma intervenção militar. Não condiz com meus pensamentos. Devemos todos trabalhar para o bem do nosso Brasil”.

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Leio ainda:
“Peternelli foi promovido a general em 2006, no governo Lula, e a general de divisão em 2011, no primeiro governo de Dilma Rousseff. Em 2012, foi nomeado secretário executivo do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência, órgão que, entre outras coisas, controla as atividades de inteligência da Abin”.

Não consta que pensasse coisas diferentes do que pensa agora.

Olhem aqui: não sei se o general tem ou não condições e experiência para dirigir a Funai. O que sei é que sua opinião sobre o golpe de 1964 não pode ser considerada um critério de exclusão. Ou Dilma não poderia ter sido presidente exaltando o seu próprio passado, membro que foi de dois grupos terroristas, que matavam inocentes para atingir objetivos políticos.

Peternelli, até onde sei, não pertenceu a nenhum grupo assassino.

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