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Futuro carregador das quentinhas de José Dirceu resolve me atacar num texto em que defende os crimes do Foro de São Paulo. Faço um desafio ao valentão

Um carregador de malas de José Dirceu — em breve, carregará as quentinhas para forrar o estômago do chefe na cadeia — resolveu me atacar, numa tentativa malsucedida de tréplica ao filósofo Olavo de Carvalho. Não costumo dar bola pra essa súcia porque a canalha conta com a audiência do meu blog para propagar suas […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h41 - Publicado em 2 ago 2013, 17h31

Um carregador de malas de José Dirceu — em breve, carregará as quentinhas para forrar o estômago do chefe na cadeia — resolveu me atacar, numa tentativa malsucedida de tréplica ao filósofo Olavo de Carvalho. Não costumo dar bola pra essa súcia porque a canalha conta com a audiência do meu blog para propagar suas ofensas. Mas decidi escrever uma coisinha ou outra. O sujeito estava infeliz porque foi intelectualmente humilhado por Olavo, a quem inicialmente provocou. Desmoralizado, restou-lhe partir para a ofensa e para a conclamação nem tão sutil à violência contra aqueles a quem considera “trânsfugas” — pessoas que foram de esquerda na juventude e que hoje, segundo as suas considerações, seriam servis ao “liberal-fascismo”. Além de Olavo e de mim, inclui no grupo Arnaldo Jabor, Demétrio Magnoli e Marcelo Madureira.

Não sei o que quer dizer “liberal-fascismo”. Nem ele. Pela simples, óbvia e boa razão de que não se pode ser, a um só tempo, liberal e fascista — a não ser na mente perturbada, ignorante e criminosa de certa esquerda. O fascismo compreende necessariamente um movimento de massa, instrumentalizado por uma elite delinquente. Pode assumir características de direita — a exemplo dos vários fascismos europeus do século passado — ou de esquerda, a exemplo desses que pipocam na América Latina neste começo de século 21, de que o petismo é a expressão nativa. Costumo brincar que nunca ninguém viu as massas na rua cobrando estado enxuto, privatização e redução de gastos públicos.

O futuro carregador de quentinhas, que transformou o “socialismo” numa profissão e num meio de vida, não se conforma que outros possam ganhar a vida de maneira honesta, sem assaltar os cofres públicos e, às vezes, até os próprios colegas. Mais: justificador de um modelo de sociedade que só se impôs pelo terror e pela violência, deixando um rastro impressionante de quase 150 milhões de mortos, considera “trânsfugas” os que escolheram o caminho civilizado para o exercício da divergência. Não por acaso, em seu texto, faz uma convocação oblíqua para que os objetos de sua fúria sejamos devidamente punidos. Não sei o que o rapaz tem em mente. Coisa boa não é. É o caso de enviar o texto para que a polícia tenha por onde começar uma investigação caso seus asseclas acatem a sugestão.

O homem está desesperado. O tiro, reitero o que escrevi em outros posts, saiu pela culatra. O PT, por intermédio de suas falanges — quem é fascista mesmo? — tentou criar o baguncismo em São Paulo e se deu muito mal. O movimento, inicialmente estimulado pelo partido, avançou para um protesto generalizado contra a política e contra os políticos. Como o petismo está no poder e é establishment, acabou se transformando num dos alvos principais dos protestos.

Estafeta por vocação e profissão, o rapaz não admite que possa haver pessoas independentes, que pensem sem pedir autorização a ninguém. Basta ler o que cada uma das personalidades mencionadas no primeiro parágrafo disse ou escreveu sobre “o povo na rua” para constatar que não formam um grupo. Tomo como exemplo o caso de Jabor: seja lá qual for o tema — incluindo os protestos em curso —, temos muito mais divergências do que convergências. Mas a todos, incluindo Jabor, reconheço ao menos uma virtude, não houvesse outras: pensam o que bem entendem; servem apenas a suas convicções; não se subordinam a projetos de poder; não são esbirros de máquinas partidárias ou de fantasias ideológicas; não pretendem impor o seu pensamento calando a boca dos que divergem. Têm ainda em comum o apreço pela liberdade. E isso é insuportável para o carregador de malas.

Embora ele cante vitória e exalte o que considera a vitória esmagadora da esquerda, é visível que o homem está em pânico. Há quatro meses, seu partido via as eleições de 2014 como mero processo homologatório. Havia mesmo quem raciocinasse como se as urnas fossem já uma obsolescência. Ora, se o povo estava com o PT, eleição pra quê? Essa certeza acabou. E o dado mais saboroso desse pânico é que esse é o resultado inesperado de uma ação calculada pelo partido e suas falanges para esmagar o que restava de oposição no país. E, apesar disso, como sabem os meus leitores, não sou um entusiasta do movimento das ruas porque não gosto de sua retórica contra a política e contra os políticos. Considero, como já deixei claro tantas vezes, que esse ímpeto é de matriz fáscio-petista, ainda que possa episodicamente se voltar contra o próprio PT.

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A humilhação
Mas por que o pit bull de Zé Dirceu está rosnando? Num texto em que defendia o Foro de São Paulo — reunido na capital paulista desde segunda-feira (fica até domingo) —, fez um ataque boçal a Olavo e recebeu o troco, com sobras. Tratou-se, justiça se faça, de uma reação desproporcional de Olavo: desproporcional no apego aos fatos, desproporcional na capacidade argumentativa, desproporcional na inteligência, desproporcional no aporte de racionalidade. Olavo teve a indelicadeza de lembrar a folha corrida de crimes cometidos por essa entidade que congrega partidos de esquerda da América Latina e Caribe. Reproduzo (em azul):

Ao longo de duas décadas e picos, o Foro de São Paulo acumulou uma folha de realizações que ninguém deveria ignorar:

1) Deu abrigo e proteção política a organizações terroristas e a quadrilhas de narcotraficantes e sequestradores que nesse ínterim espalharam o vício, o sofrimento e a morte por todo o continente, fazendo mesmo do Brasil o país onde mais cresce o consumo de drogas na América Latina.

2) Ao associar entidades criminosas a partidos legais na busca de vantagens comuns, transformou estes últimos em parceiros do crime, institucionalizando a ilegalidade como rotina normal da vida política em dezenas de nações.

3) Burlou todas as constituições dos seus países-membros, convidando cada um de seus governantes a interferir despudoradamente na política interna das nações vizinhas, e provendo os meios para que o fizessem “sem que ninguém o percebesse”, como confessou o sr. Lula, e sem jamais ter de prestar satisfações por isso aos seus respectivos eleitorados.

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4) Ocultou sua existência e a natureza das suas atividades durante dezesseis anos, enquanto fazia e desfazia governos e determinava desde cima o destino de nações e povos inteiros sem lhes dar a mínima satisfação ou explicação, rebaixando assim toda a política continental à condição de uma negociação secreta entre grupos interessados e transformando a democracia numa fachada enganosa.

5) Gastou dinheiro a rodo em viagens e hospedagens para muitos milhares de pessoas, durante vinte e três anos, sem jamais informar, seja ao povo brasileiro, seja aos povos das nações vizinhas, nem a fonte do financiamento nem os critérios da sua aplicação. Até hoje não se sabe quanto das despesas foi pago por organizações criminosas, quanto foi desviado dos vários governos, quanto veio de fortunas internacionais ou de outras fontes. Nunca se viu uma nota fiscal, uma ordem de serviço, uma prestação de contas, um simulacro sequer de contabilidade. A coisa tem a transparência de um muro de chumbo.

Retomo
Lula, um dos fundadores do Foro (o outro é Fidel Castro), faz hoje o seu discurso no evento. A peça de resistência da reunião deste ano é, imaginem vocês!, a celebração da herança chavista. Para a turma do Foro, é na Venezuela que se vive a verdadeira democracia. Lembro que foi num desses encontros que Chávez, segundo ele próprio confessou, encontrou-se com o Raúl Reyes, aquele líder terrorista e pançudo das Farc, morto pelas tropas colombianas num acampamento no Equador. As Farc, como é de conhecimento público, dedica-se ao narcoterrorismo e mantém ainda hoje campos de concentração na floresta amazônica. E o engraxate de Zé Dirceu se mostra interessado em, literalmente, caçar os partidários de um certo “liberal-fascismo”…

Aguardam-se para o encerramento do evento as sábias palavras de Evo Morales, o índio de araque que governa a Bolívia. Faz sentido. Evo tomou uma refinaria da Petrobras de armas na mão; criou novos campos de folha de coca — de uma variedade que não serve para mascar — na fronteira com o Brasil; decidiu criar uma indústria de legalização de carros roubados em nosso país e mantém presos brasileiros que não cometeram crime nenhum. O carregador das cuecas de Dirceu não se importa, é claro! A agenda da turma transcende essas questões meramente locais. O patrimônio da Petrobras, por exemplo, foi usado pelo governo Lula para dar uma forcinha a um dos governos comandados pelo Foro. Entre o Brasil e a “organização”, os petistas fizeram a sua escolha.

Cada um fale por si. Entendo por que o eunuco moral me detesta. Estivesse na oposição, é evidente que eu levaria essa questão para o horário eleitoral gratuito, revelando ao conjunto dos brasileiros o modo como o PT privatiza o patrimônio público.

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Em seu texto, o dito-cujo sugere que o Foro e seu partido estão com as massas e as representam. É? Então marquem uma concentração em praça pública e deem vivas ao PT, a Chávez e a Evo Morales. Se o povo está junto, vai ser uma festa. Coragem, valentão!

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