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Filme não combate a AIDS coisa nenhuma! Faz é propaganda de um estilo de vida. O erro é mais grave do que parece

O erro do Ministério da Saúde, no filme exibido no post abaixo, não tem nada a ver com a questão do sexo dos parceiros. O seu erro, brutal, escandaloso, incorrigível, é de outra natureza. E já falei a respeito algumas vezes. Vejam a frase que sintetiza a peça publicitária: “Na empolgação, rola de tudo, só não […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 09h33 - Publicado em 9 fev 2012, 19h50

O erro do Ministério da Saúde, no filme exibido no post abaixo, não tem nada a ver com a questão do sexo dos parceiros. O seu erro, brutal, escandaloso, incorrigível, é de outra natureza. E já falei a respeito algumas vezes. Vejam a frase que sintetiza a peça publicitária: “Na empolgação, rola de tudo, só não rola sem camisinha”. Epa! Se existe camisinha, então tudo é permitido? Acho que não. Trata-se, mais uma vez, de uma pregação irresponsável. Vejam a narrativa: há ali a aceitação tácita —  mais do que isso: o incentivo — do sexo entre pessoas que acabaram de se conhecer.

Ora, a AIDS não é a única doença que se pode contrair da intimidade total entre não-íntimos. A camisinha é só uma barreira física. O que realmente pode combater a doença são as interdições morais. A palavra assusta os ignorantes e os idiotas porque associam o termo “moral” ao “moralismo” como sinônimo de uma vida de hipocrisias e interdições. Não se trata disso.

Se uma campanha oficial considera normal, aceitável e até desejável que pessoas que acabaram de se conhecer terminem na cama, então não haverá camisinha que dê jeito. Se ela estiver à mão, bem; se não estiver, bem… Pesquisem a respeito. Uganda tem o programa mais eficiente da África de redução da AIDS. A camisinha é só o terceiro item de uma tríade, que virou política oficial: abstinência sexual, fidelidade no casamento e, sim, a borracha.

Não, não sou doido. Imaginem se o governo pé-na-jaca faria uma campanha pela abstinência… Sou realista. Mas eu aposto: até que a política oficial for de incentivo ao sexo irresponsável, como é esse filme, nada feito. Não por acaso, e vocês podem achar os dados na Internet, de fontes confiáveis, a contaminação pelo vírus voltou a crescer entre homossexuais, especialmente os mais jovens, com escolaridade que já lhes permite saber como se dá o contágio.

E por que é assim? Porque o Ministério da Saúde entrega essas campanhas não a médicos, não a estudiosos do comportamento, mas a militantes da causa. E os militantes sempre confundem o combate à AIDS com o que chamam “preconceito”. Há ainda um outro fator: o coquetel anti-AIDS está levando muita gente a considerar que a doença é só um mal crônico, que tem controle. E, obviamente, não é. Consta que os efeitos dos medicamentos ainda são bem desagradáveis e impõem consideráveis restrições às pessoas em tratamento.

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Não! O meu problema com esse filminho infeliz não tem nada a ver com o fato de serem dois rapazes a se pegar. Ainda que fossem heterossexuais vivendo a mesma situação,  a mensagem continuaria torta, continuaria errada.

Enquanto for esse o parâmetro, o combate à AIDS continuará a custar uma fortuna aos cofres públicos e será uma espécie de enxugamento de gelo. Com tudo o que já se sabe da doença, o contágio deveria ser hoje uma exceção, própria apenas das últimas franjas de desinformação do Brasil mais atrasado. E, no entanto, não é assim.

Esse filme, pouco importa se veiculado em canal aberto ou fechado, não serve para combater a AIDS, mas para fazer propaganda de um estilo de vida. De um péssimo estilo de vida se o objetivo é combater uma doença sexualmente transmissível. Se alguém duvidar, basta olhar os dados sobre o contágio. O Estado fornece hoje camisinha, remédio, informação, tudo de graça. Mais um pouco, vira babá de genitálias. O Estado só não tem como fazer a escolha moral em lugar do indivíduo. Se bem que o nosso está fazendo. E faz uma péssima escolha.

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