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Fiesp e Firjan desembarcam: “Governo abriu mão de governar”, e “o Brasil não pode mais esperar”

Até havia pouco, o empresariado estava um tanto hesitante. Ensaiou, há coisa de três semanas, um movimento de aproximação com o governo, algo, assim, bem cuidadoso, mas que tinha um “Fica Dilma”, dito ainda que baixinho. Ou por outra: na avaliação das perdas e danos, considerava-se que a turbulência de um movimento de impeachment poderia […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 00h31 - Publicado em 10 set 2015, 23h30

Até havia pouco, o empresariado estava um tanto hesitante. Ensaiou, há coisa de três semanas, um movimento de aproximação com o governo, algo, assim, bem cuidadoso, mas que tinha um “Fica Dilma”, dito ainda que baixinho. Ou por outra: na avaliação das perdas e danos, considerava-se que a turbulência de um movimento de impeachment poderia ser pior.

Como paga, os empresários ganharam o balão de ensaio da CPMF. Tá bom! Agora é outro imposto. Pode ser o IR, a Cide, qualquer um. Uma coisa é inequívoca: o governo quer responder a seu próprio descontrole batendo a carteira da sociedade. Afinal, Dilma precisa cuidar dos 7% de popularidade que lhe restam, e o PT não quer se comprometer com corte de gastos. Sabem como é… Pode afetar sua clientela.

A perda do grau de investimento, na Standard & Poor’s, foi a gota d’água para que a Fiesp (Federação das Indústrias do Estadão de São Paulo) e a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) decidissem se expressar com a dureza necessária. Numa nota-manifesto, expressam a sua “perplexidade” com a “inação do governo” diante “da deterioração crescente do quadro econômico no país”.

As entidades falam numa “sucessão de erros”, que foi “coroada pelo envio ao Congresso Nacional da peça orçamentária do próximo ano com previsão de déficit de mais de R$ 30 bilhões”. Segundo as duas federações, ao fazê-lo, “o governo abriu mão de governar”.

Trata-se de uma crítica sem dúvida dura, mas correta. Fiesp e Firjan dizem ainda que o governo revela não ter uma estratégia para enfrentar a crise, o que também parece ser evidente. As entidades respondem à determinação de elevar impostos com a seguinte observação: “É hora de implementar um rigoroso ajuste fiscal no país. Não um ajuste de mentirinha. O Brasil clama por um ajuste fiscal de verdade e baseado em cortes de despesas.”

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A nota-manifesto reflete o clima de pessimismo e apreensão que hoje domina o empresariado brasileiro. E antevê um quadro dramático caso não haja uma resposta: “O tempo corre contra o país. Já se perdeu o grau de investimento. Até o final do ano, podemos ter 1,5 milhão de postos de trabalho perdidos. O atual ambiente de incerteza penaliza corporações brasileiras de todos os tamanhos. As pequenas e médias empresas estão sufocadas. Muitas lutam apenas para sobreviver. Outras fecham suas portas”. Sim, isso tudo é verdadeiro.

No post anterior, publico a íntegra do manifesto. Mas não posso aqui deixar de dar um puxão de orelha na Fiesp e na Firjan — e, por intermédio delas, no empresariado brasileiro.

Seria muito bom que um manifesto com esse teor viesse acompanhado de um “mea-culpa” — aquela coisa que Dilma não faz. O empresariado brasileiro é, em regra, governista e servil. Sei que depende do estado mais do que seria razoável numa democracia, mas, mesmo assim, é condescendente demais com o oficialismo mesmo quando se manifesta por intermédio de entidades de caráter sindical, como são as duas federações.

Como esquecer o apoio que deram à estúpida intervenção de Dilma no mercado de energia elétrica? Todos os especialistas sérios advertiram para os malefícios que dali decorreriam. As entidades empresariais olharam apenas para o próprio umbigo. Sim, amiguinhos, parte da inflação cavalar decorre da necessidade de corrigir aquela burrada.

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Apoiaram — e ainda pediram mais — as políticas de subsídio e de desoneração da dupla patética Dilma-Mantega, quando restava evidente que o modelo já havia desandado e que esses expedientes só faziam cair a receita, não tinham — por óbvio — nenhuma influência nas despesas e colaboravam para estropiar ainda mais a questão fiscal.

Acho compreensível que cada empresário pense em seu próprio negócio. Quando, no entanto, entidades se manifestam — como fazem agora —, é preciso pensar no país.

Sim, a nota-manifesto está corretíssima. Agora está. Seria muito bom que o empresariado brasileiro não caísse, por intermédio de seus órgãos de representação de classe ao menos, em novas esparrelas.

Num enigma que não esconde segredo nenhum, a nota termina assim: “O Brasil não pode mais esperar”.

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Claro que não!

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