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Extremistas de esquerda e de direita roam o cotovelo: “Aquarius” me levou para o NYT. E o texto é petralha!

Um artigo de impressionante delinquência intelectual canta as glórias de “Aquarius”; eu e o editor Carlos Andreazza somos os vilões no chororô do fascismo de esquerda

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 21h44 - Publicado em 28 set 2016, 00h58

Caramba! A extrema direita vai morrer de inveja, e talvez a extrema esquerda decida me esquecer um pouquinho porque… sabem cumé!… Não se faz assim a fama de um adversário, né? Não é que fui parar no New York Times? Eu e Carlos Andreazza, editor da Record e membro do trio que estreou na segunda-feira o programa “Três em Um”, na Jovem Pan, que antecede “Os Pingos nos Is”.

Explico a circunstância. Já haviam me contado que a turma de “Aquarius” — alô, Kleber Mendonça, viu como eu lhe dou sorte? — tinha contratado assessoria nos EUA para cuidar da divulgação do filme e para fazer lobby em favor de uma indicação extraoficial para o Oscar — ou algo assim. Não tenho muito tempo pra isso…

O trabalho já está dando resultado. O site do New York Times publica um texto estupidamente enviesado sobre o filme, assinado por Simon Romero. E, ora, ora, lá estão Tio Rei e Andreazza como as figurinhas do mal… Segundo o título, “políticos brasileiros acabaram com as ambições ‘oscaráveis’ de um filme”. Pô! Tadinho do Kleber! Como essa gente é má!

O texto repete toda a ladainha na qual tem insistido a esquerdalha brasileira sobre o filme:
– só não foi indicado por causa do protesto em Cannes;
– houve um complô contra o filme;
– trata-se de um caso de perseguição ideológica…

No momento mais patético do texto, escreve Romero:
“De súbito, ‘Aquarius’ também se tornou um catalisador para expressar a indignação num país cansado da recessão e molestado por escândalos de corrupção. Os manifestantes estão agora criticando o novo ministro da Cultura, Marcelo Calero, depois de este ter afirmado que o protesto contra o governo em Cannes tinha sido ruim para a imagem do Brasil”.

Como estamos diante de uma peça de propaganda da mais genuína delinquência intelectual, o autor deixa de informar que o sr. Kleber Mendonça e amigos apoiavam a continuidade do governo que gerou a recessão e os escândalos de corrupção. Quem lê essa porcaria supõe que o filme está sendo aplaudido por plateias favoráveis ao impeachment, não? Afinal, eram os cansados com a recessão e os incomodados com a corrupção que queriam a saída de Dilma.

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Ao se referir a mim, escreve o articulista:
“Ao entrar na briga, comentaristas conservadores reagiram com o fígado (já explico por que escolhi essa expressão na tradução) ao se referir a ‘Aquarius’ e seus admiradores. Chamando o diretor de ‘petralha’ — um insulto comumente usado no Brasil para designar esquerdistas —, Reinaldo Azevedo, um influente colunista e comentarista de rádio, escreveu: ‘O dever das pessoas de bem é boicotar Aquarius”.

Grato pelo influente!

Em seguida, o texto lembra que Kleber decidiu usar a minha frase numa peça promocional do filme, como marketing.

Duas coisas: o autor empregou “eviscerating” para o que traduzi como “reagiram com o fígado”. É o que me parece mais apropriado. Em português, há o quase nunca usado “eviscerar”. Ninguém sabe o que é. Já “reagir com o fígado” tem sentido bem parecido.

A versão do autor para “O dever das pessoas de bem é boicotar Aquarius” é porca: “The duty of people with goodness in them is to boycott ‘Aquarius”. A melhor tradução para essa estrovenga seria: “O dever das pessoas boas (ou virtuosas) é boicotar Aquarius”. Estou me lixado pra isso. Gente de bem é outra coisa. Que tal: “The duty of good citizens is to boycott Aquarius”?

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Afinal, Kleber é funcionário público e não poderia ter recebido dinheiro público para fazer o filme. Recebeu. Afinal, Kleber e sua turma viajaram com dinheiro público. E contaram uma mentira em Cannes, na contramão do que dizem as leis e a Constituição do Brasil. Não estou nem aí para as pessoas “com bondade em si”. São questões subjetivas. Escrevo para as pessoas de bem, para os “good citizens”!

O artigo também cita trecho de um artigo de Andreazza, cujo sentido é válido, ainda que fora da polêmica que remete a Aquarius. Bem, é claro que ele foi definido como um editor que publica autores conservadores…

O texto faz uma versão meio livre do que afirmou o editor com absoluta precisão: “Assim, o filme já não tem críticos, mas inimigos. Já não tem admiradores, mas militantes. Diga, com base nos números, que não é um sucesso de público — e leve um ‘Fora, Temer!’ na cara. (…) Onde estamos? Próximos ao momento em que não será mais possível contrariar um petista (os interesses de um petista) sem ser chamado de canalha, de golpista. E isso tem nome: fascismo”.

O doce fascismo que permeia o texto “apetralhado” do New York Times, tão bem definido por Jonah Goldberg no livro “Liberal Fascism”, que ganhou uma tradução no Brasil: “Fascismo de Esquerda”. Foi publicado pela editora Record, de que Andreazza é editor e da qual eu sou autor.

Cai o pano.

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