Eleito por ninguém, Elbaradei diz palavras perigosas
Há uns dois dias, o New York Times publicou uma reportagem afirmando que os EUA estavam tentando entender direito o que pensa e o que quer Mohamed Elbaredei, que é, afinal de contas, um “nobelado” da paz. Pois é… O discurso deste senhor anda bastante esquisito, especialmente depois de ter fechado um acordo com a […]
Há uns dois dias, o New York Times publicou uma reportagem afirmando que os EUA estavam tentando entender direito o que pensa e o que quer Mohamed Elbaredei, que é, afinal de contas, um “nobelado” da paz. Pois é… O discurso deste senhor anda bastante esquisito, especialmente depois de ter fechado um acordo com a Irmandade Muçulmana.
Convenham: a última coisa que um representante da oposição deve fazer agora é meter Israel na equação egípcia; pior ainda, fazê-lo em face da questão Palestina. O Elbaradei de outros tempos talvez evitasse o caminho perigoso. O que agora se aliou à Irmandade tem uma nova pauta.
A revista alemã Des Spiegel publica algumas declarações suas neste sábado. Elbaradei expressa o desejo de negociar a transição com os militares – mas sem Mubarak, é claro. Até aí, tudo bem. Mubarak é mesmo desprezível. Mas sou capaz de apostar que sua representatividade na sociedade egípcia é maior do que a de Elbaradei. Ele negocia em nome de quem? Mas isso é lá com os egípcios…
O que preocupa é outra coisa. Para Elbaradei, “os israelenses devem compreender que, no longo prazo, também interessa ter um Egito democrático como vizinho (…)”. Certo. E vai além: para ter uma boa relação com o Egito, “seria inteligente [Israel] respeitar os interesses legítimos dos palestinos”.
É claro que o “interessante” e “inteligente” é que todos respeitem todos. Ocorre que há um tratado de paz entre Israel e o Egito. E também é claro que as palavras fazem sentido. No país “democrático” que Elbaradei diz querer, como se nota, o tratado parece mais vulnerável do que sob a ditadura de Mubarak. Nesse caso, sim, o inferno pode ser um lugar bem próximo.