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Egito: EI consegue fazer terrorismo saltar do virtual para o real

O Estado Islâmico, radicalizando experiência da Al Qaeda, não depende de vínculos formais entre o terrorista que atua na ponta e o comando do terror

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 10 abr 2017, 07h28 - Publicado em 10 abr 2017, 06h41

Qual é o limite do horror para o Estado Islâmico? Não há resposta para esta pergunta. Neste Domingo de Ramos, dois ataques terroristas mataram pelo menos 44 pessoas no Egito, com mais de uma centena de feridos. Um homem-bomba explodiu dentro da Igreja de São Jorge (“Mar Girgis”, em árabe), na cidade de Tanta, matando 27 pessoas e ferindo 77. É um dos templos da minoria cristã copta. Em seguida, outro homem bomba tentou entrar na Catedral São Marco, também dos coptas, em Alexandria, mas foi barrado por seguranças. Acionou do lado de fora mesmo os explosivos que levava no corpo: morreram outras 17 pessoas, com 48 feridos.

O Estado Islâmico reivindicou a autoria dos atentados.

Aqui, uma pausa para uma informação, para a qual a imprensa mundial dá pouco relevo. Desde que teve início a mal chamada “Primavera Árabe”, em 2011, a vida dos cristãos se tornou, literalmente, um inferno. Embora 11% dos egípcios sejam coptas, a convivência nunca foi muito tranquila.

Tudo piorou brutalmente depois da tal “Primavera”, que acabou levando a Irmandade Muçulmana ao poder. Sob o governo de Mohamed Morsi (junho de 2012 a julho de 2013), a perseguição ganhou ares de política oficial, especialmente nas pequenas cidades. Não eram os terroristas que incendiavam igrejas e saqueavam as casas dos cristãos, mais o cidadão comum, partidário do governo islâmico. Isso fez com que os coptas, claro!, integrassem os grupos de resistência ao poder da Irmandade. Com a deposição de Morsi, eles passaram a apoiar o governo do general Abdel Fattah al-Sisi, que, primeiro, deu um golpe em Morsi, mas disputando e vencendo a eleição em seguida. Tal apoio fez com que os coptas passassem a ser alvos preferenciais do terror muçulmano.

Na Síria de Assad pai (Hafez) e de Assad filho (Bashar), a minoria cristã nunca foi importunada. Ao contrário até: o governo garantia a plena liberdade de culto. Depois que começaram as ações terroristas, radicalismos muçulmanos os mais variados miravam muito especialmente os cristãos. Houve, acreditem, inúmeros casos de crucificação em praça pública. E o Estado Islâmico não foi o único responsável.

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Voltemos
Num ótimo texto publicado hoje na Folha, Patrícia Campos Mello informa que o EI está encolhendo. E está mesmo. Já perdeu 60% do território que dominava no Iraque, muito especialmente as áreas com poços de petróleo, e 30% na Síria. Está ainda muito longe de caminhar para a irrelevância. Patrícia cita dados do IHS Conflict Monitor para lembrar que, no auge do poder, em 2015, os terroristas chegaram a “governar” 10 milhões de pessoas; agora, são 6 milhões. Isso continua a ser uma enormidade.

Ocorre que o Estado Islâmico, radicalizando experiência da Al Qaeda, não depende de vínculos formais entre o terrorista que atua na ponta e o comando do terror. A exemplo desses grupelhos fanáticos que se expressam no Facebook — os fascistoides de direita e de esquerda —, o que se tem é uma adesão virtual.

Só que a coisa não se limita a pôr pechas em adversários — “coxinha”; “vermelho”; “neoliberal”; “comunista”; “socialista fabiano” — ou ao berreiro histérico. O EI arregimenta pessoas dispostas a matar e a morrer pela “causa”. O Estado Islâmico é mais perigoso do que o decrépito que pisa em cocô de urso na Virgínia — no caso deste, os atentados se dão, no máximo, contra a lógica e a filosofia.

A Europa já vive em estado de alerta. Os países árabes cujos governos são aliados do Ocidente certamente estão na mira dos celerados.

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