Edição histórica do “Charlie Hebdo” se esgota em horas; mais dois milhões de exemplares foram impressos. E o caso do boneco de neve…
Nem bem havia raiado o dia na França, a edição de mais de três milhões de exemplares do jornal “Charlie Hebdo”, que traz uma charge de Maomé, havia se esgotado. Mais dois milhões de exemplares estão sendo impressos. Desde as primeiras horas do dia, enormes filas se formaram diante das bancas e das livrarias. Os […]
Nem bem havia raiado o dia na França, a edição de mais de três milhões de exemplares do jornal “Charlie Hebdo”, que traz uma charge de Maomé, havia se esgotado. Mais dois milhões de exemplares estão sendo impressos. Desde as primeiras horas do dia, enormes filas se formaram diante das bancas e das livrarias. Os estabelecimentos precisaram improvisar cartazes informando que a edição estava esgotada, como se vê na sequência acima, em fotos de Bertrand Guay, da AFP: “Nós não temos mais Charlie Hebdo” e “Não há mais Charlie Hebdo”.
É claro que os franceses não estão curiosos para ver a charge do Profeta, que já foi divulgada mundo afora. A ida em massa às bancas significa, antes de mais nada, um ato de resistência. A população está deixando claro que repudia o terrorismo — o que, convenham, já era o esperado —, mas vai um pouco além: reitera o seu compromisso com a liberdade de expressão.
Até porque, que fique claro!, desta feita, a charge realmente nada tem de ofensivo. O “Charlie Hebdo” é muito mais duro do que isso. “Ah, mas ofende os muçulmanos porque o Alcorão proíbe qualquer imagem que faça alusão ao Profeta.” Não proíbe, não! Isso é pura interpretação. O livro sagrado dessa religião veta a adoração de ídolos. A se dar crédito a essas leituras, cada clérigo radical terá de fundar seu próprio califado, não é mesmo? Um religioso da Arábia Saudita decidiu que fazer bonecos de neve representa uma grave transgressão.