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“E ocê, que tá andano de bicicreta?!”

Há uma piada caipira que tem lá a sua graça se você é, como sou, um caipira de fato. Também os linguistas poderão se divertir com ela; quem sabe até renda um pequeno tratado “jackobsoniano” (refiro-me a Roman Jakobson) sobre a função fática da linguagem. É assim. O Zé resolveu dar um passeio de bicicleta. […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 07h06 - Publicado em 8 jan 2013, 14h48

Há uma piada caipira que tem lá a sua graça se você é, como sou, um caipira de fato. Também os linguistas poderão se divertir com ela; quem sabe até renda um pequeno tratado “jackobsoniano” (refiro-me a Roman Jakobson) sobre a função fática da linguagem. É assim.

O Zé resolveu dar um passeio de bicicleta. Ao passar pela margem do rio, viu que seu amigo Chico estava pescando. Naquela linguagem muito característica do caipirismo, que inventou o gerúndio em “ano”, “eno” e “ino”, exclamou:
— Aí, hein, Chico! Pescano…
O outro responde:
— E ocê, que tá andano de bicicreta?!

A piada acabou. É só isso. Tá bom, leitor, você nem é caipira nem está disposto a evoluções “jackobsonianas”… Não tem importância. Há piadas mais explícitas em curso no país, mais arreganhadas.

A imprensa brasileira dá grande visibilidade à lua de mel de Carlinhos Cachoeira, vivida, como direi?, em “grande estilo” — no possível ao menos. Faz sentido. O homem foi condenado a quase 40 anos de prisão. Está em liberdade de acordo com a lei. Pode viajar pelo território nacional desde que comunique seus passos à Justiça, o que ele fez, segundo seus advogados. Dada a exposição pública, deve ser verdade.

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Cachoeira é condenado em primeira instância. Dado o que se sabe, é provável que a sentença seja confirmada nas demais. Com a turma do mensalão, a coisa é bem diferente: é condenação em última instância. Na maioria dos casos, cabem, no máximo, embargos de declaração, que vão apenas esclarecer eventuais dúvidas, sem qualquer chance de alterar as penas. E os embargos infringentes? O STF ainda terá de decidir se são cabíveis ou não — e em poquíssimos casos.

Há uma certa e compreensível indignação quando se vê Cachoeira como turista. A maioria dos brasileiros está com o saco cheio da impunidade. E é evidente que chegou a hora de discutir algumas leis que temos. Com frequência, o “garantismo” brasileiro mais protege o criminoso contra a ação punitiva do estado do que o homem de bem contra a ação nefasta do criminoso. Essa não é mera impressão, dessas que a gente debate com o motorista de táxi. É fato.

Assim, junto-me àqueles que ficam um tanto indignados quando veem Cachoeira pra cima e pra baixo, embora a lei lhe garanta tal direito. Como garante que os mensaleiros condenados à prisão, por enquanto, fiquem soltos, podendo igualmente circular por aí, desde que em território nacional.

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“E aquela porcaria daquela piada, Reinaldo Azevedo?”. Assim:

— Aí, Cachoeira, se divertino, hein…?
— E o Genoino, que virou deputado federal!?

Pois é… Qualquer que seja a decisão da Justiça, o criminoso Cachoeira terá de se submeter às leis. Já o criminoso Genoino  poderá FAZER leis.

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