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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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É o Weimar da Cremilda, bien sûr…

Se um dia, sei lá por quê, eu deixar o blog — mas para poder levar mais longe a mensagem dos homens livres —, entrego-o, se eles quiserem, ao Weimar e à Cremilda. Todos já os conhecem, não? No Rio, fizeram mais sucesso do que Diogo e Reinaldo juntos. E por que não? Eles merecem […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 18h25 - Publicado em 14 dez 2008, 07h41
Se um dia, sei lá por quê, eu deixar o blog — mas para poder levar mais longe a mensagem dos homens livres —, entrego-o, se eles quiserem, ao Weimar e à Cremilda. Todos já os conhecem, não? No Rio, fizeram mais sucesso do que Diogo e Reinaldo juntos. E por que não? Eles merecem todos os louros. Explico.

Deixei escapar, no post sobre o AI-5, um comentário que normalmente vetaria — algum erro de operação aqui, meu ou de Dona Reinaldo. E por que eu o teria cortado? Porque, como vocês verão, ele começa assim: “Sei não, viu. Claro que é óbvio que não dá para ter qualquer esperança de ver esse comentário publicado. Contra o consenso, por aqui, só com permissão expressa do blogueiro…” Além do seu “claro que é óbvio”, que já me deixou nervoso de saída, observo que acho isso terrivelmente chato, infantil mesmo. Minhas filhas sabem que não devem usar este expediente comigo: “Pai, sabe o que é?…” Não usam mais desde que respondi, com caroável firmeza: “Não, não sei o que é e acho que você está tentando enrolar o papai. Vá direto ao ponto”. Esse “não tenho esperança de que meu comentário seja publicado” é uma variante do assédio moral. O sujeito espera que eu prove pra ele que sou superior e magnânimo, publicando seu comentário… Mas eu não tenho o menor interesse em ser apreciado por quem, digamos, não me aprecia… Eu sou a favor das diferenças. Quem não gosta do que penso tem de não gostar do que penso. Olhem como sou exótico!

Não sou mascate. Não fico mendigando afeto e leitores — aliás, há um coitado aí que só existe para acolher no seu cafofo os que expulso daqui. Vagabundo tenta fazer lobby no meu blog, eu chuto, mas ele agasalha. Sempre agasalha. Agora deu também pra tentar copiar meu estilo. Tem de comer feijão! Imaginem uma Anne Baxter da Mão Peluda — “O Malvado”… Que nooojo!!! Bem, vamos àquele leitor (na forma como o texto chegou) que não vetei por distração e à resposta de Weimar. Volto depois.

Sei não, viu.
Claro que é óbvio que não dá para ter qualquer esperança de ver esse comentário publicado. Contra o consenso, por aqui, só com permissão expressa do blogueiro — e sem formular hipóteses que o ponham em mal lencóis, bien sur. Mas que um debate verdadeiro sobre algumas hipóteses seria interessante, ah, isso seria.
Até porque sempre que vem a baila o assunto ditadura militar, a direita — que, afinal, apoiou o regime autoritário implantado pelas Forças Armadas no Brasil — recorre ao mesmo tropos. É o bom e velho Fla x Flu de quem matou mais. O Reinaldo é entediantemente igual na repetição desse, como direi?, meme conservador: “Morreram, segundo os próprios esquerdistas, 424 pessoas em decorrência das ações legais do estado e da atuação ilegal de agentes do regime ou a ele ligados. Nessa conta, estão os que tombaram de arma na mão — e ela também servia para matar… Os esquerdistas fizeram mais de uma centena de mortos. Considerando-se o tamanho das duas forças, a letalidade das esquerdas foi bem maior.”
Mas, já que estamos falando de contrafactuais: e se a, digamos assim, baixa mortandade da ditadura dos militares se devesse não a sua suposta, com o perdão do neologismo, benignidade mas ao fato de que a ameaça vermelha superestimada? Sejamos heréticos: talvez a hipótese de que era viável a tomada de poder pelos guerrilheiros marxistas fosse só uma desculpa para, bem, a tomada de poder pelo Exército, Marinha e Aeronáutica.
Sua comprovação é quão pouca gente morreu de arma na mão combatendo as forças do governo. Além, é claro, o fato de que o pessoal dos quartéis era bastante assanhado quando se tratava de ocupar o poder. Que o digam os rebeldes de Aragaças e Jacareacanga…
Talvez essa seja uma versão plausível. Talvez tão plausível quanto a do Reinaldo e dos outros conservadores. Principalmente daqueles que tinham idade para apoiar a ditadura e o AI-5 à época de sua implantação.
Por que não?

Ai escreve o nosso Weimar:
C’EST VRAI, MON AMI!
Sei sim, viu? Antes não sabia bem, mas agora certeza tenho: para entrar na casa dos outros, é preciso convite, ou autorização, ou, em certos casos, em países livres, só em países livres, uma prévia autorização judicial.
Outra coisa: algumas hipóteses são prováveis, assim como há as possíveis e, seguindo tal gradação, chega-se às impossíveis ou estúpidas. É questão de lógica e, também, de informação, afastando-se aqui a possibilidade da má fé.
De passagem, digo não conhecer “mal” lençóis, só os “bons” ou “maus”. Mas conheço, “à vrai dire”, a diferença entre “bien sûre” e o gosto de uma limonada, que pode estar “bien sure”.
Sei que, desde que o mundo é mundo, morrem pessoas nas guerras. Mas por que, na Alemanha, morreram milhões somente porque eram judeus? E por que morreram muitos outros milhões na Ucrânia, durante a URSS, somente porque queriam comer o que eles mesmos haviam plantado? Isso aí, não sei não, viu?
Às vezes, quando as coisas são evidentes, a resposta a um “por que não?” resume-se a um “porque sim!”
Adieu!
Weimar

Comento
Uma pesquisa rápida lhes dará a enorme diferença entre “sur (e)” e “sûr(e)”. Tio Rei, por exemplo, é “sur” de vez em quando, mas sempre “sûr”, bien sûr… A sentença final de Weimar é pensamento fino — “finíssimo” diria o agregado José Dias, de Machado de Assis. De fato, é uma divisa moral e ética. Virou moda perguntar “por que não?” mesmo à beira do abismo ou diante do horror. É que, para “eles”, tudo é relativo.

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