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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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É de uma indignidade sem limites tentar usar tragédia do futebol para atingir o presidente

Gente que não sabe ser cerimoniosa com os mortos costuma não dispensar respeito nenhum também aos vivos

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 21h11 - Publicado em 2 dez 2016, 21h01

Não me perguntem para onde vai o Brasil. Não sou adivinho. Não sei. Noto certa disposição de muitos grupos para conduzi-lo a um caminho ruim. Tenta-se, o que é fabuloso, atribuir ao presidente Michel Temer e à Câmara dos Deputados uma espécie de responsabilidade moral ao menos pela tragédia que colheu os atletas do Chapecoense. Não é apenas errado. É indigno também.

Consta que Temer não irá ao velório coletivo dos jogadores, limitando-se a participar de uma cerimônia reservada e fechada no aeroporto municipal, que marca a chegada dos corpos. O que vai nas redes sociais, oriundo sobretudo das esquerdas, é asqueroso: “Ele está com medo de vaia”.

Sim, se participasse, haveria vaias. Os esquerdistas, que nunca respeitaram nem vivos nem mortos, já organizaram seus bate-paus para vaiar o presidente caso ele compareça à cerimônia.

Medo de vaia? Não! Gostem ou não de Temer, ele é cerimonioso, educado, reservado. Certamente ficaria humanamente constrangido ao ver um evento que decorre de uma tragédia inédita ser tragado pelo baixo proselitismo.

A Folha ouve o pai de uma atleta e a mulher de outro. Ambos sofrem, não é? E dizem coisas radicalmente distintas, o que evidencia que suas diferenças já existiam antes da tragédia.

O pai do zagueiro Filipi Machado diz que “as pessoas importantes” do dia são as famílias e seus respectivos filhos que morreram. Afirma que o presidente deveria “ter vergonha na cara” e ir à Arena Condá.

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A dor não torna ninguém certo. E ele está errado.

Marla Schardong, viúva de Fernando Schardong, jornalista da Rádio Chapecó, faz outra avaliação: “Neste momento, a gente não deve misturar as coisas. Ele vem para um ato que é uma homenagem a eles [jogadores]. A mim não incomoda [não ir ao velório]. Por mais que não concorde com as atitudes dele enquanto presidente, eu respeito a vinda dele dessa forma. Queiramos ou não, ele é o nosso presidente da República”.

A dor não torna ninguém certo. E ela está certa.

Eu ficaria com vergonha até da imprensa ao ler um título mais ou menos assim: “Temer é vaiado em velório coletivo de atletas”.

A tese do avião
Manifesto igualmente discordância com a tese de que os senhores deputados aproveitaram a comoção do país com a queda do avião para “desfigurar”, como se diz, o pacote contra a corrupção.

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Quem acompanhou o andamento dos trabalhos, como fiz, sabia que estava em curso um verdadeiro levante contra o relatório de Onyx Lorenzoni. O próprio relator sabe que seu texto seria amplamente derrotado, por intermédio de emendas e destaque, com ou sem queda de avião.

Os deputados podem não ser as melhores pessoas do mundo, mas não têm esse grau de burrice. Sabiam que a notícia não ficaria escondida, como não ficou. Mais: era evidente que se tentaria associar o resultado da votação à tragédia.

Tanto a tese é insustentável que se está a fazer justamente o contrário: A QUEDA DO AVIÃO ESTÁ SENDO USADA PARA TENTAR BOMBAR O PROTESTO. Afinal, é muito fácil inferir coisas ruins sobre deputados, né?

Acho que deveríamos todos ser mais decorosos e respeitosos com a morte. Costumo dizer que os que ignoram certas interdições em momentos assim também não respeitam os vivos.

E estou cada vez mais convencido disso.

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