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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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E a Cracolândia, quem diria?, agora virou ponto turístico da nobreza europeia. Chega a ser asqueroso! É o jeito como a esquerda trata a miséria…

Há coisas que são indecentes em si; que não têm conserto. Príncipe Harry — o ruivo, que não lembra a Família Real Britânica — começa nesta segunda uma visita ao Brasil. Trata-se, informa o Itamaraty, de uma viagem privada, que começa por Brasília. Na cidade, ele vai conhecer o Centro Internacional de Neurorreabilitação Sarah. Depois, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h37 - Publicado em 23 jun 2014, 02h52

Há coisas que são indecentes em si; que não têm conserto. Príncipe Harry — o ruivo, que não lembra a Família Real Britânica — começa nesta segunda uma visita ao Brasil. Trata-se, informa o Itamaraty, de uma viagem privada, que começa por Brasília. Na cidade, ele vai conhecer o Centro Internacional de Neurorreabilitação Sarah. Depois, assiste à partida entre as Seleções do Brasil e de Camarões. Também passará por São Paulo. E, consta, a seu pedido, quer ir à Cracolândia. O prefeito Fernando Haddad (PT) vai levá-lo para conhecer o programa “Braços Abertos” — também conhecido como “Bolsa Crack”.

Os príncipes são assim mesmo. Entediados com a vida castelã, procuram terras ignotas para conhecer coisas estranhas. Que bonito! O inferno de São Paulo agora virou ponto turístico para distrair a nobreza europeia. Cuidado, hein!? Harry pertence àquele lado da Família Real que tem, como a gente diz no interior, o “chifre furado”. Vai que se encante com esse pedaço do território brasileiro que é regido por leis próprias, onde bobagens como a Constituição e o Código Penal não valem…

Não conheço nada mais essencialmente imoral do que miséria que se transforma em ponto turístico, sejam os morros do Rio, a periferia de São Paulo ou, no caso extremo, a Cracolândia.

Por incrível que pareça, a esquerda e seus congêneres regrediram moralmente. Já falei aqui sobre essa canção e volto ao assunto. Carlos Lyra e Gianfrancesco Guarnieri compuseram um clássico da música de protesto na década de 60 — acho que foi em 1964 mesmo. A música se chama “O Morro”, mas ficou conhecida como “Feio não é bonito”. Vale a pena ouvi-la na voz de Nara Leão. Volto em seguida.

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[youtube https://www.youtube.com/watch?v=364l0kZi1Mw#t=105%5D

Voltei
A letra está aqui:
Salve as belezas desse meu Brasil
Com seu passado e tradição
E salve o morro cheio de glória
Com as escolas que falam no samba
Da sua história.

Feio, não é bonito
O morro existe
Mas pede pra se acabar
Canta, mas canta triste
Porque tristeza
E só o que se tem pra contar
Chora, mas chora rindo
Porque é valente
E nunca se deixa quebrar
Ah, ama, o morro ama
Um amor aflito, um amor bonito
Que pede outra história
Salve as belezas desse meu Brasil
Com seu passado e tradição
E salve o morro cheio de glória
Com as escolas que falam no samba
Da sua história

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Feio, não é bonito
O morro existe
Mas pede pra se acabar
Canta, mas canta triste
Porque tristeza
E só o que se tem pra contar
Chora, mas chora rindo
Porque é valente
E nunca se deixa quebrar
Ah, ama, o morro ama
Um amor aflito, um amor bonito
Que pede outra história

Pois é… Dá para perceber o sotaque de certa demagogia redentora na letra, é inescapável. Mas ainda é mais decente do que a atual abordagem que boa parte das esquerdas — em companhia dos deslumbrados “progressistas” — dispensa à pobreza, que foi transformada num novo saber, numa estética particular e até numa ética peculiar. O ponto alto dessa abominação na TV é o tal “Esquenta”, de Regina Casé, a expressão mais rastaquera da antropologia populista. É o asfalto endinheirado deitando seu olhar supostamente tolerante e compassível sobre a pobrada. É asqueroso!

Para a “nova” esquerda brasileira, o feio é bonito, sim! E tem de ser mostrado ao mundo, como acontece com os passeios turísticos de estrangeiros pelas favelas pacificadas e, agora, com a visita do príncipe à Cracolândia.

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Com a devida vênia, uma ocorrência como essa é a expressão mais acabada da falta de vergonha na cara. E ponto!

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