Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

Dilma vai a Lula… Logo, a sede do governo sai do Palácio do Planalto e vai para a Papuda

Eis o país de Lula. No 36º ano de fundação do partido, no 14º ano do poder petista, parte considerável do futuro do Brasil fica submetida à vontade de um coronel, que atrela políticas públicas às necessidades da máquina que lhe confere poder e às vicissitudes de sua, digamos, folha corrida no setor imobiliário. Digam-me: é isso o que se espera de uma República?

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 23h33 - Publicado em 12 fev 2016, 16h28

Querem um emblema que explica o fato de estarmos nesta pindaíba? A presidente Dilma Rousseff está em São Paulo. Eu nem tinha me dado conta da agenda, mas notei algo estranho e denso no ar tão logo acordei. Achei que o ar-condicionado estivesse desligado, mas não… Aí entendi.

O que ela veio fazer neste estado? Encontrar-se com Luiz Inácio Lula da Silva, seu antecessor. Hummm… É bem verdade que você nunca viu Barack Obama pedir a opinião de Bill Clinton — não que ele não devesse, rsss… Quem sabe fizesse menos besteiras… —, mas, em si, um encontro entre pessoas do mesmo partido pode até ser considerado normal.

O que é anormal é a agenda. Ela, sim, nos remete às coisas que infelicitam o Brasil.

Um dos temas do encontro, segundo informa apuração da Folha, é o sítio de Atibaia. Ora, por que um imóvel que pertenceria aos sócios do filho de Lula é do interesse da presidente da República? Resposta: porque ele se tornou um símbolo, por incrível que pareça, do jeito petista de governar.

A esta altura, não há uma só pessoa que acredite que os tais Fernando Bittar e Jorge Suassuna sejam realmente os donos daquele troço. Todos os indícios apontam que não. Sim, não será a crença desse ou daquele que vai definir a verdade. O que interessa aí é a cadeia de relações que esse sítio revela. E essa cadeia demonstra um país governado nas sombras.

A Polícia Federal decidiu abrir um inquérito para apurar, afinal de contas, de quem é aquele “puxadinho de ricos”, a relação das empreiteiras com ele e se, de algum modo, as benfeitorias realizadas se relacionam com a República Paralela do Petrolão.

Administrativamente, a Polícia Federal é subordinada ao Ministério da Justiça, cujo titular, José Eduardo Cardozo, é escolha pessoal de Dilma. A presidente vai debater com Lula exatamente o quê?

Continua após a publicidade

A Previdência
A Previdência está quebrada. Uma reforma que tornasse o sistema viável não resolveria os problemas do Brasil, mas seria uma sinalização importante. Todas as tentativas honestas e corretas nesse sentido foram duramente combatidas pelo PT desde que o partido existe.

A legenda já deu sinais de que não pretende se engajar na mudança. Quem manda é Lula. Nisso como em tudo o mais. Eis por que sempre se cobrem de ridículo as versões de que ele nunca sabe de nada.

O PT não é o PT, mas uma legião, como os demônios. Há os sindicatos, os ditos movimentos sociais, as organizações que considero de caráter paraterrorista, como MST e MTST… Hoje, são minoria no país, mas podem provocar turbulências, como se sabe.

Dilma vai tratar da reforma da Previdência com Lula — o homem do sítio e do tríplex — como quem vai falar com o chefe de uma milícia, com um senhor da guerra. Alguém que não consegue explicar a sua relação com dois imóveis, que é obrigado a se esconder na retórica do vitimismo passivo-agressivo, tem uma espécie de palavra final sobre uma mudança que é vital para os brasileiros.

Eis o país de Lula. No 36º ano de fundação do partido, no 14º ano do poder petista, parte considerável do futuro do Brasil fica submetida à vontade de um coronel, que atrela políticas públicas às necessidades da máquina que lhe confere poder e às vicissitudes de sua, digamos, folha corrida no setor imobiliário.

Digam-me: é isso o que se espera de uma República?

Continua após a publicidade

De resto, Dilma Rousseff demonstra, ao marcar essa conversa, que não é mesmo dona de seu mandato. Está entregue às articulações de feiticeiros como Jaques Wagner e Ricardo Berzoini, braços de Lula no Palácio do Planalto. Trato desse assunto na minha coluna de hoje da Folha. Eles já perceberam que está em curso, em algumas áreas do debate político, uma espécie de troca: corte-se a cabeça do demiurgo e se salve a de Dilma.

Eles forçam a governanta a atrelar o seu destino ao do antecessor. E ela não tem saída, porque é fraca e não sabe fazer política, a não ser se render a esse jogo.

Imaginem a cena: a presidente do Brasil se desloca para discutir a reforma da Previdência e a propriedade de um sítio com quem deve explicações à polícia.

A isso fomos reduzidos.

Dilma tem de ser apeada do poder antes que o Brasil seja apeado do mundo que interessa. E antes que a sede do governo seja transferida do Palácio do Planalto para a Papuda.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.