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Dilma nunca se incomodou com os foguetes dos terroristas do Hamas? Por quê?

O governo brasileiro é fraco em quase tudo, mas é em política externa que consegue ser indigente. Não é por falta de informação. É por ideologia mesmo. Ou Marco Aurélio Garcia não seria o assessor especial de Dilma nessa área. Vamos ver. A presidente está chegando ao fim de seu segundo ano de mandato. Nesse […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 07h24 - Publicado em 19 nov 2012, 04h04

O governo brasileiro é fraco em quase tudo, mas é em política externa que consegue ser indigente. Não é por falta de informação. É por ideologia mesmo. Ou Marco Aurélio Garcia não seria o assessor especial de Dilma nessa área. Vamos ver. A presidente está chegando ao fim de seu segundo ano de mandato. Nesse tempo, o Hamas ficou jogando foguetes contra o território israelense, um após outro, dia após dia, quase um trabalho de rotina. E foi também melhorando a qualidade do seu armamento.

Há muita gente, noto nas entrelinhas de certa imprensa, que lamenta o ainda baixo poder de fogo dos terroristas – percebe-se a esperança de que isso um dia mude… Pois bem! Dilma nunca pediu que o Conselho de Segurança da ONU se reunisse. Pra quê? Parece que uma das missões de Israel é ficar interceptando ou recolhendo foguetes que são lançados lá da Faixa de Gaza – que só passou a ser uma base de lançamento desses artefatos depois que Israel se retirou da região. O Hamas faz um esforço danado para provar que a saída foi um… erro!

Pois bem! Ontem, o presidente do Egito, Mohamed Mursi, telefonou para Dilma e pediu que o Brasil usasse a sua influência (?) na ONU para tentar uma trégua no conflito israelo-palestino. A presidente brasileira telefonou para o secretário-geral, Ban Ki-Moon, e teria pedido uma reunião do Conselho de Segurança. Entendo! O fato de um país ser cotidianamente agredido por mísseis não deve ocupar aqueles senhores das Nações Unidas. Se o agredido, no entanto, reage, bem, então, nesse caso, é preciso convocar uma reunião.

Dilma  estaria preocupada também – questão, para mim, sempre encantadora – com a tal “reação desproporcional” dos israelenses. Talvez o governo de Israel devesse ouvir a nossa Soberana sobre o que seria uma “reação proporcional”. Se o país simplesmente devolver na mesma moeda o que recebe todo dia, lançando mísseis a esmo contra Gaza, na proporcionalíssima razão de um por um, creio que o resultado seria catastrófico, não? Entendo que o país agredido, definitivamente, tem de se defender de maneira não proporcional – isto é, com os ataques cirúrgicos. E, desgraçadamente, eles fazem vítimas, sim! O Hamas sabe disso e conta com elas para irrigar a causa com o sangue também de inocentes.

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Marco Aurélio Garcia, e não poderia ser diferente, veio a público ontem para dizer algumas besteiras a respeito do tema. Que tal esta? “Em qualquer assunto, como foi no caso do Congo, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu imediatamente. Mas, quando se trata do Oriente Médio, nada! Não dá para continuar esta inércia no tratamento do Oriente Médio!”

Huuummm… Qualquer assunto? Centenas de pessoas já morreram na crise do Congo. Um grupo chamado M23 (Movimento 23 de Março) realiza ataques sistemáticos contra civis desarmados. Não é “qualquer assunto” nem um “assunto qualquer”. A rigor, dos grandes conflitos em curso no mundo hoje, o do Oriente Médio é o que faz menos vítimas. Mata-se em um dia na região central da África ou no Sudão o que os confrontos israelo-palestinos não matam em dez anos. Ninguém dá bola. Não estou aqui a brincar com essa contabilidade macabra. Trato apenas de matéria de fato.

Marco Aurélio e o buraco
Abusando de sua inteligência sofisticada e da agudeza de espírito que tão bem o caracteriza, o assessor de Dilma expressou este mimo do pensamento político-estratégico: “O grande problema é o seguinte: o buraco está mais embaixo! Enquanto continuar essa política intransigente e esta desídia das grandes potências em relação ao conflito, esses fenômenos vão se multiplicar”.

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Entendi. “O grande problema é que o buraco é mais embaixo”. Quem disse que o Brasil não merece mesmo uma cadeira cativa do Conselho de Segurança da ONU? O mundo não pode prescindir desses requintes. De que “política intransigente” estaria ele a falar? Sendo quem é e considerando a posição do governo brasileiro, que vota sistematicamente contra Israel na ONU, certamente se tem por “intransigência” a política israelense, ora… O Hamas, sim, joga seus foguetes para negociar, num exemplo contundente de maleabilidade, certo? É estupefaciente!

O silêncio imoral
Notem que coisa curiosa, leitores:  no Brasil e mundo afora, em boa parte da nossa imprensa e em quase todo o jornalismo ocidental, praticamente não se cobra que o Hamas anuncie o fim das agressões cotidianas a Israel. Ao contrário até: o que se diz é que os mísseis palestinos, embora tenham “melhorado” são ainda muito fraquinhos para provocar estragos consideráveis no “inimigo”. Mas se cobra, é evidente, que Israel suspenda a reação.

É questão de horas… O governo brasileiro está pronto para ser mais duro com a democracia israelense do que tem sido com a tirania capenga, mas ainda letal, da Síria ou com qualquer outra. 

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