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Dilma nega ser o que nunca foi para que não pareça ser quem efetivamente é

Vocês sabem que nunca dei bola — e, na verdade, sempre tratei a questão com ironia —  para as diferenças entre a presidente Dilma Rousseff e as centrais sindicais. Nunca existiram para valer. Eventuais divergências pontuais só servem como ilustração da convergência mais geral: em 1964, o risco de uma “República sindicalista” foi certamente superestimado; […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 12h36 - Publicado em 11 mar 2011, 16h52

Vocês sabem que nunca dei bola — e, na verdade, sempre tratei a questão com ironia —  para as diferenças entre a presidente Dilma Rousseff e as centrais sindicais. Nunca existiram para valer. Eventuais divergências pontuais só servem como ilustração da convergência mais geral: em 1964, o risco de uma “República sindicalista” foi certamente superestimado; em 2011, ela está aí: não é mais socialista; aprendeu as delícias do capitalismo, especialmente daquele sob o comando do estado.

As centrais queriam o mínimo acima dos R$ 545 — contra um acordo que elas mesmas haviam feito com o governo, diga-se; só não contavam com a recessão de 2009 — para manter a verossimilhança de seu papel: afinal, para todos os efeitos, sindicatos são aqueles que reivindicam. De fato, não estavam nem aí. Os trabalhadores que recebem o mínimo não constituem a base dessas entidades: ou são aposentados ou representam uma mão-de-obra quase marginal. Em alguns estados, a começar por São Paulo, existe um piso superior. A quem as centrais queriam enganar? Ora, enganaram e enganam parte da imprensa.

A regulamentação da tal lei que garante aos trabalhadores assento no conselho das estatais (ver abaixo) consolida o modelo da contínua privatização do estado pelas entidades sindicais. ATENÇÃO! BOA PARTE DOS DIRIGENTES DAS EMPRESAS JÁ TEM ORIGEM NOS SINDICATOS! Eles também comandam os bilionários fundos de pensão.

A reunião havida hoje entre Dilma e as centrais foi uma espécie de tributo do vício à virtude — a tal hipocrisia. O governo gosta de posar de duro com os sindicatos, o que é bom para a imagem de Dilma em certos setores. O tal Paulinho da Força, por exemplo, reclamou da política econômica e coisa e tal. Foi o que bastou para Dilma afirmar: “Na campanha, diziam que eu era uma guerrilheira desenvolvimentista; agora dizem que sou monetarista”.

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E assim prossegue a barafunda dos conceitos e dos fatos:
– são falsas as divergências entre sindicatos e governo; nunca eles tiveram tanto poder;
– é fácil recusar a pecha de “guerrilheira desenvolvimentista” porque, de fato, ninguém jamais acusou a então candidata de ser esse troço exótico; o que se apontava era o descontrole de gastos do governo;
– ninguém, nem os sindicatos, chamam Dilma de “monetarista”.

Essa tática de negar acusações jamais feitas por adversários imaginários é coisa antiga, mas ainda funciona. Então está certo: Dilma não é nem a guerrilheira desenvolvimentista nem a monetarista; trata-se apenas da encarnação do bom senso…

Dilma nega ser o que nunca foi para que não pareça ser o que efetivamente  é: gerente do modelo que transfere, paulatinamente, a gestão do estado à nova classe social: a burguesia sindical do capital alheio.

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