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Dilma, Marina, a “guerra dos banqueiros” e a vergonha alheia. Ou: Cinismo e conversa mole

Escrevi um post nesta tarde em que afirmei que o Brasil estava entre larápios e fantasmas. Não preciso, por óbvio, declinar os nomes dos primeiros. Os demais estão a toda hora na propaganda eleitoral do PT e no discurso do governo. Quando os petistas apostavam que Dilma iria disputar o segundo turno com Aécio Neves, espalhavam a […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h07 - Publicado em 9 set 2014, 23h40

Escrevi um post nesta tarde em que afirmei que o Brasil estava entre larápios e fantasmas. Não preciso, por óbvio, declinar os nomes dos primeiros. Os demais estão a toda hora na propaganda eleitoral do PT e no discurso do governo. Quando os petistas apostavam que Dilma iria disputar o segundo turno com Aécio Neves, espalhavam a mentira estúpida de que, se eleito, o tucano iria cortar benefícios sociais. Como Aécio ataca, e com correção, o Estado perdulário, ineficiente, gastador e corrupto, os companheiros transformavam essa crítica num sinônimo de “medidas amargas” contra os pobres. Era só um fantasma. Nunca existiram nem a promessa nem a intenção.

Segundo a fotografia do momento das pesquisas, Dilma disputaria o segundo turno com Marina Silva. Não faltam a cada uma das adversárias motivos para apontar falhas nas promessas da outra. Há motivos às pencas. Mais uma vez, no entanto, a petezada escolhe o discurso das sombras, do medo, do terror. Se eleita, espalham, a peessebista não dará atenção ao pré-sal. O sindicalismo gay foi mobilizado para sair por aí a gritar impropérios contra a candidata do PSB, acusada de homofóbica e fundamentalista. Fantasmas, fantasmas, fantasmas! Sempre os fantasmas.

Nesta terça, as candidatas que lideram as pesquisas, segundo os institutos, se engalfinharam em acusações obscurantistas, falsas e cínicas. No horário eleitoral, o PT fez de Marina mero títere dos bancos. Enquanto o locutor dizia que a peessebista pretende dar autonomia ao Banco Central, a comida ia sumindo do prato dos brasileiros, tadinhos!, que faziam, então, uma expressão triste. Segundo o locutor, a autonomia significaria “entregar aos banqueiros um grande poder de decisão sobre a sua vida, a sua família, os juros que você paga, seu emprego e até seu salário”.

É claro que é um discurso vigarista, mentiroso. Marina rebateu a baixaria à altura e apelou a uma linguagem que nada deve ao PSTU e ao PSOL. Acusou o PT de ter criado a “bolsa banqueiro” por intermédio do pagamento de juros. Referindo-se a Dilma, mandou brasa: “Ela disse que iria baixar os juros, e nunca os banqueiros ganharam tanto. Agora, eles, que fizeram a bolsa empresário, a bolsa banqueiro, a bolsa juros altos, estão querendo nos acusar de forma injusta em seus programas eleitorais”.

Dilma voltou à carga para deixar o debate ainda mais burro: “O Banco Central, como qualquer outra instituição, não é eleito por tecnocratas nem por banqueiros. Sua diretoria é indicada por quem tem voto direto. O Congresso chama o Banco Central e manda prestar contas. Eu não digo isso porque sonhei com isso, mas porque está escrito no programa de autonomia do Banco Central, e todo mundo sabe o que é autonomia do Banco Central. Então, não adianta falar que eu fiz bolsa banqueiro. Eu não tenho banqueiro me apoiando”.

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Qual das duas está certa nesse bate-boca? Sempre relevando que os bancos tiveram, sim, um excelente desempenho nos governos petistas, a resposta é esta: ninguém! Trata-se de um discurso para enganar trouxas. Os petistas sabem que, na maior parte do tempo, fizeram um governo afinado com, digamos, a metafísica do setor financeiro. E nem os estou criticando por isso. Foi quando Dilma resolveu que marcharia na contramão do óbvio que a coisa desandou. Marina Silva, por outro lado, sabe que esse papo de “bolsa banqueiro” é mera conversa mole.

As duas candidatas poderiam, então, dar um exemplo, não é mesmo? Rejeitem a contribuição do setor financeiro na campanha eleitoral, ora essa! É o cúmulo do cinismo transformar banqueiro no novo fantasma da eleição para, depois, usar à socapa o seu rico dinheirinho. O nome disso é vigarice política. E uma informação que não pode faltar: até meados do ano passado, os banqueiros faziam rezas e romarias para que fosse Lula o candidato do PT ao governo. Sabem que o companheiro sempre foi “de confiança”. 

Para arrematar, informa a Folha: “A campanha à reeleição de Dilma Rousseff recebeu R$ 9,5 milhões em doações de bancos e empresas ligadas a eles, até o final de agosto, de acordo com a segunda declaração parcial apresentada ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O valor representa 7,7% de tudo o que foi captado (R$ 123,6 milhões). Sexto maior banco do país em ativos, o BTG Pactual doou R$ 3,25 milhões. Duas empresas do grupo doaram mais R$ 3,25 milhões. Dos R$ 22,2 milhões declarados pela campanha de Marina Silva (PSB) até agora, R$ 4,5 milhões (20,3%) foram doados por bancos e financeiras. A maior parcela veio do Itaú Unibanco: R$ 2 milhões, em 5 de agosto”.

 

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