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Dilma e o aborto: ora lá, ora cá, ora em lugar nenhum

Em sólidas democracia do mundo, as eleições são um bom momento para que se aclarem posições. No Brasil, costumam servir para a confusão. Em 2007, Dilma Rousseff concedeu uma entrevista à revista Marie Claire e defendeu a descriminação do aborto com todas as letras. Afirmou então: “Abortar não é fácil para mulher alguma. Duvido que […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 14h08 - Publicado em 25 set 2010, 07h27

Em sólidas democracia do mundo, as eleições são um bom momento para que se aclarem posições. No Brasil, costumam servir para a confusão. Em 2007, Dilma Rousseff concedeu uma entrevista à revista Marie Claire e defendeu a descriminação do aborto com todas as letras. Afirmou então:
“Abortar não é fácil para mulher alguma. Duvido que alguém se sinta confortável em fazer um aborto. Agora, isso não pode ser justificativa para que não haja a legalização.”

Tinha, então, 60 anos, tempo mais do que suficiente para ter uma opinião sólida a respeito. E ela a emitiu. Em recente conversa gravada com um grupo de jornalistas, já candidata, afirmou a mesma coisa. Ocorre que a maioria da população é contra a legalização do aborto, mesma postura de todas as igrejas cristãs respeitáveis, inclusive a maior delas, a Católica. Bem, se é assim, cumpre, então, esconder o que se pensa — ou engrolar um discurso ambíguo, que não fica nem lá nem cá.

No debate de quinta-feira promovido pela CNBB, Dilma falou a respeito. Vamos ver :

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Transcrevo a sua fala. Atenção para os trechos em destaque:
Eu também tenho uma posição clara em defesa da vida. Acho que a vida é um valor que nós, seres humanos, temos de respeitar, temos de honrar e, sobretudo, temos de perceber a dimensão transcendente dela. Por isso, eu não acredito que mulher nenhuma seja favorável ao aborto. O aborto é uma violência contra a mulher. Eu, pessoalmente, não sou favorável ao aborto. Como presidente da República, se eleita, eu terei de tratar da questão das milhares de mulheres pobres deste país que usam métodos absolutamente, eu diria assim, bárbaros e que correm, sistematicamente, risco de vida. Elas têm de ser protegidas. E é nesse sentido que eu afirmei sempre que isso é uma questão de saúde pública. Não é uma questão que pode confundir-se com a minha opção por um processo de favorecimento do aborto. Não acho que isso resulte em nenhum benefício para a sociedade. Agora, considero também que a legislação vigente já prevê os casos em que o aborto é factível e eu não sei se acho que seria necessário ampliar esses casos; não vejo muito sentido.

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Comento
Como se nota, nos momentos em que consegue ser quase assertiva, Dilma está negando o que disse há três anos. As mulheres de que ela fala já são hoje “protegidas” pelo sistema de saúde — se há gente que fica sem atendimento, é por causa da precariedade do sistema. Nenhum médico se nega a dispensar cuidados a uma paciente que tenha tentado um aborto usando os tais “métodos bárbaros”.

Releiam a resposta e verão que, embora Dilma tenha uma opinião a respeito do aborto para consumo eleitoral, não disfarça a essência do seu pensamento. Vê a questão apenas segundo a ótica da saúde da mulher. É claro que ela é importantíssima. Mas parece que ficou faltando outro termo fundamental da equação não é mesmo? Quem será ele?

No encerramento da resposta, a sua dúvida é vazada em termos até engraçados: “Eu não sei se acho que seria necessário ampliar esses casos…” Não sabe? Pois é… O que diz João Santana? E arremato lembrando que o Plano Nacional-Socialista de Direitos Humanos, que ganhou forma final da Casa Civil, de que Dilma era a titular, trazia a proposta da legalização do aborto.

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