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Dilma e Cunha deixam de trocar tapas e passam aos beijos quando se encontram na bacia das almas

Assim, presidente da República e presidente da Câmara se asseguram e se seguram no cargo mutuamente, afrontando a legitimidade, a legalidade e a moralidade

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 00h03 - Publicado em 24 nov 2015, 01h06

“Se ele tivesse um pouco mais de visão de Brasil, renunciaria ao cargo, mas, não tendo, vai ter que ser renunciado.” A frase é do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao comentar a situação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, durante um seminário da Fundação Teotônio Vilela, ocorrido nesta segunda. Como se nota, FHC faz alusão a um movimento de deputados, de vários partidos, para que Cunha deixe a presidência da Casa.

Parlamentares do PSDB, PPS, DEM, Rede, PSOL e PCdoB planejam esvaziar a Câmara para impedir votações. Cunha comentou esse esforço de obstrução nesta segunda. “Eu fui eleito e o momento da minha eleição acabou. Naquele momento, eu tive maioria absoluta sem o PT, sem o PSOL e o PSDB. Se eles estão questionando, podem questionar à vontade. Mas a legitimidade da eleição ninguém pode tirar. Vou continuar exercendo igualzinho o que eu estava exercendo até agora.”

A resposta entra naquela categoria das coisas que nem erradas estão. Ninguém está questionando a legitimidade da sua eleição, como ninguém questionou até hoje a de Dilma Rousseff. Ambos chegaram aos respectivos cargos legal e legitimamente. A questão é saber se continuam com as condições de garantir o exercício da legalidade e da legitimidade. E a resposta é obviamente negativa.

O presidente da Câmara passou, evidentemente, de todos os limites. As iniciativas a que recorre para impedir o avanço do processo não passam de chicanas de quinta categoria. O próximo passo será apelar à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara apontando erros formais na condução do processo no Conselho de Ética.

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Até aliados seus admitem que não há como a coisa não avançar e chegar ao plenário. Ele vai tentar retardar ao máximo. Sim, ele sabe muito bem que vai ser cassado — ou será pela Câmara, o que muito provável, ou será, na prática, pelo STF, onde não há chance de não ser condenado.

Então pra que tudo isso?

Aliás, a fala de Cunha sobre a sua “legitimidade” explica por que é evidente que ele vai recusar a denúncia contra a presidente Dilma Rousseff oferecida pela oposição.

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Que coisa, né? Quando Cunha era apenas o operoso presidente da Câmara, e Dilma não sentia seu próprio mandato ameaçado, os dois trocavam tapas. Só passaram a trocar beijos quando ele foi para a bacia das almas, onde com ela se encontrou.

Assim, presidente da República e presidente da Câmara se asseguram e se seguram no cargo mutuamente, afrontando a legitimidade, a legalidade e a moralidade.

Que momento lindo!

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Isso tudo num país cuja economia vai afundar mais de 3% neste ano e mais de 2% no ano que vem.

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