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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Desistam! Neste blog, vândalos e baderneiros não se criam! Param no mata-burro. Vão procurar a sua turma! Ou: Um pouco de memória a um veterano e venerando

Não adianta! É inútil! Eu não vou aderir à onda de linchamento da Polícia Militar e não vou publicar os comentários dos aloprados que decidiram ou flertar com os terroristas ou apoiar abertamente as suas práticas. Para isso, já contam sites e blogs financiados por estatais e pelo governo federal. Para isso, já contam com […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 06h01 - Publicado em 14 jun 2013, 16h40

Não adianta! É inútil! Eu não vou aderir à onda de linchamento da Polícia Militar e não vou publicar os comentários dos aloprados que decidiram ou flertar com os terroristas ou apoiar abertamente as suas práticas. Para isso, já contam sites e blogs financiados por estatais e pelo governo federal. Para isso, já contam com setores consideráveis da ex-grande imprensa, convertidos à causa daqueles que reivindicam depredando, incendiando, espancando. Que os excessos cometidos por POLICIAIS MILITARES — NÃO PELA POLÍCIA MILITAR — sejam apurados e punidos. Eu não apoio espancadores de pessoas, seja de que lado for. Mas não sou ingênuo nem hipócrita: quem decide enfrentar a polícia no mundo inteiro num confronto corpo a corpo tem de saber o que o espera. Numa das invasões do Crusp, na USP, levei umas cacetadas. Não gostei, não. Apanhar é ruim. Mas considerei que o policial cumpria a sua função. Sim, é verdade, polícia também é povo. Há mais de 30 anos, na USP, o único povo do confronto era a polícia. Nesta quinta, em São Paulo, de novo, o único povo da rua era a polícia.

Aiaotoélio Gaspari descobriu — pelo visto, estava na passeata, ou confiou cegamente no relato de quem estava — o momento exato do começo do conflito. Segundo ele, 19h10. Tudo teria começado com um grupo de 20 PMs da Tropa de Choque. Experiência pessoal por experiência pessoal, minha mulher me avisou bem antes, em mensagem: “Não venha pra cá. O bicho está pegando. Caio Prado, Consolação, Maria Antônia, tudo tomado pelo antipovo. Há confrontos”. Mas isso é o de menos.

Essa mesma turma havia feito três outras manifestações: todas violentas, todas partindo para o confronto, a depredação, a violência. Viraram os novos Anjinhos da Maria Antônia do texto de Elio Gaspari, que, sabidamente, não gosta de Geraldo Alckmin. Isso é política. NOTA: Nem os anjinhos da Maria Antônia de 3 de outubro de 1968 eram anjinhos, como todo mundo sabe.

Há duas versões do texto de Gaspari: a da Internet, mais longa, e a de papel. Na eletrônica, ele recorre a uma imagem para evidenciar como o protesto estava sendo civilizado, antes de a polícia supostamente ter dado início ao confronto: “Parecia Londres…”.

Londres, Elio Gaspari?
Em agosto de 2011, o caos tomou conta de Londres e se espalhou por outras cidades. Jovens de classe média saíram quebrando, incendiando, depredando tudo o que viam pela frente. Assaltavam lojas também. Ninguém entendia direito os motivos. O governo custou a reagir. Descobriu-se depois a causa: eles fizeram porque achavam que podiam; porque “dava barato”. E pronto.

No dia 18 de setembro de 2011, escrevi aqui um post cujo título é este: “Quem vai a Londres nas asas da lógica não precisa de avião”. Reproduzo trecho, que alude a um post anterior, do dia 12 de agosto. Segue em azul. Depois volto a este nosso 14 de junho de 2013.

Lembram-se das arruaças ocorridas em Londres e em outras cidades da Inglaterra? Escrevi alguns textos a respeito sem sair do meu escritório. Pra quê? Há certos lugares a que só se chega nas asas da lógica e de alguma bibliografia. Abaixo, vai um trecho de um post que escrevi no dia 12 de agosto e que sintetiza a minha opinião sobre aqueles eventos. Leiam (em itálico). Volto depois para explicar por que faço essa sugestão.
*
A canalha é igual em toda parte: em Paris, Londres, São Paulo, Rio… A esta altura, já está mais do que claro o que se deu na Inglaterra. Não há crise econômica que justifique o que se viu lá. Havia gente de todo tipo nos saques: ricos, classe média e, claro!, muitos estado-dependentes, que vivem da “generosidade” do sistema. Sem precisar lutar para ter uma moradia – o estado fornece – ou o bastante para se alimentar, o vagabundo sai metendo fogo no que encontra pela frente. Não foi diferente em 2005, em Paris. Os “jovens rebeldes” da periferia, que enchiam certos intelectuais de excitação revolucionária, tinham e têm casa, comida e roupa lavada doadas pelo estado.
(…)
Os “estado-dependentes” – gente sustentada pelo estado, brutalizada pela assistência social – sempre exercem papel importante nesses distúrbios. Alimente um desocupado, dê-lhe moradia, escola e financie seu vício, e ele fatalmente escarrará na boca que o beija. A violência só tomou aquela proporção em Londres, circunstancialmente, porque o estado demorou para reagir – faltaram Locke como teoria e Hobbes como prática. A razão de fundo, no entanto, é outra: o estado bonzinho não dá a esses caras outra alternativa à medida que lhes tira a obrigação e o direito de lutar pelo próprio sustento. Só lhes resta apedrejar a mão que os afaga. Corte-se-lhes a papinha, e veremos como se amansa.

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Voltei
Muito bem! A VEJA desta semana publica uma excelente entrevista com o filósofo inglês Roger Scruton, feita por Gabriela Carelli. Leiam um trecho.
*
O filósofo inglês Roger Scruton, de 67 anos, é presença constante nos debates realizados em seu país quando é preciso ter na mesa um pensador independente e corajoso. Autor de 42 livros de ensaios, Scruton é uma pedra no sapato da ideologia politicamente correta que predomina bovinamente na Europa. Multiculturalismo? Um desastre. A arte moderna? Detestável, e por aí vai o filósofo, que lecionou nas universidades de Oxford, na Inglaterra, e Boston, nos Estados Unidos, e atraiu para si o cognome de “defensor do indefensável”. Um dos fundadores do Conservative Action Group, que ajudou a eleger a primeira-ministra Margaret Thatcher. Scruton publicou recentemente um novo livro, “As Vantagens do Pessimismo”, ainda sem previsão de lançamento no Brasil.

VEJA – Um bom número de intelectuais ingleses interpretou a onda de vandalismo em Londres e arredores como atos de jovens niilistas sem maiores repercussões. O senhor concorda?
Scruton – Acho essa explicação muito simplista. Muitos desses desordeiros são realmente niilistas, que não acreditam em nada e não se identificam com nenhuma instituição, crença ou tradição capaz de fazer florescer em cada um deles o senso de responsabilidade e o respeito pelo próximo. Alguns não têm emprego. Mas, na maior parte dos casos, eles agiram por uma escolha deliberada. Desemprego e niilismo sempre existiram. Ninguém mencionou como uma das causas da baderna a deformação causada nesses jovens pelas políticas do estado do bem-estar social. Diversos estudos mostram com clareza a vinculação desses programas assistencialistas com a proliferação de uma classe baixa ressentida, raivosa e dependente. Não quero ser leviano e culpar apenas as políticas socialistas pelos tumultos. As pessoas promovem arruaças por inúmeras razões. Entre os jovens, a revolta é uma condição inerente, um padrão de comportamento. Mas é preciso um pouco mais de honestidade intelectual para buscar uma resposta mais concreta sobre o que ocorreu em Londres. Por debaixo do verniz civilizatório, todo homem tem dentro de si um animal à espreita. Infelizmente, se esse verniz for arrancado, o animal vai mostrar a sua cara. A promessa de concessão de direitos sem a obrigatoriedade de deveres e de recompensas sem méritos foi o que arrancou o verniz nessa recente eclosão de episódios de vandalismo na Inglaterra.

VEJA – Os distúrbios em Londres e os protestos no Cairo, em Atenas, em Madri e em Tel-Aviv são um mesmo “grito dos excluídos”?
Scruton – Sou cético em relação à idéia de que os protestos que eclodiram em diversos pontos do mundo têm a ver com exclusão, com o suposto aumento no número de pobres ou com concentração de renda. Os baderneiros de Londres são, pelos padrões do século XVIII, ricos. Desculpe-me, mas é resultado de exclusão depredar uma cidade porque você tem só um carro, um apartamento pequeno pelo qual não pagar aluguel, recebe mesada do governo sem ter de fazer nada para embolsá-la, compra três cervejas, mas gostaria de beber quatro, e acha que ter apenas um televisor em casa é pouco? Não. Ver exclusão nesses episódios só faz sentido na cabeça de um professor de sociologia. É um absurdo também comparar os tumultos de Londres com os eventos no Oriente Médio. Os jovens do Egito exigiam algo do governo. Os jovens ingleses não dão a mínima para o governo ou para as instituições.
(…)

Volto a junho de 2013
O Brasil não é um exemplo de estado de bem-estar social. Mas cresce a percepção — até mais do que a sua efetiva realização — de que o estado deve ser o grande provedor da felicidade geral. E que se deve conquistar o que se quer na porrada. Aliás, esses extremistas de classe média que estão botando fogo no circo são os mais beneficiados, é bom deixar claro — bem mais do que os pobres que dizem defender.

Elio Gaspari quer falar de Londres? Eu também. Cumpre lembrar, então, de uma reportagem publicada no Estadão no dia 12 de agosto de 2011:

Após quatro dias de saques e depredações em várias cidades britânicas, o premiê David Cameron anunciou ontem ao Parlamento um pacote de medidas para combater novos distúrbios. A partir de agora, em caso de violência, as Forças Armadas da Grã-Bretanha terão aval para ocupar as ruas do país. Estuda-se ainda a possibilidade de o Estado ter autoridade para derrubar redes sociais e bloquear mensagens de celular.

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A nova política do governo conservador pretende evitar que revoltas como as de Londres, Birmingham, Manchester e Liverpool se repitam. Ao mesmo tempo, Cameron tenta reverter a imagem de apatia deixada pelo governo e pela Scotland Yard na rebelião iniciada no sábado, após a morte de um jovem no bairro londrino de Tottenham.
(…)

Como nota o veterano jornalista, Londres sabe onde lhe aperta o calo. Se os distúrbios de rua tomam proporções alarmantes, a civilização chama não a polícia, mas as Forças Armadas.

Para encerrar
Eu estou pouco me lixando para o que diz o Datafolha. Como é? 55% dos paulistanos apoiam os protestos? Ótimo! Estou com os 44% que reprovam. No dia em que eu tiver de dar uma opinião pautado pelo que pensa a maioria, vou fazer outra coisa. No dia em que me sentir obrigado a dar piscadelas para terroristas para “não destoar” de coleguinhas, prefiro pedir esmola. Felizmente, não tenho de fazer nem uma coisa nem outra.

Assim, os que apoiam a baderna e integram correntes de demonização da PM podem desistir: vão ser barrados pelo mata-burro. Aqui não comentam. Este blog é feito para quem reconhece as regras do estado democrático e de direito. E eu estou entre aqueles QUE ACHAM QUE A DEMOCRACIA É O REGIME EM QUE NEM TUDO É PERMITIDO. A propósito: o regime em que tudo é permitido é a ditadura — desde que se esteja ao lado do ditador, é claro, seja ele um indivíduo ou um partido.

E, bem, não custa informar: este blog deve ter hoje mais de 200 mil visitas. E sem ninar terroristas. Ao contrário: eu os quero na cadeia. Se ele me leem, e leem, é só porque são fiéis a seu ódio, não porque eu os queira aqui ou os adule para parecer um senhor moderninho. Eu não sou um senhor moderninho.

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