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Desconstruindo um artigo imbecil do ator Wagner Moura contra o impeachment

É de tal sorte primário que levei exatos 23 minutos para apontar a teia de fraudes argumentativas. O rapaz daria razão a Francis, segundo quem um bom ator não pode ser muito inteligente. Eu discordo da afirmação. Mas vale pra Moura

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 23h08 - Publicado em 30 mar 2016, 08h38

Paulo Francis dizia que um grande ator não pode ser muito inteligente. Sempre tomei a frase como uma de suas “boutades”… inteligentes! Queria dizer que o ator só consegue expressar a verdade necessária — ao menos segundo o seu gosto estético por teatro ou cinema — se é capaz de se esquecer, de suspender por um tempo o juízo. Mesmo assim, em regra, não concordava com ele nesse particular.

Mas me vi tentando a concordar ao ler o artigo de Wagner Moura na Folha desta quarta. Se escreveu sozinho, não sei. Parece haver ali a canetada ora de alguém da sociologia, ora do direito. Mas digamos que seja tudo dele.

Os argumentos, de toda sorte, são pueris. Moura admite que “o PT montou um projeto de poder amparado por um esquema de corrupção”. Ufa! Rapaz consciencioso! Acha que isso tem de ser investigado. Ótimo! Mas não se pode cassar, sustenta, um governo eleito por 54 milhões, ainda mais esse, que, diz ele, tirou milhões da pobreza.

Moura nasceu em 1976. Tinha 16 anos quando Collor foi impichado, em 1992. Já dá pra não ser um idiota. Também aquele projeto estava amparado na corrupção e também aquele presidente foi eleito. E por que foi legítimo derrubá-lo? Huuummm… É que Collor não tirou milhões da pobreza. Corolário: quando um governo realiza uma obra social que Moura aprova, ainda que seja ladravaz, não pode ser deposto.

Ou por outra: os pobres são usados como lavanderia moral de governos corruptos.

Grande Wagner Moura!

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O argumento jurídico de seu texto é canhestro. Segundo ele, trata-se de um “impeachment sem crime de responsabilidade”. Um ator não é obrigado a ler a Constituição e a Lei 1.079. A menos que vá escrever sobre impeachment. A pedalada fiscal é crime de responsabilidade, rapaz! Não me obrigue a fazer piadinhas com o Capitão Nascimento… Mais: não são apenas os crimes de responsabilidade que podem levar ao impedimento.

Outro argumento que ele deve ter achado definitivo: o nome de Dilma, diz ele, não está na lista da Odebrecht. Erros em série. Nem mesmo se sabe o que é e o que é não crime na lista; o fato de o nome dela não estar lá não a absolve da pedalada. Ou do crime de obstrução da Justiça cometido na nomeação de Lula, segundo o procurador-geral da República — o crime está apontado na denúncia da OAB.

Mas, até aqui, operei só na desinformação de Wagner Moura. Agora vamos à sua pouca inteligência, ainda que seja um excelente ator — e nem assim acho que Francis estava certo como regra.

Escreve o bruto:
“Ser legalista não é o mesmo que ser governista, ser governista não é o mesmo que ser corrupto. É intelectualmente desonesto dizer que os governistas ou os simplesmente contrários ao impeachment são a favor da corrupção.”

Bem, eu já demonstrei que ele está sendo “ilegalista”. Mas é o de menos. De fato, ser legalista (em tese) não é sinônimo de governista, que não é sinônimo de corrupto.

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Pergunto a Wagner Moura se ele reconhece como válida a seguinte formulação:
“Ser a favor do impeachment não é o mesmo que ser antipetista, que não é o mesmo que ser golpista”.

Reconhece ou não, Wagner Moura?

Ou seus pensamentos delicados e matizados têm validade apenas para os que pensam como você?

Essa minha pergunta desmonta de forma um tanto vexaminosa a falsa tolerância de Moura com a divergência e expõe o sestro de todo esquerdista mixuruca: o mundo se divide entre os bons, que estão com eles (às vezes, roubam um pouco), e os maus: os que pensam de modo diferente.

É claro que um grande ator pode ser inteligente.

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Não é o caso de Wagner Moura. Definitivamente. A menos que tenha decidido fazer o papel de bobo. E aí o ator merece os parabéns!

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