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Delta vai saindo do caminho sem dar um pio. Ou: Jabuti sobe em árvore?

Algo de muito estranho está em curso. Há jabutis demais sobre as árvores para que consideremos tudo normal. Até outro dia, não se ouvia falar da Delta e de Fernando Cavendish. Foi VEJA quem tirou a construtora de seu espantosamente bem-sucedido ostracismo noticioso em reportagem que começou a chegar aos leitores no dia 7 de […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 09h01 - Publicado em 25 abr 2012, 17h43

Algo de muito estranho está em curso. Há jabutis demais sobre as árvores para que consideremos tudo normal. Até outro dia, não se ouvia falar da Delta e de Fernando Cavendish. Foi VEJA quem tirou a construtora de seu espantosamente bem-sucedido ostracismo noticioso em reportagem que começou a chegar aos leitores no dia 7 de maio do ano passado. O texto informava então o vertiginoso crescimento da empresa. De empreendimento modesto, chegou, durante o lulo-petismo, à condição de Número Um do PAC. Entre uma coisa e outra, a Delta teve um consultor. Seu nome: José Dirceu.

Em entrevista à revista concedida então, os empresários José Augusto Quintella Freire e Romênio Marcelino Machado, que chegaram a ser sócios de Cavendish em outro negócio, não economizaram palavras. Indagados sobre o objetivo da consultoria prestada por aquele que a Procuradoria Geral da República chama “chefe de quadrilha”, foram claros:
“Tráfico de influência. Com certeza, é tráfico de influência. O trabalho era aproximar o Fernando Cavendish de pessoas influentes do governo do PT. Isso, é óbvio, com o objetivo de viabilizar a realização de negócios entre a empresa e o governo federal.”

E como Dirceu foi contratado? Justamente por intermédio da empresa de que eram sócios, a Sigma:
“A contratação foi feita por debaixo do pano, através da nossa empresa, sem o nosso conhecimento. Um dia apareceram notas fiscais de prestação de serviços da JD Consultoria. Como na ocasião não sabia do que se tratava, eu me recusei a autorizar o pagamento, o que acabou sendo feito por ordem do Cavendish.”

Prestem, agora, atenção, às considerações feitas por eles sobre duas obras nas quais a Delta estava envolvida:
Sobre a Petrobras, afirmou Quintella:
“A Delta começou a receber convites de estatais para realizar obras sem ter a capacidade técnica para isso. A Petrobras é um exemplo. No Rio de Janeiro, a Delta integra um consórcio que está construindo o complexo petroquímico de Itaboraí, uma obra gigantesca. A empresa não tem histórico na área de óleo e gás, o que é uma exigência Ainda assim, conseguiu integrar o consórcio. Como? Influência política.”

Sobre o Maracanã, afirmou Romênio
“O caso da reforma do Maracanã é outro exemplo. A Delta está no consórcio que venceu a licitação por 705 milhões. A obra mal começou e já teve o preço elevado para mais de l bilhão de reais. Isso é uma vergonha. O TCU questionou a lisura do processo de licitação. E quem veio a público fazer a defesa da obra? O governador Sérgio Cabral. O Cavendish é amigo último do Sérgio Cabral. A promiscuidade é total.”

A construtora — ou, mais propriamente, Cavendish — voltou a ser notícia quando um acidente de helicóptero na Bahia matou sete pessoas, entre eles, a mulher de Cavendish e a nora de Cabral. O governador integrava um grupo que iria comemorar o aniversário do empresário num resort. Veio à luz, então, a espantosa proximidade da Delta com o governo do Rio. Muito bem!

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O caso Cachoeira começou a vir à luz em reportagem da VEJA,  que começou a chegar aos leitores no dia 3 de março:
– a Delta já está fora das obras do Maracanã;
– a Delta já está fora das obras da Petrobras;
– Fernando Cavendish agora se afasta da empresa;
– a Corregedoria Geral da União abre processo para eventualmente declarar a sua inidoneidade – tinha motivos para fazê-lo desde 2010.

Algo estranho…
Parece-me que a ordem dos eventos indica que uma maneira de “salvar” a Delta é desmontar a Delta o mais rapidamente possível. Não estou fazendo uma afirmação, mas apenas uma consideração: Fernando Cavendish atua como se fosse uma espécie de testa de ferro que obedecesse a um comando. É visível o esforço empreendido para tirar logo a empresa do caminho — e ela sai, sem oferecer nenhuma resistência. Ele próprio deixa claro que não quer ser empecilho. A quem ou quê?

Para o bem geral da nação, se a CPI quisesse mesmo prestar um serviço ao Brasil, teria de apurar a fundo as relações dessa empresa com o estado brasileiro e seu formidável crescimento nos últimos nove anos. Vai fazê-lo?

São tantas as obrigações da Delta com o PAC que não se descarte que um grupo de empresas, sob a supervisão oficial, assuma suas operações para “salvar empregos” e as honras da casa…

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