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Cunha admite elo com contas, diz jornal; justificativas apresentadas a aliados são frágeis

Existe Cunha, e existe o seu cargo; enquanto for ele o presidente da Câmara, a ele cabe a tarefa legítima de decidir sobre denúncia contra a presidente

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 00h10 - Publicado em 5 nov 2015, 03h35

A Folha informa na edição desta quinta-feira que o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) admitiu, sim, em conversa com aliados, vínculo com as contas secretas na Suíça das quais é apontado como beneficiário e que ele vai tentar provar em sua defesa, perante seus pares, que não mentiu quando negou na CPI que tivesse contas no exterior. Como?

A diversos interlocutores, com os quais a reportagem conversou, Cunha teria dito que, com efeito, as contas não eram suas, mas de empresas. Bem, empresas das quais ele era, reitere-se, beneficiário. Não me parece que vá colar, não é?

Outra linha de defesa seria argumentar que o dinheiro movimentado no exterior — e cheguei a antever ontem aqui que pudesse ser essa uma das justificativas — nada tem a ver com os crimes do petrolão, já que teriam origem em negócios que ele teria feito nas décadas de 80 e 90, antes, portanto, dos crimes investigados no escândalo. Ele estaria reunindo material para demonstrar que é assim.

Há ainda uma terceira alegação: ele não saberia da origem de 1,3 milhão de francos suíços depositados em sua conta em 2011 pelo lobista João Augusto Henriques, preso na Operação Lava Jato. Este diz ter feito a transferência sem saber que Cunha era o titular da conta, a pedido do economista Felipe Diniz, filho do deputado Fernando Diniz (PMDB-MG), que morreu em 2009. Cunha teria afirmado a aliados que só descobriu muito tempo depois o dinheiro e que era o pagamento de um empréstimo de US$ 1 milhão que ele fizera ao parlamentar meses antes de sua morte.

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A serem essas as justificativas, parece-me que o deputado está, definitivamente, numa situação bastante delicada. Ainda que não se conseguisse evidenciar nenhuma conexão temporal entre os depósitos no exterior e lambanças do petrolão — e, parece, essa conexão existe —, o conjunto da obra é bem mal ajambrado.

Por mais que soe a cada dia mais evidente que diversos aparelhos de estado parecem ter se alinhado de forma muito determinada para pegar Cunha, fica difícil negar o que está lá e apagar a determinação com que o parlamentar afirmou que não tinha contas no exterior.

Cunha sabe que é o presidente da Câmara e terceira pessoa na linha sucessória, incluindo o titular da Presidência da República. Além de alguém na sua posição não poder revelar só agora essa vida financeira tão agitada, que havia passado ao largo da Receita Federal, também não pode dar essas desculpas.

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Mas não misturemos as coisas, os alhos com os bugalhos. Assim como acho incompatível essa biografia financeira com a responsabilidade do cargo, distingo a responsabilidade do cargo da biografia financeira.

Enquanto ele for presidente da Câmara, a ele cabe acolher ou recusar a denúncia contra a presidente Dilma Rousseff, protocolada pela oposição.

Nesta quarta, com todas as letras, o governo admitiu ter pedalado em 2014 e em 2015. O crime de responsabilidade foi admitido. Cunha, que parece ter feito algumas coisas erradas, das quais ninguém sabia, pode agora fazer a coisa certa para todo mundo ficar sabendo.

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