Conexão MTA – Novos documentos reforçam elo entre coronel e argentino
Por Leandro Colon, no Estadão: Documentos obtidos pelo Estado mostram mais detalhes das ligações entre o diretor de Operações dos Correios, coronel Eduardo Artur Rodrigues, as empresas do argentino Alfonso Rey no exterior e de seus “laranjas”. O Estado revelou ontem que o coronel Artur, que assumiu a direção dos Correios em agosto, é testa […]
Por Leandro Colon, no Estadão:
Documentos obtidos pelo Estado mostram mais detalhes das ligações entre o diretor de Operações dos Correios, coronel Eduardo Artur Rodrigues, as empresas do argentino Alfonso Rey no exterior e de seus “laranjas”. O Estado revelou ontem que o coronel Artur, que assumiu a direção dos Correios em agosto, é testa de ferro do empresário argentino na Master Top Linhas Aéreas (MTA), já que a lei brasileira proíbe que estrangeiros tenham mais de 20% do capital de empresas do setor.
Desde sua criação em 2005 até agosto, a MTA era dirigida no Brasil pelo atual diretor de Operações dos Correios, que colocou os ex-sogros da filha, Anna Rosa Pepe Blanco Craddock e Jorge Augusto Dale Craddock, como donos “laranjas” do negócio. A ambição do argentino e do coronel Artur é que a MTA seja o embrião da nova empresa de logística dos Correios, ainda a ser criada, cujo investimento é avaliado em US$ 400 milhões.
Um novo personagem reforça a ligação entre Alfonso Rey, que vive em Miami, e o coronel Artur. É o uruguaio Juvenal Lucas Velazco, que vive no interior de São Paulo. Seu nome está nas empresas de fachada criadas no Uruguai e em Campinas para viabilizar o funcionamento do MTA, dirigida informalmente hoje pelo peruano Orestes Romero. Juvenal também foi procurador no Brasil da empresa aérea Cielos Del Peru S/A, braço do grupo norte-americano Centurion, pertencente ao empresário argentino Alfonso Rey. O coronel Artur já recebeu de Juvenal poderes para representar a Cielos no País.
Os papéis mostram que as empresas do argentino bancam a MTA no Brasil por meio de empresas, algumas de fachada, no Uruguai, em Miami e em Campinas. A título de “empréstimo”, por exemplo, a Cielos remete recursos para a MTA por meio do Banco Central, segundo documentos obtidos pela reportagem. Em 2007 foram R$ 400 mil.
Ontem, o Estado mostrou que uma empresa de fachada chamada Viameral, com sede em Montevidéu, remeteu à MTA, também como “empréstimo”, mais de R$ 4 milhões do Uruguai para o Brasil. Metade disso foi no mês passado, quando o coronel Artur assumiu a direção de Operações dos Correios.
Em Montevidéu, a Viameral fica no mesmo endereço das companhias do grupo Centurion, de Alfonso Rey, que alugam os aviões para a MTA funcionar no Brasil, conforme comprovam os contratos de leasing aéreo, fechados no Uruguai e nos EUA, obtidos pela reportagem.
Ou seja, o argentino fornece os aviões e, ao mesmo tempo, empresta dinheiro à empresa brasileira, que já abocanhou R$ 60 milhões em contratos com os Correios para transporte de carga. O nome do uruguaio Juvenal, que hoje está afastado dos negócios do grupo, também aparece nos papéis da Viameral.